Gente, é minha primeira história, então espero que aproveitem da melhor forma possível.
S200's Point of View
Você acredita em destino ou que a vida flui conforme suas escolhas? Em minha opinião, é um pouco de cada. O seu futuro é a morte, você sabe disso, sabe que um dia chegará, mas consegue tomar atitudes que modifiquem como ou quando o ponto final da sua vida vai chegar.
Eu me chamo S200, na verdade, não é bem meu nome, mas serve como identificação. Eu fui "criada" a partir do momento em que a alma que eu devo cuidar e guiar surgiu, mas a minha idade não é conforme a humana. Vou me usar como exemplo, eu fui desenvolvida a partir do momento em que o contato dos fios do universo ocorreu. Não entendeu nada do que eu disse, né? Basicamente o universo funciona por meio de evolução, os seres vivos evoluem, as entidades, a natureza, tudo tende a melhorar. Tudo evolui por conta de fios, fios invisíveis mas que são notórios, sabemos que existem. Eles que nos criaram, que criaram os seres humanos e tudo que há no mundo. Quando dois fios se juntam, eles criam algo, eles precisam se manter em ordem para que o caos não se inicie. Eu nasci quando dois fios se conectaram, uma alma foi criada.
Nunca entrei em contato com minha alma, nós os deixamos ter o total livre arbítrio, até certo ponto. As vezes eu posso impedir certas coisas, mas nada tão óbvio, apenas acidentes ou o caso em que fui alertada agora. Provável suicídio.
O seguinte alerta foi enviado "sua alma está correndo risco de vida, você deve recorrer ao contato direto. Rápido!" O tempo aqui não funciona como na Terra, mas é melhor prevenir do que remediar. A primeira coisa que aprendemos ao sugirmos é a opção urgência. Se o seu humano precisar de ajuda urgente, você tem que saber o que fazer, afinal, foi feito para isso.
A 50 anos terrestres eu existo, dentro de um quarto claro, em que há apenas um quadro digital enorme, em que posso observar o que ocorre na vida da minha alma, e uma porta que só pode ser utilizada em um caso de urgência. Ao lado da porta tem uma prateleira com algumas cápsulas e ampolas, 20 ao todo, mas são repostas depois de um limite consumido. Elas são utilizadas para ir ao mundo humano. Há um pequeno buraco na porta, para por a cápsula, e a ampola tenho que carregar comigo, para bebê-la quando precisar retornar.
Me posiciono em frente a porta branca e encaro as cápsulas. Seguro uma ampola na mão esquerda e com a direta ponho a cápsula no buraco. A porta se abre e um vazio aparece. Era totalmente escuro, mas segui em frente. Por um momento pensei que cairia em algum tipo de abismo, mas havia chão através daquela porta, então continuei caminhando.
As instruções que recebi no meu treinamento foi pensar na urgência da minha alma, no porque estou indo para a Terra, e isso me levaria até lá. Enquanto continuo andando, ouço o barulho de algo quebrar. Depois de alguns passos, a escuridão dá lugar a um cômodo. Uma sala de tamanho médio. Olho ao redor e percebo que tenho um corpo físico. No meu lugar não temos membros, não temos músculos, nem órgãos, somos como uma entidade.
Inclino a cabeça tentando apurar meu sentido auditivo, algo que eu também não tinha, mas possuo noção do que seria. Ouço alguns ruídos e sigo na direção do que quer que seja. Entrei em dois cômodos, um quarto e, enfim, um banheiro. Era espaçoso e claro, muito claro, deixando o meu sentido visual desconfortável. Observei o perímetro e me deparei com uma figura humana sentada no chão ao lado do vaso sanitário. Um líquido avermelhado e cacos de um vidro escuro estavam espalhados pelo chão, me relembrando o barulho que ouvi ainda no limbo.
A mulher finalmente me vê e ergue os olhos, noto sua expressão confusa e me aproximo. Ela não conseguia reagir da forma que eu esperava, eu sou tecnicamente uma estranha, pelo o que eu entendo de pessoas, ela deveria estar no mínimo surtando. Analiso o chão do banheiro em busca de algum indício do porque ela estaria calma desse jeito e encontro um objeto acinzentado. Quando o pego, consigo ler o nome "aspirina". A cartela estava vazia.
Sinto o ar me faltar e expiro profundamente pela boca, por um momento esqueci que agora tenho um corpo físico. Guio a parte superior da minha mão até a testa da mulher e percebo que a temperatura está normal. Então não faz muito tempo. Passei anos lendo e relendo técnicas de salvamento, de todas as formas possíveis, de modo humano ou sobrenatural, tudo para salvar uma alma.
- Eu vou salvar você, ok? - Afirmo mais para mim do que para a mulher e respiro fundo.
Ponho a ampola que carregava em cima da tampa do sanitário e com a mão agora vazia abro a boca da mulher grogue. Junto o dedo indicador e o médio e os enfio no fundo de sua garganta, tentando a todo custo fazê-la vomitar. Poucas tentativas depois, restos de comida e conteúdo gástrico são liberados pelo chão, e em meio a eles, alguns mínimos vestígios de comprimidos. A mulher vomita mais algumas vezes e enfim para. Encaro a bagunça pelo chão e decido ignorá-la, focando na humana mais mole que o normal. Ela estava suja, mas a limpeza seria para depois. Com a força sobrenatural que me foi concedida, ergo seu corpo e o levo até a banheira. Ligo o chuveiro no nível mais gelado e a observo abrir a boca surpresa.
- Que porra... - Seus cabelos ruivos e molhados escorriam pelo rosto, a água se espalhava por toda a roupa a deixando ensopada e eu só conseguia suspirar aliavada. Fecho a torneira e espero a água terminar de descer pelo ralo. A humana me encara com as sobrancelhas franzidas e a boca ainda aberta. - Quem é você? - É a minha vez de abrir a boca, mas nenhuma palavra sai. Ela tenta se levantar mas eu seguro seu braço e a empurro devagar tentando deixá-la no lugar. - Mas... - A mulher tenta repetir o ato, mas sem nenhum efeito, já que eu ainda a segurava. Pigarreio um pouco e abro a boca algumas vezes.
- Eu... - Tusso sentindo a voz falhar e garganta arranhar. Eu estava tão perto da humana que conseguia sentir a sua respiração pesada batendo no meu rosto. - Vim te salvar.
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Outro mundo
RomanceA Terra é planeta comum que conhecemos. Pessoas nascem, crecem, as vezes reproduzem e morrem. Porém, há uma pequena diferença do normal. Quando um ser humano contraria as leis da vida, ou seja, tenta o suicídio, um tipo de "anjo da guarda" surge par...