O Rei da Terra do Nunca

6 - Peter Pan

Curte aí a estrelinha assim vou saber que vocês querem mais capítulos do livro
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Além da minha tumba, consigo sentir o sol afundando-se na linha do horizonte, as sombras se alongando.

Mas está escuro aqui. E, quando se acorda na escuridão total, é impossível não se sentir enterrado.

Certas noites, acordo e me pergunto se não estou no inferno, se já estou morto, enterrado no chão desta ilha.
Jogo os lençóis de lado e coloco os pés no chão de pedra, cujo frio me acorda e me mostra que ainda estou em meu corpo.

Tenho carne e ossos, mas nada de sombra.

Por quanto tempo ainda?
Quanto tempo ainda eu tenho?

Acendo o abajur ao lado da cama e a luz dourada preenche o cômodo.

Meus olhos queimam.
Porra, que inferno.

Encontro as calças num canto, com o cinto ainda enfiado nos passadores. Vistoas, coloco qualquer camisa e dobro as mangas.

Minha espada está no lugar de sempre: pendurada em um gancho ao lado da cama.

Quando o sol pode te matar, piratas estão à sua caça e sua magia está desaparecendo, lâminas são o que lhe restam.

Deixo a espada ali mesmo, mas exagero nas facas. Uma em cada bota. Mais algumas de baixo das pernas da calça. Outra em uma bainha no ante braço.

Dois andares acima, ouço Bash mandar Darling se sentar. Ela obedece.
Se foruma boa menina, sempre fará o que mandamos.

E eu posso ser bem convincente.
A fechadura na porta externa é destrancada. Vane é o único que possuia chave. Os passos dele se aproximam. Ele não se dá ao trabalho de bater por que é um babaca metido.

É claro, ele tem sua sombra. Tem sua mágica e todas as vantagens que ela traz.

- Que bom que está acordado - diz ele ao entrar.

Sento-me de volta na ponta da cama e passo as mãos pelos cabelos. Preciso de uma bebida.

- Sua cara não tá boa - acrescenta ele.

Levanto o olhar para ele, que se recosta no meu gaveteiro como um guerreiro talha do pela guerra.

Ainda não sei como o convenci a se juntar a mim e aos Garotos Perdidos, mas que bom. Preciso dele ao meulado. Ago ra mais do que nun ca.

- A viagem acabou comigo - admito.

- Falei para deixar comigo.
Dou uma bufada irônica.

- E ela chegar aqui pela metade?
Ele lambe o lábio inferior por dentro, mas não discute.

Levanto-me junto com o desaparecimento do último raio de sol.
Sinto nas veias, como se um fio fosse cortado.

Enfim, posso respirar.

- Como ela está? - pergunto.
O olhar de Vane se obscurece.

- Mais bonita do que a última.
- Não foi o que perguntei.

Ele suspira.

- Bash fez panquecas para ela. Kas foi bonzinho. Por enquanto, ela está calma. Já fazen do perguntas demais. Cherry deu respostas de mais.

- Maldita Cherry.

- Ela é uma desvantagem. Por que raios ainda está aqui?

- Por que ela tem o tipo de lealdade de que precisamos. Por isso.

- Ela era leal quando os gêmeos a comiam. Agora está desesperada.

- Está desesperada por você. - Faço questão de lembrá-lo e desapareço no banheiro. - Os gêmeos eram só um passa tempo.