Entre Ondas e Silêncios

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A brisa da manhã varria a praia quando Brasil acordou, ainda sentado na areia. As estrelas já haviam sumido, dando lugar a um céu pintado de tons alaranjados e rosados. Ao seu lado, Rússia permanecia em silêncio, os olhos fixos no horizonte, como se cada onda que vinha e ia trouxesse algo mais profundo que palavras.

Brasil se espreguiçou, ainda meio grogue da noite anterior. Eles haviam conversado até tarde, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Entre as provocações e os momentos de silêncio, uma conexão havia se formado. Não uma daquelas fáceis, mas uma que era como o oceano à sua frente: calma por fora, mas com correntes poderosas abaixo da superfície.

"Você sempre é assim, quieto?" Brasil quebrou o silêncio, ainda com um sorriso brincando nos lábios.

Rússia desviou o olhar das ondas e encarou Brasil. "E você sempre fala tanto?"

Brasil riu, o som leve como o vento. "Alguém tem que manter a conversa, né? Se depender de você, ficaríamos aqui em silêncio até amanhã."

Rússia, para surpresa de Brasil, esboçou um pequeno sorriso – o primeiro verdadeiro desde que se conheceram. "Talvez o silêncio tenha suas vantagens."

"Ah, eu sei que tem," Brasil disse, levantando-se e esticando o corpo. "Mas confesso que fico meio inquieto quando tudo fica quieto demais. Parece que algo está faltando."

Rússia observou Brasil por um momento, antes de falar. "Eu aprendi a valorizar o silêncio. Ele dá espaço para pensar, para... entender."

Brasil parou de se mover por um momento, processando aquilo. Era difícil para ele, que estava sempre cercado de barulho e movimento, entender o conforto que Rússia encontrava no silêncio. Mas ele podia ver que, para Rússia, o silêncio era como uma armadura, algo que o protegia de tudo que estava fora de seu controle.

"Entender o quê?" Brasil perguntou, agora curioso. Ele não estava acostumado a refletir tanto sobre as coisas – seu jeito era mais agir, sentir e viver o momento. Pensar demais era algo que ele evitava.

Rússia olhou para o mar novamente, como se as ondas tivessem a resposta. "A mim mesmo. Os outros. O mundo."

Brasil se aproximou, olhando de soslaio para Rússia, tentando ler suas expressões fechadas. "E você já entendeu tudo?"

Rússia deu de ombros, sem tirar os olhos do horizonte. "Não completamente. Mas estou aprendendo."

Brasil deixou o ar sair de seus pulmões com um assobio baixo. Ele não era do tipo de passar muito tempo pensando nas profundezas da existência. Para ele, a vida era feita de momentos, sensações, pessoas. Mas algo em Rússia o atraía para esse lado mais introspectivo, o fazia querer entender o que se passava naquela cabeça fria e calculista.

"Talvez você precise de menos silêncio e mais experiência," Brasil sugeriu, cutucando Rússia com o ombro, como quem convidava para algo mais leve.

"Experiência?" Rússia perguntou, erguendo uma sobrancelha.

"É, você sabe. Viver o momento. Deixar as coisas acontecerem em vez de pensar tanto sobre elas."

Rússia riu, um som raro e quase imperceptível, mas Brasil o notou. "Você fala como se fosse simples."

Brasil deu de ombros. "Talvez seja. A gente só complica demais."

Aquela troca de olhares, cheia de contrastes e entendimentos não ditos, foi interrompida quando Brasil tirou a camiseta e correu para o mar, rindo. Ele se jogou nas ondas, deixando o oceano engolir seu corpo, como se fosse uma extensão de si mesmo. Rússia observou de longe, hesitante, como sempre. Mas depois de um momento, ele também se levantou, tirou a jaqueta e os sapatos, e caminhou devagar até a água.

Brasil nadava com a naturalidade de quem já nascera no mar. Quando percebeu que Rússia estava entrando, sorriu e nadou até ele. "Eu sabia que você ia ceder! Viu? Nem dói!"

Rússia, parado na água até a cintura, sentiu o frio do oceano contra sua pele, mas não era desconfortável. Era... revigorante. Por um momento, ele fechou os olhos e deixou que a sensação o envolvesse. Brasil, por sua vez, nadava em volta dele, como se estivesse mostrando o caminho para algo maior.

"Viu só?" Brasil disse, se aproximando. "Às vezes, é só questão de deixar ir."

Rússia abriu os olhos e o encarou, ainda sem palavras. Mas algo dentro dele começava a mudar, um pequeno movimento nas profundezas, como o primeiro sinal de que o gelo podia, de fato, derreter.

Enquanto as ondas quebravam suavemente ao redor deles, e o sol nascia no horizonte, os dois ficavam ali, juntos, sem a necessidade de falar. Pela primeira vez, Brasil entendeu o silêncio de Rússia. E Rússia, pela primeira vez, começou a aceitar que talvez o calor do Brasil não fosse algo a ser evitado, mas sim a ser acolhido.

E ali, entre as ondas e o silêncio, algo novo começava a surgir.

Notas: aí gnt essa fanfic tá tão fofa🤧 hoje n to na escola to no curso😘

Entre o FOGO e o GELOOnde histórias criam vida. Descubra agora