Capítulo 7

27 5 5
                                    


 O sol entrava pelas frestas da cortina e iluminava o quarto esquentando ainda mais o ambiente e fazendo com que eu finalmente abrisse os olhos. Porém, percebi que não conseguia me mover. Fixei o olhar no teto de madeira, tentando recordar a noite anterior aquela, e o primeiro lapso de memória foi o sorriso de Jimin, aquele maravilhoso sorriso de felicidade. Instantaneamente, um sorriso brotou em meu rosto, mas logo meu coração acelerou ao sentir algo se mexer em meu peito. Ao olhar para baixo, vi o rosto amassado de quem não saía dos meus pensamentos. A cabeleira ruiva de Jimin estava deslumbrante, e sua expressão serena era irresistível, exceto pelo detalhe engraçado de que ele dormia com os olhos meio abertos. Sua bochecha rechonchuda pressionava meu peitoral, criando um bico adorável em seus lábios.

Jimin murmurou algo inaudível, e isso me fez rir baixinho. Ele se remexeu um pouco, como se estivesse tentando se aconchegar ainda mais contra mim. Cada movimento seu era uma mistura de vulnerabilidade e charme, e eu sentia meu coração acelerar. A luz suave da manhã iluminava seu rosto, destacando as sardas que sempre tentei contar, mas nunca consegui.

E foi naquele momento, naquela manhã, admirando todos os detalhes do rosto alheio que eu finalmente percebi: eu realmente quero beijar Jimin.

Mas há algo que me impede: ele está me ignorando.

Tudo começou naquela bendita manhã há dois dias atrás quando acordamos enroscados um no outro e nos tornamos alvos das piadas de Jieun e Douglas por sermos "namoradinhos que namoram". Jimin se levantou e foi fazer suas necessidades, mas quando fomos tomar café da manhã que percebi que ele não estava apenas com vergonha, está evitando ter qualquer tipo de contato comigo.

No começo eu senti uma dor enorme no peito e não sabia o que ao menos tinha feito para ele agir assim, até que essa dor começou a se transformar em raiva pois todas as vezes que eu tentava puxar assunto a fim de entender, ele negava e caia fora.

Puxa, eu estou tão irritado!

Ele não tem esse direito de mudar comigo assim do dia para noite e simplesmente decidir não me contar o motivo.

Estou prestes a ter um ataque e cair durinho aqui no chão ao som de "my humps" do black eyed peas que toca em meu walkman. Tenho a péssima mania de escutar música para tudo o que faço, desde ler á pensar, estranhamente me ajuda na concentração. Sinto que vou abrir um buraco no chão de tanto que ando de um lado para o outro dentro da cabana, principalmente pelos cenários malucos que crio em minha cabeça onde beijo Jimin.

Enquanto ando, o ritmo acelera meu coração, e eu me perco nos detalhes da nossa história imaginária – como se ele estivesse aqui, rindo das minhas bobagens e me chamando para dançar. De repente o cenário na minha cabeça muda e eu já não sei se a situação seria legal, Jimin me via apenas como um amigo, certo? talvez repudiasse a ideia de um beijo nosso e até me acusasse de dizer isso apenas por ele ser gay.

Essa incerteza me faz hesitar, questionando o que realmente poderia existir entre nós. O medo de estragar nossa amizade me paralisa, e as batidas da música se tornam um eco das minhas inseguranças. Será que ele perceberia a intensidade do que sinto? E se ao tentar dar um passo adiante, eu acabasse perdendo tudo?

Enquanto isso, a cabana parece cada vez mais apertada, refletindo minha confusão. Imagino o sorriso de Jimin, o jeito como suas palavras podem iluminar até os dias mais sombrios, e me pergunto se, de alguma forma, ele também sente o que sinto. Mas, por enquanto, tudo ainda está na fantasia, onde os riscos não existem e a música toca, cheia de sonhos não realizados.

— Jungkook! — uma voz me assusta, e rapidamente me viro para a porta — Caraca, tô te chamando faz mó tempão! — Douglas reclama, e eu tiro meu fone.

DIÁRIO DE UM ACAMPAMENTO  •  jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora