Capítulo 06

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Começo a andar em círculos e passar a mão no cabelo. Como eu vou sair daqui? Balanço a cabeça. Não adianta eu ficar nervosa, sentimentos só atrapalham. Tento enxergar isso como uma das minhas missões. Preciso sair sem deixar rastros.

Tento procurar o grampo que usei para abrir a gaveta, minhas mãos tateando o chão em meio ao desespero crescente. Nada. Ele deve ter ficado preso dentro da gaveta quando meu pai a trancou. Droga. Cada segundo que passo sem ele me aproxima mais do desastre. Minhas opções estão se esgotando, e a sensação de estar encurralada aumenta a cada batida do meu coração. Tem que ter outras forma de sair daqui.

Minha mente começa a rodar enquanto ando pelo cômodo, os olhos percorrendo freneticamente cada canto, cada superfície, na esperança de encontrar uma saída que não me condene. Mas não há nada. Apenas paredes, estantes lotadas de livros e papéis... tudo parece conspirar contra mim, como se o cômodo estivesse fechando em um abraço sufocante.

Passo pela janela e, por um momento, paro de andar. Meus olhos a observam, como se a resposta estivesse ali, ao meu alcance. Talvez eu possa pular. Ela não está muito alta, talvez o suficiente para não me machucar — não tanto, pelo menos. A ideia é absurda, mas, na falta de opções, começa a parecer atraente até demais.

Minhas mãos estão suadas e tremendo, e o ar dentro do escritório parece mais denso do que nunca. Olho por cima do ombro, esperando que meu pai não ouça meus movimentos do outro lado da porta. Será que ele já dormiu? Não posso arriscar. Se for pega aqui, não haverá explicação que me salve.

Apoio as mãos no parapeito da janela e empurro levemente, testando sua resistência. O vidro range baixinho, e meu coração dispara. Talvez eu consiga... talvez tenha uma chance. Mas uma queda desajeitada seria o fim. Se eu me machucar, ele pode desconfiar. E se ele descobrir a verdade... não haverá desculpa que se encaixe nessa ocasião.

Olho lá para fora, medindo a distância para o chão, tentando calcular se posso fazer isso sem atrair atenção. Se eu não for rápida, estarei perdida. Tudo o que construí, todas as mentiras que costurei com tanto cuidado, desmoronarão.

Mordo os lábios e respiro fundo, forçando meu corpo a concordar com a ideia. Coloco um pé na beirada da janela, seguido rapidamente pelo outro. Não posso me dar ao luxo de pensar demais nessa escolha. Cada segundo de hesitação só aumenta o risco. Sem mais delongas, respiro fundo e me lanço do segundo andar da minha casa, o corpo em queda livre até encontrar a grama fria e úmida lá embaixo.

O impacto é forte, mas não fatal.

Levanto-me rapidamente e tento andar até a porta da frente. Estou mancando. Meus braços e pernas doem. Quando chego à porta, minha visão começa a ficar embaçada e turva. Vou desmaiar em pouco tempo.

Entro rapidamente na sala, não me importando com os barulhos que estou fazendo. Subo rapidamente as escadas e corro para meu quarto. Tranco a porta e me jogo na cama, amanhã eu arrumo tudo.

 Tranco a porta e me jogo na cama, amanhã eu arrumo tudo

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