Relacionamentos tem fim, para que um melhor comece

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Aether

Aether encarava seu reflexo no espelho do banheiro, os dedos deslizando lentamente sobre os próprios lábios. O toque trazia de volta a sensação dos beijos que havia trocado com Xiao. Fechando os olhos por um instante, ele quase podia sentir-se sendo transportado novamente para o chalé, onde estivesse envolto nos braços de quem realmente amava. Ali, o mundo parecia parar. As carícias eram suaves, e os olhares que trocavam raramente terminavam. Mesmo sem cruzar a linha do desejo, ambos sabiam o que aquilo fazia. Era uma traição silenciosa às pessoas com quem estavam comprometidos.

Era por isso que Aether havia chamado Albedo para sua casa naquele dia. Agora, seu namorado o esperava no quarto, sem a menor ideia do que estava por vir. Um suor frio deslizava por seu rosto, e o fotógrafo se via sem saber como começar. Ele mordeu os lábios com força, tentando reunir coragem. A cada segundo que passava, a ansiedade crescia, mas ele tinha noção que não podia mais adiar aquilo. Respirou fundo, tirou-se do espelho e saiu do banheiro.

Ao entrar no quarto, deparou-se com Albedo. O loiro estava despreocupado, explorando o ambiente com seu olhar curioso, admirando as pequenas coisas do quarto que talvez tivessem sido notadas pela primeira vez. Ao perceber a presença de Aether, uma expressão se manifestou imediatamente, com um sorriso suave iluminando seu rosto. Sem hesitar, ele caminhou até o outro e se envolveu em um abraço apertado.

O toque, normalmente feito sem muita reação, deixou Aether paralisado por um instante. Ele sabia que deveria ser responsabilizado, sentindo a culpa por ter usado dos sentimentos de outra pessoa para satisfazer o seus, tornando o gesto insuportavelmente difícil. Por reflexo, Albedo começou a se inclinar para beijar os lábios entreabertos, mas uma mão o impediu. Ele tirou o namorado delicadamente, respirando fundo antes de falar suas intenções.

— Albedo... precisamos conversar. Não te chamei pra isso.

Como um flash passando diante dos olhos azuis, Albedo sabia imediatamente que algo estava errado. Seu sorriso era progressivo, mas ele assentiu sem questionar. 

— Tudo bem, vamos conversar — disse ele com serenidade, embora a preocupação esteja evidente em seu semblante.

Ambos se sentaram na cama, e o silêncio que se iniciou foi denso, Aether ainda não conseguiu colocar em palavras mas suas mãos trêmulas já diziam tudo. Ele abaixou o olhar, fitando suas próprias falanges que se relacionavam sobre o colo, enquanto tentava organizar seus pensamentos. O quarto parecia menor à medida que o tempo passava, parecia sufocante e era. Ele sabia que, uma vez que aquelas palavras saíssem de sua boca, não haveria volta, teria que encarar Xiao de uma vez por todas.

Aether encarou profundamente os olhos azuis, tão calmos como uma praia de maré baixa e cristalina. A beleza do pintor era notável, mas felizmente, o coração mandava bater por outro e ser honesto.

— Albedo, você é mesmo uma pessoa incrível, — começou, com voz baixa. — Mesmo que tenha demorado para nos conhecermos melhor, eu nunca imaginei que acabaríamos nos envolvendo... e num momento tão sensível da minha vida. Foi bom, eu agradeço por tentar, você literalmente abraçou minha dor e por um tempo me fez esquecer dele como prometeu.

Albedo continuou em silêncio, seus olhos curiosos agora tingidos de preocupação. Ele ouvia atentamente, cada palavra de Aether perfurando fundo em sua alma. O pintor respirou fundo, sentindo o coração batendo acelerado. 

— Eu acho que nós... cometemos um erro — as palavras saíram com dificuldade, como se ele estivesse lutando para esclarecer perfeitamente. — Desde o começo, eu sabia que algo estava errado. Na minha cabeça, parecia que a gente estava se enganando. Eu não acho justo usar você como uma fuga, para tentar esquecer Xiao sempre que eu me sinto triste. Esse relacionamento... nunca foi saudável. Passei a te enxergar melhor, mas não foi o suficiente para mudar algo dentro de mim.

Aether é Loira Padrão, a Thread - {Xiaoether}Onde histórias criam vida. Descubra agora