Capítulo 86 - Deuses Primordiais

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Belzebu atravessava o corredor sombrio, seus passos ecoando nas paredes escuras. A atmosfera era densa e envolvente, como se a própria noite o observasse. Ele não visitava aquele lugar com frequência. A presença de Nix, a deusa primordial da noite, era intimidadora até mesmo para alguém como ele, um dos príncipes do inferno

Chegando à porta ornamentada com símbolos antigos, Belzebu parou por um momento, sentindo o poder primitivo que emanava dali. Ele sabia que Nix o aguardava. Abrindo a porta lentamente, ele entrou no quarto de Nix. O ambiente era vasto, como se o próprio infinito estivesse contido ali. A escuridão reinava, pontilhada por leves brilhos que lembravam estrelas distantes. Nix estava levitando no ar, como se estivesse deitada no ar - Belzebu - Nix falou suavemente - O que traz o senhor das moscas até o meu domínio? - ela está vestindo um vestido preto, e esvoaçante, com detalhes que fluem como sombras ou fumaça. algumas estrelas estão espalhadas pelo vestido, o vestido tem um decote grande nos seios e a parte inferior, parece se dissolver pelo ambiente. Seu cabelo, longo e negro, parece seguir o mesmo padrão fluido, fundindo-se com a escuridão. Olhos azuis brilhantes fornecem um contraste marcante, ela está sem sapatos, com os pés para o alto, enquanto levita

Belzebu manteve sua postura rígida, embora a presença dela o fizesse sentir-se pequeno em comparação com a vastidão da escuridão. Ele inclinou a cabeça levemente em um gesto respeitoso antes de falar - Nix - ele começou, sua voz grave e contida - Os tempos mudam, e os velhos poderes parecem estar se agitando. Quando eu invoquei Satã, senti outras coisas, outras quatro coisas... talvez sejam... dos deuses primordiais. Gaia, Tártaro, Eros, e até mesmo o Caos -

- Gaia - ela murmurou, seu tom mais reflexivo - A Mãe Terra, a origem de tudo que vive e respira. Mas Gaia está cansada, Belzebu. Os filhos dela, deuses e mortais, abusaram de seus dons por eras, vocês... Deuses não estão nem perto de entender o'que realmente está em jogo... -

Belzebu assentiu, compreendendo - E Tártaro? -

Os olhos de Nix cintilavam com uma chama escura ao ouvir aquele nome - Tártaro é o abismo sem fim, o cárcere dos seres mais terríveis, e ao mesmo tempo, o próprio ser da prisão. Ele se move lentamente, Belzebu, mas seu ódio por tudo que é vivo e divino é imensurável. Se ele despertar, o universo pode tremer -

Belzebu ficou em silêncio - mas e o... Eros? - ele perguntou, curiosidade surgindo em seu tom - Ele é diferente dos outros. Sua natureza parece suave, mas sabemos que ele tem um poder profundo -

Nix riu suavemente - Ah, Eros. O amor primordial. Mas amor, Belzebu, é a força mais destrutiva e criadora de todas. O que ele toca, floresce ou se despedaça em mil pedaços -

Belzebu olhou para ela com mais atenção agora - E o Caos? O que resta do caos primordial que existia antes de tudo? -

Nix inclinou a cabeça, e o silêncio por um momento foi absoluto - O Caos... é o começo e o fim. Ele está em tudo e em nada. Não é bom nem mau, apenas... é. O Caos não deseja nada, não busca nada. Mas se chamado, ele responde -

Belzebu ponderou sobre isso, sentindo uma inquietação crescente - Então, você acredita que eles podem retornar, ou já estão se movendo? -

Nix não respondeu de imediato, seus olhos observando um ponto distante - Os primordiais nunca realmente partiram. Eles são parte de tudo o que existe. Mas sim, algo está mudando. O mundo moderno fez com que seus antigos poderes dormissem, mas se forem acordados... o equilíbrio pode ser destruído. E se isso acontecer, até mesmo os mais poderosos de nós podem cair - ela deu uma leve pausa - e vocês, Deuses que acreditam serem fortes, vão ser os primeiros a cair... -

De volta para a arena

As duas avançaram simultaneamente. Athena, com sua lança, fez uma estocada direta, mas Elizabeth desviou-se com agilidade, girando e lançando uma das lâminas de sangue diretamente em direção à deusa. Athena bloqueou o ataque com o escudo, mas Elizabeth já estava em movimento novamente, girando ao redor dela como uma sombra, buscando uma abertura. Elizabeth se moveu rápido, deslizando pelo chão da arena com graça. Ela atacava com lâminas de sangue que cortavam o ar, enquanto Athena mantinha sua guarda impecável, bloqueando e desviando os golpes com sua lança e escudo. Em um momento de brecha, Elizabeth saltou para o alto e lançou uma grande quantidade de sangue cristalizado em direção a Athena, tentando forçar a deusa a se desequilibrar. Atena ergueu seu escudo no último segundo, fazendo o sangue cristalizado estourar como vidro ao colidir contra a superfície impenetrável da Égide

