A Casa de Terror

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A estrada até a casa de terror estava tranquila demais, quase como se o universo nos desse uma trégua depois dos eventos estranhos que vivemos no caminho para a festa. A calmaria, porém, parecia mais um prenúncio de algo ruim, como se o silêncio fosse o aviso mais inquietante de todos.

Olhei pela janela da caminhonete, e um carro passou por nós, trazendo uma sensação estranha de familiaridade. Ele parecia o mesmo que vimos quando a garota de cabelos cacheados e o encapuzado nos abordaram. Meus olhos se estreitaram, mas eu já estava cansada demais para levantar suspeitas. Sabia que, se comentasse, alguém me chamaria de paranoica, então engoli a desconfiança e me mantive quieta.

O panfleto que Diogo pegou com o "padre" não tinha muito além de um endereço e uma imagem genérica de uma casa retirada do Google. Quando chegamos ao local, saímos da caminhonete e encaramos a mansão à nossa frente. Parecia saída de um pesadelo. Enorme, velha e cercada por uma floresta densa, como se a natureza estivesse tentando engolir o lugar. Não havia nenhuma luz ao redor, a escuridão era opressiva.

— E agora? — Nataly perguntou, olhando em volta como se esperasse que algo ou alguém surgisse do nada.

— Vamos bater na porta — Luca disse, sempre o corajoso do grupo. Ele caminhou até a porta enorme e bateu algumas vezes. — Oi, ainda estão atendendo?

O silêncio que se seguiu era desconfortável. Ficamos ali, nos entreolhando, até que Nina rompeu o silêncio.

— Gente, vamos embora. Isso aqui tá estranho demais.

— Para com isso, Nina. Já estamos aqui. Não tem por que voltar agora — Thomas respondeu, dando de ombros como se nada estivesse fora do normal.

De repente, a porta rangeu, se abrindo lentamente. Um homem apareceu na entrada. Alto, musculoso, com tatuagens que subiam pelo pescoço e desciam pelos braços. Sua cabeça raspada brilhava à luz fraca da entrada, e o olhar vazio que ele nos lançou fez meu estômago revirar. Nos entreolhamos nervosos, reconhecendo-o como o homem que dirigia o caminhão que cruzou nosso caminho mais cedo.

— Boa noite. Bem-vindos à casa do terror — ele disse com uma voz monótona, quase robótica. Em suas mãos, ele segurava uma caixa e estendeu-a em nossa direção. — Deixem seus celulares aqui para uma experiência completa.

— Nem pensar! — Nataly exclamou, dando um passo para trás.

— Vamos, Nataly, não vai estragar a noite — Luca disse, lançando o próprio celular na caixa. Thomas o seguiu, como sempre, sem hesitar.

Um a um, o grupo começou a ceder. Diogo lançou um olhar encorajador para mim, e, com relutância, larguei meu celular. Maressa hesitou por um momento, mas acabou fazendo o mesmo. Restava Nina.

— Só falta você — Luca disse, impaciente.

Nina relutou, os olhos cheios de desconfiança, mas a pressão do grupo foi maior, e, por fim, ela também deixou o celular na caixa.

O homem abriu um sorriso estranho, mas não disse nada. Apenas nos deu passagem.

— Aproveitem a experiência.

Assim que atravessamos a porta, o som das trancas ecoou pela sala, e as luzes se apagaram de repente, mergulhando-nos na escuridão total. Um silêncio esmagador tomou conta da casa. Minhas mãos começaram a suar, e ouvi as respirações aceleradas ao meu redor.

— Ah, droga, de novo isso? — Nataly murmurou, nervosa.

O único som era o de nossos pés no assoalho de madeira e algo ao longe, como um leve arrastar que se aproximava lentamente. Um corredor estreito se iluminou fracamente à nossa frente, revelando paredes cobertas de quadros antigos, seus retratos tão desbotados e arranhados que mal dava para ver os rostos. Caminhamos, com passos curtos e cautelosos, cada centímetro de mim tensa, esperando algo saltar das sombras.

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