A Investigação

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Kara entrou no carro onde sua cunhada estava sem conseguir segurar o sorriso besta principalmente ao ouvir a mais velha bufando – Foi mal.
- Eu não tô acreditando que você me deixou aqui te esperando enquanto estava transando.
- Eu não estava transando.
- Você está cheirando a sexo e suor...
- Isso não existe!
- Tem uma mancha na sua calça.
A loira olhou pra baixo e franziu a testa para a cunhada que sorriu  – Pronto, agora você acabou de se entregar – Falou enquanto ia saindo com o carro do estacionamento.
- Não foi premeditado, eu juro. Eu realmente fiquei pra terminar tudo de vez com ela, mas então acabou rolando e agora nós temos um encontro.
- Quando?
- Se tudo der certo hoje.
- Então vamos resolver esse caso em tempo recorde.
- Bora.
As duas chegaram na delegacia e foram direto para a sala delas e enquanto Maggie estava catalogando as pistas recolhidas, a loira ficou analisando várias câmeras espalhadas pela cidade.
- É isso! – Kara tirou um foto na tela e enviou para a ilusionista e depois fez uma dancinha atraindo a atenção da Latina.
- O que foi?
- Eu olhei várias câmera no entorno do circo e nada, até parece que eles sabiam onde estavam.
- Ou eles entraram em um carro ali por perto e sumiram pela cidade.
- Quando eu cheguei no trailer dei uma olhada e vi algumas pegadas, eram de tênis, Vans e Jordan... Sabe?! Não faz muito o perfil do pessoal do circo, mesmo porque não temos muitos adolescentes por lá. E eu logo pensei, burgueses safados...
- Huuum.
- Eles não moram na região, então teria que ter algum lugar para que eles tivessem se reunido quando bolaram esse plano maravilhoso.
- Para de enrolar e fala logo de uma vez.
- Adivinha quem eu achei naquela praça atrás do mercado da quinta avenida? – Então virou o monitor para a outra mulher – Não tem como dizer com 100% de certeza, mas tem um cara com uma camiseta listrada e cabelo espigado e um que parece estar com uma regata de basquete.
- Caramba, tem boas chances de serem eles.
- Eu mandei uma foto pra Lena, mas eu tenho quase certeza que são eles sim. Olha, nessa outra imagem da pra ver o terceiro. Os imbecis estavam fumando maconha.
- Naquela praça? Com toda certeza – A Latina abriu o mesmo site que a sua parceira e as duas passaram a analisar as imagens das câmeras pelo restante da manhã.
- A Lena mandou alguma mensagem?
A loira pegou seu celular e sorriu que nem uma boba – Sim, ela disse que acha que tem grandes chances de serem eles.
- Ótimo. Porque eu acho que eu achei.
- Sério??
- Sim, mas infelizmente eles não são burgueses não, tudo indica que são ricaços mesmo – Maggie falou murchando – Eles aparecem saindo de um condomínio na Mulholland.
- Porra!!
- É...
As duas ficaram em silêncio por um tempo até que a mais nova deu um tapa na mesa – Foda-se! Eu vou lá...
- Sem mandato??
- Não tenho tempo pra isso.
- Kara... Temos que fazer tudo certo. O pessoal de lá tem advogados como nós temos roupas, eles conseguiriam jogar tudo o que conseguimos pra debaixo do tapete facilmente.
- Que merda.
- Calma, eu vou conseguir esse mandado antes mesmo de você dizer rapidamente – Saiu logo em seguida.
Kara se recostou em sua cadeira e expirou forte frustrada pelas coisas não estarem caminhando na velocidade que gostaria. Mas ela sabia que a outra mulher estava com razão, ficou enrolando um pouco até dar a hora do almoço, quando estava sentada comendo Maggie se aproximou com um sorriso no rosto – Consegui.
- Tão rápido?
- Quando a gente tem alguns favores prata cobrar as coisas deslancham em uma velocidade impressionante, vamos comer e a gente já vai, ok?
- Com toda certeza.
Quase uma hora depois as duas foram se aproximando de um guichê na entrada da portaria do condomínio fechado que visualizaram os garotos saindo na tarde anterior, a loira mostrou o distintivo e sorriu para o rapaz – Carlos – Leu o nome no crachá – Boa tarde, meu nome é Kara, estamos investigando um crime que aconteceu alguns quilômetros daqui, você por acaso reconhece algum desses garotos – Ela passou a foto para o rapaz.
Ele inspirou profundamente e o olhou para a policial, mordeu as bochechas indeciso – Nós não deveríamos dar esse tipo de informação.