Porém, Elizabeth não parava. Assim que o ataque foi bloqueado, ela girou no ar e desceu como uma tempestade, brandindo suas garras sangrentas. Athena se moveu para o lado, escapando da investida, mas sentiu uma pequena pressão na perna quando Elizabeth a atingiu de raspão com uma de suas lâminas. A deusa fez um rápido movimento para trás, forçando a distância entre elas - Interessante, deusa - Elizabeth provocou, seu sorriso demente crescendo - Eu me pergunto quanto tempo até sua perfeição desmoronar -

Com sua lança agora em posição de ataque, ela investiu, usando o comprimento avantajado da arma para manter Elizabeth à distância. A lâmina cortava o ar com velocidade, atingindo onde Elizabeth estava apenas segundos antes, enquanto a condessa se esquivava como uma serpente. Athena rodou a lança de volta, atingindo Elizabeth na lateral, o impacto forte o suficiente para empurrá-la de volta alguns metros. Elizabeth rangeu os dentes, mas não cedeu. O sangue ao redor dela começou a se agitar mais uma vez, e ela se preparou para contra-atacar

atacando de forma direta com lâminas de sangue afiadas como garras. Athena bloqueou com a Égida, e o choque de poder entre o escudo e o sangue cristalizado produziu uma série de faíscas. Aproveitando o momento de choque, Athena empurrou Elizabeth para trás com um rápido golpe de escudo, e rodopiou para lançar a lança com precisão, mirando o coração da Condessa. Elizabeth, entretanto, era rápida demais. Ela se jogou para o lado, e antes que a lâmina a atingisse, o sangue ao seu redor se solidificou em uma barreira, absorvendo o impacto da lança. Ela sorriu maliciosamente e em um rápido movimento, mandou seu sangue condensado disparar como chicotes em direção à deusa

Athena recuou, sua lança girando em um círculo defensivo para impedir os chicotes de acertá-la. Cada golpe que Elizabeth tentava acertar era bloqueado com precisão. Mesmo assim, Athena sabia que precisava sair daquela posição de defesa. Ela avançou novamente, dessa vez utilizando a lâmina maior e o alcance superior de sua lança para manter Elizabeth sob pressão constante. Os golpes se seguiram de maneira fluida: Athena girava a lança com elegância, mantendo o fluxo de ataques em torno da Condessa, enquanto Elizabeth, mais ágil, esquivava-se e contra-atacava com estocadas rápidas, moldando o sangue em armas distintas a cada segundo. Um momento de abertura surgiu quando Athena fez uma estocada poderosa, e Elizabeth, antecipando o movimento, desviou com um giro rápido, fazendo uma rasteira que tirou Atena brevemente do equilíbrio

Vendo a chance, Elizabeth deu um salto acrobático, lançando uma série de estocadas rápidas com lâminas formadas a partir de sangue solidificado. Athena mal teve tempo de levantar o escudo e recebeu alguns golpes nas laterais. A Condessa sorriu ao perceber que, por um breve momento, a deusa recuava. Athena recuou alguns passos, sua respiração ficou mais pesada, mas seus olhos ainda estavam focados. Ela sabia que Elizabeth estava perto de encontrar uma brecha. Em uma série de golpes rápidos, Elizabeth a encurralou contra a parede da arena, cercando-a com o sangue que começava a se solidificar em espinhos mortais ao seu redor

Elizabeth disparou uma grande lança de sangue direto no peito de Athena. A deusa, sem saída, ativou sua habilidade secreta

A Égida começou a brilhar intensamente em seu braço. Então, subitamente, desapareceu, sumindo de seu corpo. O mundo ao redor de Athena pareceu congelar por um breve momento. Tudo o que Elizabeth lançou contra ela simplesmente atravessava seu corpo sem causar dano. Por alguns instantes, Athena tornou-se intangível, invulnerável a qualquer ataque. Os espinhos de sangue que a cercavam foram dissolvidos, e a lança que deveria perfurá-la passou direto

Elizabeth arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que estava acontecendo

Athena, agora intocável, moveu-se rapidamente, utilizando a breve janela de invulnerabilidade para sair do cerco mortal. Quando a habilidade começou a se dissipar, o escudo da Égida reformou-se em seu braço, brilhando com o mesmo poder antigo de antes

Fim do capítulo

Crepúsculo dos Deuses: O Último DesafioOnde histórias criam vida. Descubra agora