Capítulo 1-Sombras e desejos

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O verde exuberante de Veridion estava ainda mais intenso. As lendas diziam que a esperança nascida nos corações dos habitantes daquele reino mágico pintava a paisagem a cada ano, com as cores de quem ansiava por um futuro melhor. Hoje, celebrava-se a libertação do povo, após a queda de Thanos e seu exército, reduzidos a pó pelas mãos da saudosa rainha Wanda Maximoff.

Agatha Harkness caminhava com elegância pelo centro do palácio real. Sua capa roxa e máscara negra faziam parte da tradição da festividade, ocultando um dos rostos mais procurados do reino. A morte de Wanda trouxera escuridão a Veridion, e o primogênito da rainha, Billy Maximoff, prometera uma recompensa pela cabeça de Agatha e sua irmã, Regina. O desejo de vingança pelo assassinato da mãe era palpável.

Agatha sabia que corria perigo. Mas, com seu poder imenso, derrotar exércitos com um simples gesto não era algo que a amedrontava. O que a incomodava era a sombra de Regina. "Sempre no meu caminho", pensou ela com desgosto. "Se não fosse pela promessa feita à nossa mãe, Regina já teria sido transformada num rato."

Quando finalmente chegou à praça principal, Agatha sentiu uma onda de melancolia. As pessoas ao redor riam, comemoravam, mas ela se sentia mais sozinha do que nunca. Seus olhos focaram na fonte mágica no centro da praça, cujas águas guardavam os desejos de corações puros, tornando-os realidade ao longo dos anos.

- Sabia que, após confiar seu desejo à fonte, terá que voltar todos os anos para ver se ele se tornou forte o suficiente para se tornar realidade? - A voz surgiu atrás dela, suave como um sussurro.

Agatha se virou rapidamente, seus sentidos em alerta. Uma jovem mulher, com um sorriso cativante e olhos que pareciam brilhar com uma luz própria, estava diante dela, segurando uma flor.

- Coração puro, constância e esperança - disse Agatha, observando a jovem com um tom melancólico.

- Milady - interrompeu Rio, sorrindo enquanto lhe entregava a flor. - Vejo que conhece bem a magia da fonte. Como nunca a vi por aqui?

Agatha a fitou com atenção. Vestida como uma guerreira do exército Maximoff, a estranha emanava confiança. Agatha desviou o olhar para a espada imponente em suas costas, mas seus olhos logo retornaram ao rosto da guerreira... e depois, aos lábios.

A guerreira percebeu o efeito que causava e deu um sorriso malicioso. Havia algo magnético nela, uma beleza poderosa, diferente de tudo que Agatha já tinha visto.

- Rio Vidal - disse a jovem, quebrando o silêncio. - É o meu nome. E o seu? - perguntou enquanto pegava sua espada, criando uma tensão que quase podia ser tocada.

Agatha recuou um passo, mas manteve sua postura confiante, os olhos fixos nos de Rio.

- Calma - disse Rio com um sorriso, sua voz baixa e sedutora. - Não faria mal a você. Estava olhando para a minha espada, não é? Ela foi o meu desejo. E agora está nas minhas mãos.

Agatha riu, surpresa com a ousadia da jovem.

- Uma espada? - ela provocou. - Desperdiçar o poder da fonte com algo tão... comum?

- Não é uma espada qualquer - Rio rebateu, sua voz carregada de certeza.

- Uma espada mágica? - perguntou Agatha, agora com genuíno interesse. O brilho de ambição em seus olhos era evidente.

Rio se aproximou ainda mais, quase eliminando a distância entre as duas. Agatha sentiu o calor da presença dela, o ar ficando mais denso à medida que a tensão aumentava. A guerreira puxou a espada, revelando-a com detalhes: adornada com ouro, esmeraldas e uma pedra negra brilhante. Havia uma inscrição: La Guerrera Sin Cicatrices.

- Ela é esplêndida - sussurrou Agatha, seus olhos percorrendo a lâmina e depois, involuntariamente, as mãos de Rio.

A guerreira sorriu, um sorriso que era uma promessa.

- Esse é o título que recebi do rei hoje - disse Rio, seu tom repleto de orgulho. - Lady Death.

Agatha, por um breve momento, se perdeu na fascinação que sentia pela jovem à sua frente. Seus olhos eram os de alguém que nunca conheceu a derrota, e aquilo a excitava.

- Você realmente não tem nenhuma cicatriz? - Agatha perguntou, com a curiosidade de quem queria explorar mais do que apenas o corpo da guerreira.

Rio se aproximou perigosamente.

- Posso te mostrar... e depois você me diz se é verdade - sussurrou, seus lábios a centímetros dos de Agatha.

O ar ao redor das duas parecia eletrizado, e por um instante, Agatha cedeu, seus dedos tocando os lábios de Rio, sentindo-os macios, tentadores. A guerreira suspirou, e Agatha sentiu sua própria respiração acelerar.

Mas o momento foi interrompido por uma luz vermelha brilhando na praça. O olhar de Agatha endureceu. Ela reconhecia aquele poder. Regina estava perto.

- Regina... - murmurou, o ódio queimando em sua voz. - Você sempre estraga tudo.

Tomada pela fúria, Agatha virou-se para confrontar a irmã, seus olhos agora sombrios e cheios de rancor.

- Até que enfim te encontrei! - gritou Regina, sua presença invadindo o espaço como uma tempestade.

Agatha respirou fundo, preparando-se para o embate que estava por vir.

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