Entre Amigos e Professores: Uma Jornada de Amor e Desilusões

5 capitulo

Alguns dias se passaram desde que Lucas havia deixado a casa de Fernanda. Ela tentava, a todo custo, manter sua vida em um ritmo mais calmo, se convencendo de que aquele capítulo doloroso finalmente tinha sido encerrado. Entretanto, o peso de emoções mal resolvidas ainda pairava sobre ela. O encontro com Lucas havia reaberto feridas antigas, e, embora soubesse que Miguel era completamente diferente, o medo de se machucar novamente a mantinha hesitante.

Em uma tarde ensolarada, Fernanda estava sentada em seu quarto, com um livro nas mãos, mas sua mente estava distante. A memória de Lucas vinha à tona frequentemente, trazendo uma mistura de dor e incerteza que não conseguia ignorar. Foi então que seu celular vibrou com uma nova mensagem de Miguel.

**Miguel:** "Ei, pensei em você hoje. Que tal jantarmos juntos? Eu cozinho!"

Ela sorriu ao imaginar Miguel tentando se aventurar na cozinha. Não era o tipo de pessoa que associava à habilidade culinária, mas a oferta soava doce e genuína. Por um instante, hesitou, sentindo uma leve ansiedade pelo que aquele convite poderia significar. Ela queria aceitar, mas ainda se sentia vulnerável. No entanto, decidiu dar uma chance.

**Fernanda:** "Aceito! Mas quero ver se você sabe cozinhar de verdade. :)"

Mais tarde, Miguel apareceu para buscá-la. Quando ela entrou no carro, ele a cumprimentou com um sorriso tímido e genuíno. Fernanda percebeu o esforço que ele estava fazendo, e isso a tocou. No entanto, o fantasma de Lucas ainda pairava sobre ela, criando uma barreira invisível, algo que precisava ser resolvido.

Chegando ao apartamento de Miguel, Fernanda ficou surpresa ao ver a mesa arrumada com flores e velas, criando uma atmosfera íntima e acolhedora. O gesto, embora simples, fez com que ela sentisse uma onda de calor em seu peito. Miguel, claramente nervoso, fez o possível para disfarçar sua ansiedade, mas Fernanda notou a forma como ele olhava para ela – com ternura e expectativa.

"Uau, estou impressionada! Quem diria que você era tão bom nisso?", ela brincou, sorrindo.

Miguel riu suavemente. "Ah, eu tenho meus talentos escondidos. Mas vamos ver se você vai gostar da comida." Ele serviu uma lasanha de frango com molho branco, que parecia deliciosa. A conversa fluiu leve e descontraída, mas Fernanda sentia que havia algo que ainda precisava ser dito.

Depois de terminarem o jantar, Miguel olhou para ela com uma expressão séria, como se estivesse esperando o momento certo para falar. "Fernanda, eu sinto que tem algo te incomodando desde aquele dia no parque. Eu não quero te pressionar, mas... você sabe que pode falar comigo, certo?"

Ela respirou fundo, sabendo que não poderia continuar guardando tudo para si. Colocou o garfo sobre o prato e olhou nos olhos de Miguel. "Eu... eu só estou um pouco confusa, Miguel. O Lucas reapareceu, e isso trouxe à tona muitas coisas que eu achei que estavam enterradas. Ele me fez muito mal, e acho que, de alguma forma, isso me deixou com medo de me machucar de novo... mas eu gosto muito de você. E isso me assusta."

Miguel a observava com compreensão, mas Fernanda podia ver uma pontada de tristeza em seus olhos. "Eu entendo, Fernanda. Não posso imaginar como foi passar por isso. E, honestamente, eu não quero que você sinta que precisa apressar nada comigo. Só quero que saiba que estou aqui. Não vou a lugar nenhum."

O coração de Fernanda se apertou com aquelas palavras. Miguel sempre fora seu porto seguro, aquele que a apoiava sem esperar nada em troca. Mas, ao mesmo tempo, a incerteza que Lucas havia deixado era uma sombra difícil de ignorar.

Ela suspirou, sentindo as emoções borbulharem. "Você é incrível, Miguel, de verdade. E eu sei que não deveria comparar você com o Lucas, mas às vezes o medo fala mais alto. Eu só... só não quero te machucar no processo."

Miguel, sempre paciente, aproximou-se um pouco mais, sem invadir seu espaço, mas o suficiente para que ela sentisse sua presença reconfortante. "Eu sei que não é fácil. Relacionamentos nunca são. Mas o que eu sinto por você não vai mudar por causa disso. E se você precisar de tempo para se sentir pronta, eu vou respeitar isso."

Aquelas palavras mexeram profundamente com Fernanda. Ela sentiu lágrimas começarem a se formar em seus olhos, e tentou segurá-las, mas não conseguiu. "Eu só não sei como equilibrar tudo isso, Miguel. O Lucas, você, o medo de me machucar de novo... tudo isso é tão confuso." As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, e Miguel, percebendo sua vulnerabilidade, a envolveu num abraço suave e acolhedor.

"Está tudo bem, Fernanda. Chora se precisar. Eu estou aqui."

Ela se permitiu relaxar nos braços dele, sentindo o calor e a segurança que Miguel oferecia. Os minutos se passaram lentamente, e aos poucos, seus soluços diminuíram. O abraço de Miguel foi como um bálsamo para sua alma, acalmando as tempestades internas que a atormentavam.

Quando finalmente se afastou, Fernanda enxugou as lágrimas e olhou para Miguel, seus olhos ainda marejados. "Eu não sei como agradecer por você estar aqui. Por ser tão paciente e compreensivo."

Miguel sorriu suavemente e passou o polegar pelas últimas lágrimas no rosto dela. "Você não precisa me agradecer. Eu estou aqui porque quero. Porque você é importante para mim. E eu sei que não é fácil, mas eu estou disposto a passar por isso com você."

Fernanda sentiu seu coração aquecer com aquelas palavras. O medo ainda estava lá, mas o carinho de Miguel lhe dava forças para acreditar que talvez pudesse superar isso. "Eu só peço que tenha paciência comigo", ela disse baixinho.

Miguel deu um sorriso terno e inclinou-se para dar um beijo suave na testa dela. "Eu tenho todo o tempo do mundo, Fernanda. Não importa o que aconteça, eu vou estar do seu lado."

Ela fechou os olhos, sentindo o peso das últimas semanas começando a se dissipar. Havia muitas coisas que ainda precisava resolver dentro de si, mas, com Miguel ao seu lado, sentia que poderia enfrentar qualquer coisa. Talvez ela não precisasse ter todas as respostas agora. Talvez o simples fato de estar disposta a tentar fosse o suficiente para, pouco a pouco, encontrar o caminho de volta ao seu próprio coração.