- Eu até poderia concordar com você se não fossemos policiais no curso de uma investigação – Ela esticou o papel também – Olha, temos até um mandato também...
O homem, que aparentava ser mais novo que as duas mulheres, olhou o papel e pareceu ficar ainda mais nervoso, Maggie deu um passo a frente e começou a falar em espanhol – Oi Carlos  meu nome é Margarita Sawyer-Danvers  eu estou vendo que você não está confortável com a nossa presença, você é imigrante?
- Meu papai e minha mamãe, eu nasci aqui, mas o visto do meu papai não está saindo coma velocidade que deveria.
- Certo – Ela puxou um cartão – Este é o meu cartão, me mande uma mensagem com o nome do seu papai e eu prometo que vou dar uma olhada. Minha mãe é Mexicana também, eu entendo o medo que você está sentindo agora – Então voltou a falar inglês – Eu prometo que o seu caso pessoal não tem nada a ver coma  nossa investigação.
Kara havia entendido cada palavra, mas fez de conta que não – E prometemos também que ninguém precisa ficar sabendo que foi você quem entregou o garoto...
- As pessoas falam... Mas assim – Ele olhou em volta – Eu não me importaria de perder esse emprego se fosse pra ver esse bostinha se ferrando, um pouco que seja.
As mulheres se encararam e sorriram, então voltaram a olhar para o homem que também sorriu – Esse aqui – Pontou para o rapaz que não estava de boné – Ele mora aqui, Jack Smith, os pais são donos de uma franquia de academia e de um Mc Donald’s, Jane e John Smith.
- Você poderia nos anunciar?
- Sim, só um minuto – Carlos se afastou por alguns minutos – Vocês podem ir lá, a Jane Smith está aguardando, é só seguir reto nesta rua mesmo, número 438.
- Obrigada Carlos, e não se esqueça de me contatar.
Elas entraram novamente no carro e foram até o endereço, tocaram a campainha e logo uma mulher loira apareceu, ela não estava com muitos sorrisos.
- Nós somos as detetives Danvers e Sawyer-Danvers. Senhora Smith, presumo – A mulher concordou, então Kara continuou a falar – Estamos aqui para falar com o seu filho – Ela mostrou o mandato e agradou.
- Meu Nome é Jane – Ela suspirou profundamente – O que o meu filho aprontou desta vez?
- Ele e uns amigos depredaram um trailer do Circo – Ela então mostrou a foto que mostrava nitidamente o rosto dos três rapazes – Nós temos testemunhas para corroborar esta acusação.
- Eu imagino que sim, entrem – Assim que chegaram na sala a mulher se sentou em uma cadeira – Sentem-se por favor, o Jack sempre foi um rapaz bom, não aprontava, era educado, mas então entrou na puberdade e parece que uma bomba explodiu e meu filho doce e gentil morreu naquela explosão – Ela inspirou mais uma vez antes de finalmente voltar a olhar as duas mulheres – Piorou bastante quando ele conheceu esse rapaz – Ela apontou para o de boné branco – Johnnie Taylor, eu não sei quem é o outro.
- Seu filho está em casa? Poderíamos tentar ver se ele nos dá o nome do terceiro?
A mulher foi até o pé da escada – Jack, desça, você tem visitas.
Depois de alguns minutos ele veio rapidamente, mas ao ver as duas mulheres desconhecidas estancou, então foi andando arrastando os pés de modo desleixado, levando vários minutos até finalmente cruzar a sala e se aproximar completamente.
Kara esticou o distintivo e sorriu – Eu sou a detetive Kara Danvers, viemos aqui para conversar com você.
- Me acusar, vocês querem dizer.
- Na verdade só conversar mesmo, pelo menos por enquanto. Onde você estava ontem as 17h37?
- Eu não me lembro.
- Não? Poxa... E se eu disser que foi um pergunta capciosa, porque nós sabemos onde você estava neste horário exato – Ela esticou a foto e abriu um sorriso ainda maior – Você reconhece? – O rapaz não respondeu nada, então Kara de voltou para Jane – E a senhora? Conhece a praça que fica atrás do mercado da quinta avenida??
- Quinta avenida?? Não é um lugar que costumamos frequentar.
- Eu imagino que não, mas pelo visto deu filho conhece, ou conheceu ontem a noite pelo menos. Ainda vamos chegar lá... – A policial olhou para o rapaz e sorriu, ele aparentemente estava quase espumando de raiva, mas ela iria jogar ainda mais combustível na fogueira – Bom, eu imagino que se a senhora nunca havia ouvido falar da praça, então não faz ideia do motivo pelo o qual ela é tão frequentada por vários jovens...
