Eu conheci o Hyunjin quando ainda éramos crianças. Viramos melhores amigos em questão de dias, nosso lugar favorito na terra era o parquinho da lagoa. Lembro direitinho do seu cabelo liso escuro, parecia uma tigela na cabeça, mas a beleza já era visível.Na adolescência ele mudou bastante. De repente, aquele garoto tímido e introvertido, acabou se tornando a cabeça da galera. Com o seu rostinho bonito ele conquistou muitas coisas, fossem elas mulheres, ou, posições de destaque no colégio.
Sempre acompanhei sua rotina. E mesmo estando meio separados hoje em dia, continuo dando uma força pra ele nos estudos. Era o único momento que ainda podíamos ser nós mesmos. Mergulhar um pouco no nosso mundo do passado, no nosso "parquinho da lagoa".
Faltava um ano pra gente se formar, e todo mundo estava a flor da pele. Organizamos todos os dias os preparativos da festa de formandos. Os alunos se juntaram para arrecadar o dinheiro da viagem também, que se fosse conforme o plano, seria na praia.
Infelizmente, eu acho que não vou poder comparecer.
Ninguém suspeitava, mas eu estava aos poucos me afundando em um dos meus maiores vícios. Sei que é algo totalmente errado da minha parte, minha família sempre foi doce e me deu tudo do bom e do melhor. Sei que eu estava sendo egoísta.
Minha história com as drogas começou aos 12 anos. Quando um colega próximo – filho de uma amiga da minha mãe – me apresentou o cigarro. As primeiras tragadas foram difíceis de superar, mas logo eu já tinha me tornado um expert em poluir o meu pulmão. Depois disso vieram as festas, e com elas a maconha. Me relaxava completamente e me dava aquela sensação da qual eu queria, e me ajudava muito nas provas finais do colégio.
Isso é, até eu experimentar a cocaína.
Mudou o rumo da minha diversão, me sentia mais ligado, em alerta. As pessoas pareciam mais interessantes, e o meu medo foi ficado mais longe.
Quando me dei conta, eu cheirava cerca de 5 vezes por semana, e essa contagem só foi aumentando.Por sorte, consegui esconder esse fato da minha família. Consegui esconder essa sujeira de todos, especialmente do Hyunjin. No fundo, eu sabia que ele me sentia diferente. Dava pra notar, quando eu chegava na sala de aula parecendo um panda, com as olheiras enormes. Tipo, igual agora.
— Ei, Lix. Senta aqui, vem cá.
Hyunjin, que deus grego. Ele me chamou todo sorridente, segurando sua bola de basquete debaixo do braço.
Segui em direção a mesa onde o time almoçava, todos eles focados na conversa, sem sequer notar minha presença direito. Sentei ao lado de Hyunjin, tentando forçar um ânimo falso, meus olhos carregados de sono já me denunciavam.
— Ficou sem dormir de novo, né? — Ele me olhava com preocupação.
— Um pouco, eu acabei jogando e esqueci totalmente do horário.
Hyunjin franziu o cenho, ele parecia pensar antes de continuar a conversa — Sua mãe ainda tá viajando?
— Aham, volta semana que vem.
— Beleza, hoje eu passo na sua casa então.
Não tive tempo de negar o seu auto-convite. O barulho da sirene fez questão de nos lembrar da próxima aula.
Hyunjin correu pra quadra com seus amigos. E eu tentei arrumar a minha cara o melhor possível, entrei no banheiro próximo do refeitório, a tentação de pegar o pózinho branco de dentro da mochila era esmagadora. Tentei afugentar os meus pensamentos, e evitar fazer merda dentro dos limites do colégio.
Fracassei.
Acabei cheirando a substância, meus sentidos acordaram. Devo ter ficado um tempo sentado na privada, olhando pro teto enquanto o tempo passava lá fora.
Quando saí, todos já tinham ido embora, pelo menos foi o que pensei.
Virei o corredor de volta para o ginásio, poderia ficar um tempo ali sem que ninguém me enchesse o saco. Já fui pego duas vezes pelo zelador, tentando me esconder de algumas pessoas.
E como pensei, estava vazio.
Me adiantei e subi alguns degraus da escadaria, sentei no concreto gelado, observando as cestas de basquete paradas, como se encarassem uma a outra de cada lado da quadra. Pensei que se tivesse a mesma sorte do meu melhor amigo, quem sabe eu levasse uma vida diferente como co-capitão do time. Não seria nada ruim, teria amigos e pessoas aos meus pés.
Com sorte, em alguns anos o meu rosto estaria no retrato que repousava nas paredes.
Turma de 2022, Tigers.
Seria sonhar muito alto?
Comecei a rir internamente da minha própria loucura. Não fui feito para ser uma estrela, essa eu passo, vou deixar todo o crédito pra pessoa certa, pro Hyunjin e o Minho. Os destaques do time.
Em meio aos meus pensamentos, notei um barulho esquisito que vinha de dentro da sala do auditório. Parecia como se alguém estivesse bagunçando tudo lá. Como o ginásio e o auditório ficavam quase colados, não era impossível que qualquer um pudesse escutar.
Daí pensei, eu já tava meio chapado mesmo. Foda-se. Vou lá ver.
Consegui chegar a passos lentos até a janelinha pequena da porta da sala. Como um gato sorrateiro levantei a cabeça aos poucos, me dando a visão que jamais imaginei presenciar.
O professor Jhon e a professora Lia, ambos se afogando em beijos e pegação. Ele praticamente arrancava sua saia com as mãos, enquanto ela gemia no pé de seu ouvido, entregue aos desejos carnais.
Puta que pariu.
Eles dois eram conhecidos por se odiarem, nos corredores eles mal se cumprimentavam. Sem contar que os dois tinham família, filhos, carreira. Dois profissionais respeitados, que se formaram em uma das melhores faculdades da cidade.
Não que eu seja um filho da puta, mas minhas mãos automaticamente agarraram o celular, pressionei no touch do celular e comecei a gravar. Não pretendia mostrar isso a ninguém, mas o choque me pegou e eu precisava de provas. Nunca se sabe.
Olhei pra tela do celular, e quando voltei a olhar pra cena dos dois, Jhon me encarava. Ele parecia assustado, e ao mesmo tempo tomado de raiva.
— Ei, você!
Meu corpo inteiro tremeu e tudo que eu fiz foi correr pra longe. Deixando os gritos do professor ecoarem. Sumindo aos poucos.
Pensei que não seria reconhecido. Afinal, aquele espaço estava mais escuro que o resto do prédio. Fui ingênuo.
Pois nesse momento, o professor Jhon tinha em mãos a minha carteira que caiu, sem que eu visse. E pra piorar, quando chequei meus bolsos, tive uma surpresa.
— PORRA, cadê o pó?
VOCÊ ESTÁ LENDO
PLEASE, STAY! | Hyunlix
FanfictionNo fundo, Hyunjin sabia que havia algo de diferente em mim, mas ele não falaria. Não como quando éramos crianças, e costumávamos a brincar no parquinho da lagoa. | Hyunlix | Fanfic +18 | Essa fanfic não tem a intenção de ofender nenhum dos membros...