23%

217 33 18
                                    

Um capítulo em um horário incrível só pra vocês acordarem com uma surpresa! Não esqueçam de votarem e deixarem os comentários (que eu amo ler sempre).

No mais, boa leitura!

▪︎

Era tarde da noite quando a chuva decidira abater a cidade de São Paulo com toda sua potência, castigando as janelas da casa de Anita sem aviso prévio. Naquele momento os lençóis divididos pareciam ainda mais confortáveis, como uma proteção instalada sem que aquela fosse sua real missão a cumprir. Berlinger dormia o sono dos justos enquanto o par de olhos castanhos lhe observava com calma, o tipo de olhar que com toda certeza grava detalhes como pequenas pintas em lugares escondidos. Verônica a contemplava após uma das transas mais gostosas de toda sua vida.

O vidro da janela se embaçava, o ar se tornava mais frio e os pelos de sua pele se eriçavam por completo. Os dentes capturavam seu lábio inferior e ela aplicava um tanto mais de pressão, deslizando os mesmo com calma, até soltar a pele. Já havia tocado Anita antes, sabia como era tê-la, mas a repressão gerava sentimentos intensos demais e isso nunca era de fato saciado. Esperara tanto por aquilo e agora não conseguia parar de querer mais.

Lembrava dos toques, das mãos a deslizarem por todo seu corpo em chamas e então suspirava. Não assumira em voz alta, mas agora se virava para se aproximar da orelha da loira que dormia um sono profundo, tentando ao máximo não fazer muito barulho. Um suspiro, e em um sussurro uma confissão fora feita:

────Tudo com você é mais gostoso. ────Seus lábios deslizavam vagarosamente pelas costas bem definidas e desnudas, ao passo que Torres fechava seus olhos, sentindo o cheiro bom que a pele da delegada exalava, lhe preenchendo o peito por completo.

Com o corpo extremamente próximo ao da outra mulher, a escrivã se entregara ao sono de uma só vez, praticamente apagando pelo cansaço das diversas emoções sentidas rápido demais naquela noite. A mente era obrigada a parar e descansar, por mais que quisesse se esforçar para contemplar não só Anita, mas o momento insano que enfiam podiam desfrutar juntas.

O dia amanhecera chuvoso, um tanto pior que a madrugada, instalando o frio por toda a cidade. Berlinger fora a primeira a acordar, afinal, já era rotina despertar antes do despertador. Seus passos até o banheiro eram calmos, quase inaudíveis e assim um cuidado pessoal de todos os dias se iniciara. A loira não reparara, mas não era a única acordada em sua casa. Enquanto seu banho estava pela metade, o cheiro de café recém passado invadia sua casa por completo. Ao finalizar sua higiene matinal, a delegada voltara ao quarto se deparando com uma cena que provavelmente ficaria em sua mente por algum tempo.

Torres trajava sua calcinha da noite passada e uma blusa de frio que Anita conhecia muito bem. A blusa de frio que ela usara por bastante tempo enquanto fazia seu curso de treinamento para a polícia. Os fios castanhos estavam presos em um coque feito as pressas e os pés estavam descalços. Os olhos azuis pararam na enorme caneca preta segurada por ambas as mãos da escrivã, a fazendo sorrir.

────Minha blusa, escrivã? ────Sua mão dominante segurava a toalha ao meio do peito, ao que ela suspirara, a soltando sem aviso. ────Me dá um gole do seu café... ────A passos largos ela diminuia a distância, até estar com os pelos de sua pele completamente eriçados, respirando o mesmo ar que a mulher. ────...Bom dia, Verônica. ────A caneca se tornara sua por alguns segundos, ao que era possível ouvir o barulho do líquido escuro descendo por sua garganta.

────Você tem noção que... ────O olhar desejoso descia sem pudor algum pelas curvas do corpo a sua frente.

────...Que o quê, escrivã? ────Sua cabeça pendia minimamente para o lado, cravando seus olhos na figura a sua frente com um sorriso provocativo, lhe devolvendo a caneca. ────Eu tenho noção que está muito frio... E eu estou tremendo... É isso? ────Anita deixara seu sorriso se tornar maior, se afastando enquanto se virava de costas, caminhando até seu closet.

Toda a escolha da roupa demorara mais do que Verônica jamais demoraria para se arrumar para uma festa ou ocasião especial. Algumas peças lhes foram concedidas para que ela usasse naquele dia, visto a situação que estava vivendo e tudo se resumia a: passar o dia sentindo com veemência o quanto Anita Berlinger tinha um cheiro bom. Já devidamente prontas, o café fora despejado em dois copos com tampas e o caminho rápido fora feito até o carro da delegada, com direito a pingos de chuva lhes molhando. Em vista do tempo, o trânsito se tornara impossível, testando a paciência insistente de Anita Berlinger logo cedo.

