Se eu fosse você - BÔNUS

BÔNUS

— Mais uma vez! — Eu ordenei a Seojun, que parecia extremamente cansado.
— Eu tô exausto! — Ele reclamou se apoiando sobre os próprios joelhos.
— Não acham que está na hora de uma pausa? — Helena apareceu em nosso gramado verde segurando uma bandeja com uma jarra de suco.

Depois que ela descobriu que eu, secretamente, estava ensinando boxe ao nosso filho, as coisas ficaram mais fáceis e devo dizer que, mesmo depois dela ter se negado, acabou aceitando bem.

Uma vez na semana Seojun e eu lutávamos para nos mantermos em forma e chegamos à conclusão e ao combinado de que os golpes da arte marcial se aplicariam somente em legítima defesa.
— Você está indo bem, carinha! — Sorri elogiando meu filho, que sorriu abertamente.
— Valeu, pai! — Seojun agradeceu indo brincar com Sungjin.

Um ano havia se passado do nascimento de nosso último filho e, desde a festa de Soojin quando finalmente trocamos os corpos, decidimos que mudar para uma casa maior fazia total sentido.

Sungjin brincava animadamente com seu hyung no gramado e Helena conversava comigo há uns metros de distância.
— Onde Soojin está mesmo? — Perguntei dando um gole no suco delicioso.
— Na biblioteca do colégio, estudando. — Deu de ombros, cruzando as pernas.

Desde que o mais novo nasceu, meu tempo com Helena havia ficado escasso.
Amo meus filhos, mas odeio admitir que estava passando menos tempo com minha mulher e que qualquer ação, mesmo que mínima, que ela fizesse, me excitava pra caralho.
— Meus olhos estão aqui em cima, Kim. — Helena chamou minha atenção quando notou que eu, provavelmente, estava babando sobre suas pernas.
— Não posso evitar, você está cada dia mais gostosa. — Disse baixo perto de seu rosto e sorri largo quando notei seus cabelos da nuca se arrepiarem sob o rabo de cavalo.
— Você não vale nada. — Ela arqueou uma sobrancelha e eu dei de ombros despreocupado.

Há tempos nossa rotina havia sido assim, totalmente provocativa e com pouca ação.
Ser pai e mãe era desafiador e, automaticamente quando se ganha esse título, você não consegue mais transar gostoso como quer.
Então, nos limitamos a rapidinhas pontuais.
— Namjoon! — Helena estalou os dedos em frente ao meu rosto, me tirando do transe. — Ouviu o que eu falei?
— Claro, amor. — Menti descaradamente e minha esposa me olhou desconfiada. — Desculpa, não ouvi nada, porque estava prestando atenção na sua boca gostosa. — Ela deu uma risada maliciosa, mas logo me fez perder totalmente o tesão.
— Su-ho vem jantar conosco. — Comecei a rir.
Gargalhar, na verdade.
— O que é tão engraçado? — Helena perguntou confusa.
— Desculpa, pensei que tivesse dito que Su-ho jantaria conosco hoje. — Limpei uma lágrima de riso que escorreu pelo meu rosto.
— Mas é isso mesmo. — Cortei meu riso no mesmo segundo.
— Helena, não pode estar falando sério. — Levantei da cadeira furioso.
— Claro que estou! — Ela disse inconformada. — Namjoon, Soojin está crescendo.
— Ela não está! Ainda é um bebezinho...
— Que vai fazer vestibular ano que vem. — Ela rolou os olhos. — Se fosse o Seojun com uma namorada você jamais se importaria.
— É diferente! — Contestei.
— Por que é diferente, hum? — Helena cruzou os braços indignada.
— Porque se Seojun quebrar o coração de uma garota, nós somos ótimos pais e vamos ser conscientes e duros com ele. — Passei a mão pelo cabelo. — Mas se alguém quebrar o coração da nossa garotinha, como eu posso garantir que os pais desse garoto em questão farão o mesmo que a gente?

Helena parou por alguns segundos para refletir sobre o que eu acabei de dizer.
Soojin namorar não era um problema, eu não sou um machista idiota.
Sabia (e também sempre soube) que minha princesa é linda e atrai muitos olhares, mas não podia evitar pensar no fato de que poderia ter seu coração despedaçado por um garoto idiota.
— Meu amor, eu entendo sua preocupação. — Helena segurou minha mão, me fazendo olhá-la. — Mas ser pai e ser mãe também significa deixar que os filhos aprendam por si só, hum? — Ela sorriu docemente para mim. — Soojin está crescendo, está se tornando uma mulher. Não podemos evitar um coração partido, mas podemos ser seu porto seguro caso um dia isso aconteça.