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— Ei, ei, seu pamonha, você bem que poderia me dar um pedaço dessa carne, não acha? Essas fadas passam com tanta comida de lá para cá que estou começando a ficar genuinamente com fome.

Bem, a ocasião, dessa vez, era um pouco mais peculiar do que geralmente costumava ser. E tenha em mente que, Yuna e eu, já passamos por todo o tipo de situação desde que nos conhecemos, e muito mais desde que comecei a viver com ela em sua agência, a ACSI. Mas, para resumir com uma frase impactante: aquela que detém o título de Assassina de Youkais... estava na cadeia.

Isso mesmo, cem por cento encarcerada.

Enjaulada em uma cela com chão, teto e paredes de ouro, assim como as suas barras que dividiam o corredor e a liberdade da meio-youkai.

E do lado de fora, no dito corredor, abocanhando grandes pedaços de carne em uma grande tigela banhada a ouro, eu, um lobo, líder de alcateia, me encontrava com meu focinho sujo de sangue animal.

Ao pedido de Yuna, eu engoli o pedaço de um peitoral em seco, pausando meu desjejum para voltar minha atenção a ela.

— É um monte de carne crua, guria. Não sei se você iria gostar do sabor. E também, iria acabar se sujando toda. Afinal...

Com exceção de seu famigerado gorro cinza em sua cabeça, ela estava completamente nua. Inteiramente desnuda; totalmente descoberta; plenamente pelada. Se encontrava ajoelhada, com os pés apontando para os lados, e com seu tronco sendo basicamente sustentado por seus glúteos brancos e carnudos. Com os ombros baixos, e os braços caídos entre suas coxas fortes, a guria observava os arredores em um misto de apreensão e impaciência.

— Não me amole, Ulim. Eu realmente estou com fome. Estamos... no caso, eu estou sem comer tem dois dias.

— Você é a única culpada por isso. Ficou mais arrogante do que normalmente é por conta daquele uniforme novo e não quis se alimentar antes de sairmos em missão. É tarde demais para reclamar, não acha?

— Mesmo assim, seu pamonha, você vai me deixar morrendo de fome por aqui? Já não basta a violência que sofri pelas mãos dessas purpurinadas? Sabia que posso acabar morrendo?

— Claro que não irá morrer, guria. Seu corpo se cura rápido demais e seu estômago acabaria comendo a si mesma infinitamente.

— Na verdade meu estômago mal conseguiria dividir um pedaço meu já que minha regeneração me curaria quase que instantaneamente. Eu acabaria, com o tempo, morrendo sem energia e nutrientes.

— Hmph, e quanto tempo isso levaria?

— Sei lá, décadas. Talvez, um século e meio.

— Não lhe darei nenhum pedaço, então!

E assim, retornei ao processo delicioso de morder e mastigar os fragmentos ensanguentados das criaturas que estão abaixo de um lobo, líder de alcateia, na pirâmide natural que é a cadeia alimentar.

— Oh, senhorita Yuna, senhorita Yuna.

De súbito, o som delicado de uma voz emanou entre mim e as barras de ouro da cela da guria, seguido de um zumbido como se uma abelha estivesse sobrevoando por ali.

O que era, no entanto, apenas se parecia com uma coletora de mel pelo bater de suas pequenas asas. Pairando entre duas das barras da cela, uma pequenina mulher de cabelo curto se apresentava para nós, somente com uma espécie de folha esverdeada cobrindo sua genital e a frente de seus seios.

— Oh, senhorita Yuna.

— Eu já ouvi, ô fadinha. O que você quer?

— Ah... — a pequenina flutuou com suas asas mexendo-se como as de um beija-flor, se aprofundando ainda mais na jaula da Assassina de Youkais. — Eu ouvi que está com fome, posso trazer um pouco de comida para a senhorita.

Yuna Nate: OstaraOnde histórias criam vida. Descubra agora