Lar

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Finley nasceu nas sombras de Paradis, a ilha temida por todos além das Grandes Muralhas. No leste da Muralha Rose, ele veio ao mundo, fruto de uma linhagem manchada pela traição. Seus pais, agentes de Marley, infiltraram-se em Paradis com uma missão cruel: exterminar os Eldianos, não por meio de um poder primordial, mas utilizando titãs como armas descartáveis. Manipulando essas criaturas como peões em um jogo de intrigas, seus pais conceberam um herdeiro destinado a carregar um poder misterioso — Finley, uma arma viva, imune à fúria dos titãs.

Antes que pudessem explorar o alcance desse legado, a família Reiss descobriu sua traição, e os pais de Finley foram executados sumariamente. Ainda bebê, Finley foi poupado por uma filha do Rei Reiss e entregue aos cuidados do "Lar das Asas Perdidas", um orfanato frio e isolado, que abrigava crianças condenadas a viver sem família. No orfanato, Finley conheceu a dor da perda e a solidão, mas também encontrou algo raro — afeição, na forma de uma menina chamada Luna.

Luna, seis anos mais velha, era uma criança reservada e estratégica. Mesmo com sua pouca idade, já parecia compreender o mundo de uma forma calculada e fria, diferente da curiosidade questionadora de Finley. Enquanto ele buscava a lógica e as respostas nas coisas, Luna o ensinava a planejar e ver além das aparências. Apesar de suas personalidades diferentes, os dois formaram um laço profundo, quase como irmãos de consideração.

Esse vínculo foi quebrado quando Finley tinha sete anos, e Luna, aos treze, foi adotada por uma família rica que a viu como uma criança prodígio. A separação devastou Finley. Ele, que já havia perdido seus pais, agora também perdia a única pessoa com quem sentia uma verdadeira conexão. Luna partiu, e ele ficou sozinho no orfanato, esperando, em vão, que ela voltasse.

Aos nove anos, a sorte de Finley mudou. Tommy Ogden, um ex-comandante da Tropa de Exploração, cruzou seu caminho. Diferente dos outros que o viam como uma criança frágil, Tommy percebeu o potencial em Finley. Sob sua orientação, Finley foi treinado para o combate, moldado para a guerra e para a honra. Tommy era tudo o que Luna não era — extrovertido, caótico, mas com uma energia vibrante e inspiradora. Com ele, Finley aprendeu que, além da lógica fria, havia também a paixão e o desejo de lutar por algo maior.

Enquanto o tempo passava e Finley crescia, as lembranças de Luna permaneciam como um farol silencioso. Mesmo separados, ele sabia que seus destinos estavam entrelaçados de maneiras que ele ainda não compreendia, e que, algum dia, seus caminhos se cruzariam novamente.

As luzes vibrantes e aquecidas do nascer do sol banhava a janela como pequenos raios dançantes, acariciando o rosto do jovem, que lentamente abriara os olhos, seus cabelos alaranjados combinando com o clarear do dia, ele então se senta sob os lençóis bagunçados da sua cama, se esticando levemente para trás enquanto bocejava. Alguns pequenos barulhos de "Toc" ecoavam pelo quarto atrás da porta, era o seu pai, Tommy.

— Fin, ah, vejo que já está acordado, isso é bom, vai poder me ajudar com o café da manhã, não consegui decedir o que fazer haha.

O homem de aparência amedrontadora a primeira vista, era apenas um grandalhão simpático, como um grande urso de pelúcia desgastado, era como Finley e os amigos próximos de Tommy enxergava ele.

O garoto esfrega as costas da mão nos olhos, tentando se manter acordado, odiava acordar cedo, olhou algumas vezes para Tommy, que sorria de maneira irritante, mas era engraçado, pensou o jovem.

— Mhm.. espera... A quanto tempo o senhor está de pé?

Indagou Finley, arquiando uma sobrancelha em confusão ao olhar para Tommy.

— Bem... Sobre isso, digamos que eu não acordei, porque eu não dormi.

Ele esfrega a nuca com a mão de maneira embarasada pelo seu comportamento nada adulto, não era muito surpreendente. Ele continuou a se explicar
— Estou muito animado para dormir, afinal, hoje é seu primeiro dia, meu filhinho finalmente vai realizar o seu sonho.

Finley havia esquecido completamente, hoje era seu primeiro dia no alistamento para recrutas, em um movimento rápido ele saltou da cama e correu em direção ao banheiro, temendo se atrasar. Tommy ria da situação enquanto caminhava rapidamente em direção a cozinha.

Após um tempo, Finley caminhava pelo corredor de sua casa, era simples, uma pequena cabana em uma montanha não muito longe da cidade, mas longe o suficiente de vizinhos, o que não incomodava de maneira alguma o garoto, já Tommy por outro lado, amava está rodeado de pessoas para conversar.
O cheiro de panquecas deliciava as narinas do jovem enquanto se aproximava da cozinha, o som de Tommy Cantarolando ficava cada vez mais alto.

—Então, meu filho, acredito que esteja muito nervoso, mas isso é completamente normal, não é como se a distância nos separasse completamente, não é como se você fosse embora pra sempre..

Finley bebia o suco sob a mesa e olhava para Tommy em confusão, um sorriso curioso se formou nos lábios dele.

— Não, não estou nervoso, mas e você?

Ao ouvir as palavras, os olhos de Tommy se encheram de água, mas um sorriso orgulhoso estava estampado em seu rosto

— Meu garotinho tá tão crescido, vou sentir sua falta, tenho certeza que você vai ser tão bom quanto eu fui um dia.

Tommy abraça Finley com força, porém Finley se contorce e resmunga um pouco com o abraço repentino, mas logo retribui enquanto ri.

— ta, ta, ta, eu já entendi, também te amo pai.

𝐀𝐭𝐭𝐚𝐜𝐤 𝐎𝐧 𝐓𝐢𝐭𝐚𝐧: 𝑂 𝑓𝑟𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑔𝑢𝑒𝑟𝑟𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora