Descobrindo os Mundos fora do Meu Mundo

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Por mais que tentamos descobrir o que temos, não conseguimos fugir daquilo que somos, e o que somos é exatamente aquilo que temos. Não posso negar a minha existência, mas é meu dever negar a minha inexistência. Para isto, preciso descobrir o que não tenho e perceber aquilo que não sou, então percebendo quem não sou, posso seguir meu caminho sem deixar a minha verdade em detrimento da verdade alheia. Algo que recebemos desde que nascemos é a consciência inconsciente de que, no tempo, nenhuma verdade é absoluta, e tudo pode mudar conforme o seu devido instante.O meu tempo tem sido o tempo da culpa. Em história e filosofia descobri que desde o princípio da civilização humana o ser humano passa por momentos de descobrimento de si mesmo. Assim como os europeus encontraram o continente americano, nós humanos sempre navegamos por mares psicológicos de autoconhecimento. Nossos antepassados acabaram percebendo um sentimento de vida extraordinária que nos motiva a criar imagens na memória. Estas imagens são seres com distinções e semelhanças entre nossas relações. Assim temos um ponto de referência para que possamos nos identificar dentro da existência. Um bom exemplo disto é a história dos deuses gregos e suas histórias fascinantes que, ao longo do tempo, formam construções imaginárias gigantescas de titãs e deuses com suas particularidades. O que une são as semelhanças, enquanto o que separa são as diferenças, mas ambas precisam existir para que possam haver individualidades.Uma garota de programa bem sucedida descobre em pouco tempo muitas diferenças, porém se ela consegue ou não suportar a consciência de tantas diferenças, já depende da particularidade dela. Não sou nenhum estudante de psicologia, mas minha individualidade tem me ajudado a entender estas coisas. A coragem de colocar a cara a tapa é uma particularidade de Jesus que coloca à prova toda a humanidade. O que mais temos medo em vida é a dor. O sofrimento agudo, a intensidade do pesar de um sofrimento. Ele suportou esta força dentro da mente e do corpo, logo percebeu algo que ajuda a tornar nossas vidas iguais e mesmo que exatamente ao mesmo tempo distintas, por incrível que pareça, não na mesma ordem. O tempo da individualidade é particular, mas o sentimento é o mesmo. Somos iguais, só que diferentes. Não podemos reagir ao uniforme, buscamos a igualdade para vivermos juntos, mas também buscamos as diferenças para sermosindependentes. Não preciso estudar a vida toda psicologia ou filosofia para chegar a esta conclusão. Bastei reagir contra um estímulo da nossa natureza humana. Achei que a audição e a visão se tornaram os dois sentidos mais usados por nós no que diz respeito às nossas diferenças. Imagine que uma pessoa possui alguma doença onde ela não sente nenhuma dor. Ela sofre com a falta de um dos cinco sentidos, o tato.Se tivéssemos que vir ao mundo e antes de chegar aqui escolhermos apenas 4 sentidos. Qual seria o único que não escolheria? Acredito que provavelmente sua resposta seria o olfato ou o paladar. A visão, a audição e o tato são os três dos sentidos mais desejados, os mais enfatizados me aparenta serem a visão e a audição, enquanto que o tato é o mais temido (a dor). Onde entra a fala? Acho que a fala não é um sentido, mas com certeza ela direciona muitas pessoas. Sentidos e direções mais uma vez fazem acasalamento com destino a um novo fruto. Uma nova gestação a cada momento de uma nova palavra. Conceitos vão surgindo, ideias vão sendo criadas, mas a terra continua a mesma. Nossa diferença é visível para nós, sentida pelos animais e sofrida pela própria vida, onde a cada novo cidadão no mundo é um telegrama para a morte.Venho descobrindo e reinventando mundos dentro do meu mundo. Venho abrindo e fechando portas, portais, janelas, vielas, ruas, avenidas, alamedas, buracos e seja lá mais o que for, para a entrada ou saída de sonhos. Enquanto penso na morte, tudo se torna ilusão, quando penso na vida, percebo o nível dos detalhes que nos diferencia para a verdadeira felicidade. Alto ou baixo conquistamos lugares, mas alto e baixo conquistamos a essência. Não adianta eu tentar explicar dentro dos exemplos, já dei exemplos de mais e eles existem aos montes, a única coisa que eu precisava era de transmitir esta descrição. Se você ficou cansado de ler toda esta "baboseira", agradeço ao menos pela compreensão. Após a conclusão destes registros, me sentirei mais livre do que já me sentia, sem dúvida com uma experiência distinta da maioria das pessoas que conheci, e a coragem de colocar minha cara a tapa diante das diferenças será a minha glória, ainda que envolvido na solidão, para refletir neste mundo de distinções onde já me sinto único.Obrigado.

Vomitando Gritos de SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora