𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐎𝐅 𝐆𝐔𝐈𝐋𝐓.

𝟎𝟑 - SOB A SUPERFÍCIE DO SILÊNCIO.

AVISO DE CONTEÚDO SENSÍVEL.

Este capítulo contém menções a temas delicados, incluindo abuso físico, psicológico e verbal, além de traumas familiares. O texto explora o impacto dessas experiências nos personagens e suas consequências emocionais. Embora o conteúdo seja tratado com seriedade, pode ser perturbador para alguns leitores.

SE VOCÊ TEM SENSIBILIDADE A ESSES TEMAS, RECOMENDO CAUTELA AO PROSSEGUIR.

TENHA UMA ÓTIMA LEITURA!

NOTAS DO AUTOR:

capítulo curto, me desculpem por isso... mas tem coisa que precisei tirar, pois quero aprofundar melhor em capítulos separados e únicos.

estava pensando em fazer alguns capítulos apenas sobre o passado deles.

——————————————————

1998, 14 de abril
Hillcrest Estates — Venice Beach, LA.

Os dias em Hillcrest Estates continuavam cheios de uma rotina que os irmãos Donovan tentavam transformar em normalidade. As festas frequentes, organizadas por Caleb, eram sua maneira de afastar as lembranças sombrias. Música alta, risos, e pessoas indo e vindo pela casa tornavam o ambiente mais leve — ao menos na superfície. Caleb sempre arrastava Ethan para essas festas, com a intenção de mantê-lo distraído, tentando apagar os vestígios da tragédia que ainda pairavam sobre eles.

— Vamos, é só uma partida de tênis — disse Caleb, segurando uma raquete e jogando outra para Ethan. — Hoje é um dia lindo. Precisamos aproveitar.

Ethan pegou a raquete, observando o irmão por um momento. Por fora, Caleb parecia estar se adaptando, abraçando a nova vida com fervor, como se estivesse determinado a seguir em frente. Ethan tentava acompanhá-lo, mas o peso dos traumas não o deixava esquecer. Ele sorria de volta, mesmo que seu coração estivesse preso ao passado.

Na quadra, os sons das raquetes e bolas ecoavam pelo ar, interrompendo o silêncio pesado que normalmente dominava a mansão. Ethan sentia a adrenalina correr pelas veias, e, por alguns momentos, conseguia se concentrar apenas nos movimentos rápidos, nos golpes precisos que Caleb lhe devolvia. Mas mesmo no calor da competição, imagens de seus pais, o rosto de seu pai tomado pela raiva, o olhar frio de sua mãe, invadiam sua mente.

Após o jogo, enquanto Caleb ria e tomava um gole de água, Ethan sentiu o velho vazio retornar. Ele sabia que Caleb estava tentando ajudar, mas nada parecia preencher o buraco dentro de si.

— Você precisa se abrir, Ethan — Caleb disse mais tarde naquela noite, depois que as luzes das festas se apagaram. — Eu sei que você ainda está preso àquilo, mas não precisa carregar tudo sozinho.

Ethan apenas assentiu, sem dizer uma palavra. Sabia que Caleb tinha razão, mas como explicar o caos que ainda rugia dentro de sua mente? As memórias eram como feridas abertas que não cicatrizavam.

1998, 18 de abril
Consultório Psicológico — Venice Beach, LA.

Naquela semana, Ethan finalmente decidiu procurar ajuda. Sentia que, se não falasse com alguém, o peso que carregava o esmagaria. Sentou-se no pequeno consultório de um psicólogo em Venice Beach, sentindo o cheiro de café fresco misturado com o aroma suave de incenso no ambiente.

— Faz dois anos desde que meus pais morreram — Ethan começou, hesitante, mexendo nas mãos nervosamente. — Aquela noite... eu ainda a vejo. Sinto como se estivesse vivendo nela.

O psicólogo inclinou-se um pouco para frente, incentivando Ethan a continuar.

— Como foi para você viver isso tudo? — perguntou, em um tom suave, tentando puxar Ethan para fora de sua concha.