- O que você quer? – O jovem bateu as duas mãos com força no tampo da mesa.
- Você sabe muito bem o que eu quero, mas a sua confissão vamos conseguir só amanhã quando vocês comparecerem na delegacia para dar seu depoimento. Então no momento eu gostaria de um pouco de educação e que você me dissesse o nome dos seus amigos.
Jack estava possesso, mas mesmo assim ajeitou a postura e passou as mãos pelos fios de modo vigoroso – Certo, me desculpe. Conseguimos fazer uma acordo?
- Depende, aconteceu mais coisas do que eu estou sabendo? Além do circo eu quero dizer?
- Não.
- Então abrir o bico pode ser um voto de confiança seu de que podemos acreditar em você e no seu advogado quando vocês implorarem amanhã dizendo que você nunca mais irá aprontar.
Ele cerrou os dentes – Johnnie Taylor e Mike Jonas.
Kara olhou para Maggie que digitou os nomes na base de dados – Jonas mora em um prédio na quinta com Elmer e o Taylor em um condomínio há duas quadras daqui. O Palm Paradise??
- Isso mesmo – Ele respondeu se jogando na cadeira.
Kara se levantou recolhendo suas coisas, deu duas palminhas no ombro dele – Pode ficar tranquilo, eles não ficarão sabendo que foi você que os entregou. Graças a Rao a pedra que vocês atiraram não pegou em ninguém, então não chegarão a ir em juízo.
- Pedra?? – A senhora Smith estava arrasada.
- Não se preocupe com isso, foi um delito leve, se ele realmente se emendar daqui pra frente, não vai fazer qualquer diferença pro futuro dele – Ela então esticou o mandato – Essa cópia é de vocês. Compareçam de manhã, nós vamos ajudar se ele continuar colaborando.
- Ahn se ele não quiser ir para uma escola militar vai colaborar sim. Pode ter certeza.
- Certo, até amanhã...
As duas foram para o carro e foram saindo do condomínio – Caramba, você foi um ótima policial ruim.
- Você viu? Fui tão boa que nem precisei de você pra apaziguar a situação. Mas essa postura é cansativa, você vai ser a malvada nas próximas duas.
- Por favor, eu também odeio ser a songa-monga da história.
- Hey, isso é você me chamando de songa-monga?
- Não leve para o pessoal, Kah...
- Hump,! Vou tentar.

(=^.^=)

As duas parceiras foram na casa dos outros dois jovens, na primeira a situação foi bem parecida e ele acabou cooperando até mais rapidamente do que o primeiro. Mas na terceira casa a situação foi bem diferente, quando chegaram o rapaz já estava junto dos pais e do advogado, não conseguiram nem ao menos ouvir a voz do rapaz, mas como o que interessava mesmo era o depoimento que ele daria no dia seguinte, Maggie entregou o mandato e os convocou para comparecerem na delegacia no dia seguinte.
Assim que retornaram a delegacia a loira pediu para que a outra fosse indo na frente e dentro do carro mesmo pegou o celular e ligou para a ilusionista, sentiu uma descarga de adrenalina assim que ouviu a voz do outro lado da linha – Olá, é daí que fala uma das mulheres mais lindas desse país?
- Kara...
- Não, no caso era de Lena Luthor que eu estava falando.
- Besta.
- Culpada. Deixa eu te falar, nós encontramos os três rapazes, eles vão depor amanhã de manhã.
- Que bom.
- Sim  pelo menos não vai ficar completamente impune. Eu estou quase triste pela pedra não ter te acertado, não pense mal de mim, mas de lesão corporal aquele filha da puta não teria como escapar.
- O que foi?
- Aquele que jogou a pedra, quando chegamos na casa dele, já estava até com advogado, ele possivelmente já fez isso outras vezes e já deve ter se safado, então estou com medo de me frustrar neste caso.
- E os outros dois?
- Ahn, os pais ficaram possessos, eu acho que eles não aprontam mais.
- Então pronto, se serviu para que dois possíveis delinquentes votarem para ao caminho certo, então não tem do que você se frustrar. Já seria, com certeza, um grande avanço.
- Por Rao, além de linda, sexy, inteligente, engraçada é sábia também? Estou quase desconfiando que você não tem defeitos... Pelo menos bafo de manhã você tem?
- Você poderia dormir aqui e descobrir isso amanhã cedo.
- Dormir aí?
