POV OLÍVIA.
Na primeira semana depois que recebi aquela carta, eu trabalhava desatenta, eu não conseguia parar de pensar em todas as novas possibilidades horrendas que me cercavam, por que no fundo eu achei a morte do meu pai tão estranha... Mas e agora? Eu não consigo ter paz em minha mente e coração, minha vida a cada dia me mostra o quanto eu sou um nada, que as pessoas brincam a minha volta me fazendo de idiota, o perigo sempre me cercou e eu nunca notei?! Uma estúpida! A vontade que tenho de me descabelar por tantas vezes que eu tive a oportunidade de aprender muito mais com o meu pai e eu desperdicei! E pra piorar, a morte daquele homem se juntou com pesadelos que minha mente começou a criar, deixando-me atormentada, foram três noites seguidas revivendo aquela morte mas ao invés daquele homem desconhecido, era o meu pai... e eu sempre acordava prestes a gritar, prestes a chorar e eu tinha que ir para o banheiro correndo.
Pois o motivo do meu pesadelo estava bem ali, ao meu lado dormindo tranquilamente.eu estava cansada de chorar com esse sonho perturbando a minha mente. Remédios pra dormir não estavam me ajudando e eu tinha medo de dormir à noite e sonhar outra vez aquilo. Eu não queria mais sonhar.
Então tentando de alguma forma acabar com essa dúvida e angústia que vem me matando aos poucos, durante a semana procurei pelo delegado que veio até minha casa no dia que meu pai faleceu e cuidou do caso, marquei com ele em um restaurante simples da cidade pra conversar com ele, eu não podia chamar atenção de forma alguma, além de que as pessoas podiam interpretar errado como sempre, tablóides só querem o seu um minuto de fama, e eu não queria especulações logo depois do casamento e principalmente que Cristian soubesse.
Ele não podia saber de forma alguma.
Consegui marcar com ele somente na sexta feira à tarde, fiquei na ansiedade e ele em momento algum me questionou sobre o restaurante pouco conhecido. O delegado Vincent era muito respeitado no país, muito conhecido por resolver casos sem soluções e por isso ele foi mandado para minha casa naquele fatídico dia, mas o legista disse para mim, minha mãe e para ele que foi morte súbita, uma coisa que já não tenho certeza. Dirigi o caminho totalmente distraída, pensando em como tudo mudaria se minha intuição estivesse certa, eu ainda estava devastada por ter presenciado algo tão cruel, tão desumano e como se não fosse o suficiente, aquela carta chegou como um balde de água fria sobre mim, para me lembrar mais uma vez que não foi um sonho e que pessoas ruins provavelmente vivem comigo, mas desde quando?
Quando cheguei em frente ao local, peguei um lenço grande o suficiente para cobrir minha cabeça e coloquei imediatamente, em seguida botei óculos escuros, depois de estacionar saí do carro olhando para os lados e entrei, logo um rapaz me direcionou até a mesa que reservei e o delegado Vincent já estava lá, como esperado ele era pontual. Não pude deixar de notar o quanto ele era corpulento, sentado dava para notar perfeitamente, quando me viu ele se levantou para me cumprimentar, ele estava na casa dos trinta e cinco anos, sei disso pois há uns meses saiu a foto dele em uma revista o parabenizando, ele tinha o maxilar marcado, cabelo preto, sardas e seus olhos eram tão escuros quanto a noite, intensos.
- Sra. Donfort ou já devo chamar como Sra. Ivanov? - Disse com um pequeno sorriso.
- Apenas Olívia, por favor. - Sorri de volta.
- Tudo bem Olívia, sente-se - Ele puxou a cadeira pra eu poder me sentar.
- Obrigada.
- Nada - Sentou-se na minha frente - Como posso ajudá-la? Tem dois anos que não nos vemos, algo aconteceu?
- Bom, sendo bem direta, eu queria saber se tem como exumar o corpo do meu pai. - Eu estava nervosa com as perguntas que viriam a seguir, talvez não soubesse responder nenhuma e minhas mãos delatavam isso.
- Tem sim, mas porque esse desejo repentino depois de dois anos?
- É que... - Tirei os óculos de sol e botei sobre a mesa, suspirando. - Não acho que meu pai morreu de morte súbita, existe essa possibilidade?
- Querida, seu pai morreu de morte súbita, eu conferi o laudo da perícia. - Seus olhos se firmaram nos meus, tentando tirar mais de mim - Por que pensa isso?
- Eu lembro do meu pai ficar doente aos poucos antes de morrer, mas ele não me falava o que era... Se tiver sido morte súbita mesmo, tem como ser provocada?
- Olívia, o que está acontecendo?
- Já expliquei... - Fechei os olhos ficando nervosa - Só me responda.
- Tem sim, se ele tinha algum problema relacionado ao coração e não era tratado, tanto remédios quanto estresses podiam ser fatais.
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Promessa Perigosa
RandomOlívia, herdeira de uma empresa em crise, é forçada a casar-se com Cristian, um homem enigmático com conexões obscuras. A pedido de sua mãe, ela sacrifica sua liberdade para honrar a memória do pai. No entanto, Cristian esconde segredos sombrios e s...