O Encontro de Mundos

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Faye acordou com os primeiros raios de sol entrando pela janela de seu estúdio. O cheiro de tinta fresca preenchia o ar, e a tela em branco à sua frente parecia um convite à sua próxima criação. Com um movimento rápido, ela afastou os cabelos do rosto e se concentrou na pintura, mas a tranquilidade foi interrompida por um barulho inesperado vindo do lado de fora a a.

"Yoko!" Faye chamou, sua voz firme e direta, como de costume. A nova secretária ainda estava se ajustando à rotina intensa e caótica da artista. Faye já estava acostumada à sua presença desajeitada e insegura, mas isso não a impedia de se irritar.

— O que você está fazendo? — Faye insistiu, seus olhos fixos na porta enquanto esperava por Yoko.

Yoko entrou no estúdio, parecendo um pouco desordenada, com um caderno na mão e uma expressão de pânico no rosto.

— Eu... eu estava apenas organizando os materiais de arte! — Yoko respondeu, sua voz trêmula. — Desculpe a demora.

Faye revirou os olhos, seu tom de voz tão cortante quanto o pincel que usava para pintar.

— Você sabe que precisa ser mais rápida, certo? Cada minuto conta quando se está criando. Não posso me dar ao luxo de perder tempo. — Ela falava com uma frieza que fazia Yoko sentir como se fosse uma marionete, sempre presa nas cordas da exigência de Faye.

Yoko engoliu em seco, tentando não se deixar abalar.

— Eu sei, Faye. Prometo que vou melhorar. — Ela forçou um sorriso, na esperança de que isso suavizasse a tensão.

Faye voltou-se para a tela, seu olhar distante.

— Você promete muito, mas precisa agir. A arte não espera por ninguém. — O tom de Faye era quase desdenhoso, e Yoko sentiu um frio na barriga.

— Eu sou boa em arte! — Yoko defendeu-se, um lampejo de determinação cruzando seu rosto. — Fiz alguns projetos incríveis na Faculdade.

Faye parou e olhou para Yoko, um brilho de curiosidade em seus olhos frios.

— Incríveis? Vamos ver o que você chama de incrível. — A provocação na voz de Faye era clara.

Yoko hesitou, nervosa.

— Eu pintei a vida no dormitório. É... é como um diário visual. Cada quadro tem uma história. — Ela sentiu um misto de ansiedade e esperança.

Faye inclinou a cabeça, ainda sem demonstrar muito interesse, mas por dentro estava avaliando cada palavra.

— Um diário visual, hein? Isso pode ser interessante... se você realmente conseguir transmitir algo.

Yoko sorriu, um brilho de confiança começando a emergir.

— Posso mostrar para você! — Ela ofereceu, animada.

Faye deu um meio sorriso, mas logo voltou ao seu habitual semblante sério.

— Depois. Agora preciso me concentrar no que estou criando. — Ela virou-se de novo para a tela, afastando-se da conversa.

Yoko observou por um momento, admirando a habilidade de Faye.

— Mas você não vai comer nada antes de trabalhar? — perguntou, tentando fazer a conversa fluir de novo.

Faye não se virou, mas sua resposta foi rápida e direta.

— Não preciso de comida. A arte é tudo o que eu preciso. — A freeza no tom de Faye deixava claro que ela não queria conversa.

Yoko respirou fundo, percebendo que Faye realmente levava sua arte a sério, mas desejando que a artista tivesse uma vida for a da tela.

Entre Cores e SilênciosOnde histórias criam vida. Descubra agora