- Sim, a Lua vai ficar com meus pais essa noite.
- Falando nela, eu preciso ter uma conversa séria com essa mocinha. Não quero que ela me odeie.
- Ela só acha que te odeia, mas tenho certeza que vocês duas vão se acertar. Sobre hoje, alguma dica de como eu devo me vestir?
- Nós vamos em um restaurante, ele não é chique, mas também não é uma lanchonete qualquer.
- Entendi. Bom, até mais tarde?
- Já está me dispensando, senhorita Luthor??
- Você está no horário de trabalho e eu tenho que voltar pro treino. Senhorita Danvers.
- Tá vendo, sábia...
- Até mais Kara.
- Até mais.
A loira sorriu e foi atrás da cunhada, chegando lá viu a latina digitando no computador – Arre... Até que enfim.
- Credo, me deixa...
- Só quando você sentar aí e começar a digitar os relatórios das nossas “visitas” – Fez aspas enquanto esticava o corpo.
- E o que você vai fazer?
- Se der tempo eu te ajudo com o último, se não eu vou sair pra buscar nossas filhas no colégio já que provavelmente a Lauren vai dormir lá em casa.
- Você é a melhor.
- Sim, eu sou. Estou vendo o caso do pai do Carlos, parece que o problema maior é que antes do Carlos e da mãe conseguirem a cidadania, o pai foi deportado, e retornou como imigrante ilegal, então estou mandando um e-mail para o Winn, vou ver se ele consegue ajudar neste caso
- Ele vai conseguir.
- Espero – Então ela fez uma cara brava – Não estou vendo você começar a digitar. Digite, Kara, digite...
- Tá bom, tá bom!

(=^.^=)

A loira estava em seu quarto em frente ao espelho enquanto ajeitava melhor uma camisa azul escura que deixava seus olhos ainda mais claros, vestiu uma calça caqui e fez uma maquiagem básica enquanto esperava seu cabelo se secar naturalmente. Vestiu alguns anéis prateados e deu um passo largo para trás para se  ver.
Sorriu ao perceber que tinha gostando bastante do resultado, então passou um perfume, pegou a carteira e o celular e foi saindo.
Ia descendo a escada enquanto checava a hora e se havia recebido alguma mensagem, suspirou aliviada ao ver que ninguém havia entrado em contato, mas antes de conseguir alcançar a porta ouviu um pigarro atrás de si, então suspirou antes de começar a se virar – Boa noite mãe.
- Onde você vai e por que minha meta não está aqui?
- Eu vou jantar com uma mulher e a Lauren pediu para ficar na casa das tias, era mentira, mas pra que dizer que ela não quis que a mãe tivesse mais isso para jogar na cara dela depois?
- Com quem você vai jantar?
- Você não conhece. Mais uma mentira, ou meia mentira, já que tecnicamente Eliza e Lena não se conheceram pessoalmente, mas ela obviamente saberia quem era se a policial dissesse para a mãe que era a ilusionista do circo.
- Vai dormir em casa?
- Você não acha que está querendo tomar muita conta da minha vida, não?
- Eu sou sua mãe e você mora debaixo do meu teto.
- E eu me arrependo cada vez mais por causa disso.
- Não diga uma coisa dessas.
- Você acabou de jogar na minha cara que eu devo informações da minha vida pessoal só porque moro aqui. Com certeza sairia muito mais barato pagar uma babá para Lauren.
- Você seria um monstro de afastar minha neta de mim.
Kara revirou os olhos e então checou o relógio – Não faça drama mamãe, isso não cola mais. Estou de saída e considere que não vou voltar. Fui... – Sem esperar que a mais velha pudesse falar mais nada, Kara atravessou a porta e foi a passos largos até seu carro.
Ficou alguns segundos sentada tentando se acalmar e decidiu que iria procurar um apartamento o mais rápido possível. Balançou a cabeça em uma tentativa de dissipar os pensamentos na mãe e então acelerou o carro.
Depois de algum tempo chegou no circo, estacionou o carro e foi caminhando lentamente até o trailer que Lena dividia com a filha. Bateu na porta e aguardou um pouco até que Lua abrisse com uma careta gigantesca para si.
A loira inspirou profundamente – Boa noite Lua, nós podemos conversar??
- Sobre o quê?
- Não faça isso, diga boa noite também.
A pequena perdeu boa parte da pose e se mexeu desconfortável – Boa noite, sobre o que vamos conversar?
- Sobre aquela noite em que sua mãe e eu brigamos e sobre você estar com raiva de mim por causa daquilo.

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