Enquanto a loira lidava com o fato de não andar nem mesmo alguns metros sem paradas, Verônica suspirava fundo ao desbloquear seu celular e ver a sequência de mensagens vindas de Paulo. O homem estava fora dos trilhos, o que era mais que esperado, mas a forma como se expressava era no mínimo curiosa. Uma serie de ofensas foram proferidas de começo, e então, conforme a madrugada adentrava, Paulo se tornava... Carente? O cenho de Torres se franzia considerávelmente, vendo o conjunto de palavras que formavam claras suplicas por ela, por beijos e por uma volta.

Pelo canto dos olhos azuis, Anita a olhava por algum tempo, travando seu maxilar. Não sabia o que esperar e ainda não possuía exata certeza da decisão que Verônica havia tomado na noite anterior. Estava tensa e irritada. As mãos firmes apertavam o volante enquanto seu pé afundava no acelarador, andando uma distância considerável. O caminho feito até a delegacia fora tortura, uma tortura silênciosa e demorada. Assim que o carro desaguara no estacionamento da DHPP, Berlinger seguira até sua vaga habitual, estacionando o veículo perfeitamente.

A escrivã saira primeiro, enquanto a outra mulher retirava seu cinto com calma, acabando por direcionar sua atenção para a cena que ocorria do lado de fora. Não era possível ver a silhueta, mas aquela com toda certeza era a voz de Paulo. A sobrancelha da delegada se arqueara ao ver Verônica gesticular com o celular em uma das mãos, negando apenas com a cabeça enquanto o homem deixava as palavras saírem sem parcimônia alguma. Berlinger engolira seco, deixando os lábios se separarem minimamente enquanto trazia o ar para dentro. Enfim sua porta fora aberta.

O barulho dos saltos ecoava junto a voz do homem, ao passo que ela dava a volta em seu carro, apenas parando quando seu corpo estava ao lado do corpo da escrivã. Os olhos azuis o encaravam sem cerimônia, a medida em que seu braço passava a frente do corpo da outra mulher, fechando a porta com certa força. Enquanto Paulo vociferava diversas palavras para ambas as mulheres, a loira apenas o observava, olhando vagarosamente de cima a baixo, como quem o examinava. Um sorriso cínico se formara em seus lábios pintados de vermelho, sua mão dominante respousava enfim na lateral do corpo de Verônica, a puxando para mais perto com força.

Nada ela dissera, e assim era bem pior, Anita bem sabia. Seu olhar fora do homem até a mulher ao seu lado, fazendo com que ambas lhe dessem as costas enquanto o carro dava o sinal de que estava sendo trancado. Os saltos uma vez mais dividiam a tarefa de fazer barulho junto a voz de Paulo, que continuava parado no mesmo lugar sem acreditar no que via. Já distantes, Anita virara seu rosto por cima do ombro, sendo possível não só olhar o homem, como também aproximar seu nariz do pesço de Torres. Ela sorrira vitoriosa.

────A insegurança e o desespero realmente são barulhentos, não é? ────Os olhos castanhos a fitavam em pura adrenalina, sentindo seu coração quase sair pelos lábios que se sentiam compelidos a sorrir.

A porta de entrada para a delegacia fora aberta, as fazendo sumir assim que fizeram a volta do corredor. Berlinger se sentia no topo do mundo, com a sensação incrível de uma vez mais sair por cima sem exatamente fazer muito esforço.

────Achei que... ────A porta do elevador começava a se fechar enquanto Verônica se virava para ela, a encarando com a voz um tanto trêmula. ────...Que fosse em cima dele, que fosse... Brigar! ────A delegada umedecera os lábios enquanto organizava seus perfeitos e ondulados fios loiros.

────Você foi para casa comigo! ────Ela soltara o ar, extremamente convencida. ────Ficou bem claro quem venceu essa rodada e Verônica... Eu não brigo com quem já está perdendo há algum tempo, não é... Divertido. ────Os lábios em vermelho sorriam sem mostrar os dentes, a medida que o elevador indicava que haviam atingido o andar desejado, fazendo com que as portas se abrissem. ────Quero meu expresso e os documentos prontos... ────Ela dera alguns passos para fora, a olhando por cima do ombro com uma expressão provocativa. ────Faz direitinho e eu te levo para campo comigo hoje, escrivã.

Under a secret | veronita fanfic Onde histórias criam vida. Descubra agora