Conexões Inesperadas

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Os dias seguintes foram marcados por uma nova rotina que começou a se formar entre Faye e Yoko. Faye se surpreendeu ao descobrir que havia um prazer inesperado em cuidar de Yoko, como se o papel de protetora e amiga a ajudasse a enfrentar seus próprios medos e inseguranças. O diário, agora quase cheio de pensamentos e desabafos de Yoko, tornou-se um elo importante entre elas. Cada vez que Yoko escrevia algo novo, Faye se sentia mais próxima dela, como se estivesse aprendendo mais sobre a garota que muitas vezes parecia tão distante e confusa.

Era uma manhã ensolarada quando Faye decidiu que era hora de levar Yoko para um passeio leve. Após um breve café da manhã, ela se aproximou de Yoko, que estava reclinada na cama, segurando o diário nas mãos.

— O que você acha de darmos uma volta no parque? — Faye sugeriu, um sorriso tímido nos lábios. — Você precisa respirar um pouco de ar fresco e, quem sabe, isso ajude a clarear sua mente.

Yoko hesitou, olhando para a janela onde o sol brilhava intensamente. Ela ainda estava se acostumando com a ideia de sair de casa e se expor, mas algo na empolgação de Faye a incentivava.

— Ok... só um pouco, então. Não quero fazer nada que o médico não aprovar — Yoko respondeu, levantando-se lentamente.

— Vou garantir que você não faça esforço, prometo! — Faye riu, ajudando Yoko a se levantar. — E se precisar, eu estarei ao seu lado.

Enquanto caminhavam pelo parque, Faye notou como Yoko parecia mais relaxada. O ar fresco e o sol a faziam brilhar de uma forma que ela não havia visto há muito tempo. Faye a observou, admirando a beleza que ainda existia em Yoko, mesmo nas circunstâncias complicadas em que se encontrava.

— Faye... — Yoko começou, hesitando. — Você acha que eu sou uma boa mãe?

A pergunta pegou Faye de surpresa. Ela parou, olhando para Yoko com sinceridade.

— Você está perguntando isso agora? — Faye riu levemente, tentando quebrar a tensão. — Olha, eu não sou uma expert em maternidade, mas você se preocupa tanto com essa criança. Eu não acho que alguém que não fosse uma boa mãe se preocuparia tanto assim.

Yoko soltou um suspiro, mas não parecia completamente convencida.

— Às vezes, eu sinto que não sou suficiente. Eu não tenho ideia do que estou fazendo. — Ela olhou para o chão, os pés afundando na grama macia. — Eu só... não quero fazer nada de errado.

Faye parou e virou-se para Yoko, segurando seus ombros de forma gentil.

— Ninguém sabe tudo sobre ser pai ou mãe antes de ter uma criança. E isso é normal. O que importa é que você esteja disposta a aprender e a se preocupar com o bem-estar dela. Isso é o que realmente importa.

Yoko assentiu lentamente, e um leve sorriso começou a aparecer em seu rosto. A conversa a estava ajudando a ver as coisas sob uma nova luz.

— Obrigada, Faye. Você sempre sabe o que dizer para me acalmar. — Yoko olhou para Faye, com gratidão nos olhos.

O caminho as levou até uma fonte, onde o som da água correndo criava um ambiente calmo. Elas se sentaram em um banco próximo e observaram as pessoas passando, algumas com crianças pequenas correndo ao redor, rindo e brincando. Yoko ficou pensativa por um momento.

— Você já pensou em como será a vida com um bebê? — Yoko perguntou, um toque de curiosidade na voz.

Faye refletiu por um momento, lembrando-se de suas próprias experiências e medos.

— Não muito. Para ser honesta, a ideia de ter filhos sempre me pareceu um pouco... assustadora. A responsabilidade de cuidar de outra vida, de moldá-la... — Faye suspirou, lembrando-se de sua própria infância. — Mas ao mesmo tempo, eu posso ver o quanto é bonito. Ver um bebê crescer e descobrir o mundo... deve ser incrível.

Yoko sorriu, notando como a visão de Faye sobre a maternidade era diferente da sua.

— Eu espero que eu consiga fazer isso... — Yoko disse, seu olhar fixo na fonte. — Às vezes, me pergunto se vou ser capaz de dar a esse bebê uma vida feliz e saudável.

Faye percebeu a ansiedade em Yoko e, para seu próprio espanto, uma ideia surgiu em sua mente.

— Que tal começarmos a fazer planos para o futuro? — sugeriu Faye, entusiasmada. — Podemos pensar em como você quer criar essa criança, que tipo de ambiente você deseja proporcionar.

Yoko virou-se para olhar Faye, uma expressão de surpresa misturada com esperança.

— Sério? Você faria isso comigo?

— Claro! — Faye respondeu, já imaginando as possibilidades. — Podemos fazer um planejamento. Eu estarei ao seu lado, ajudando no que for possível. 

As palavras de Faye deixaram Yoko emocionada. Ela sorriu amplamente, o medo que a consumia um pouco mais distante naquele momento.

— Isso significaria muito para mim, Faye. Nunca pensei que você se importasse tanto.

— Para mim, você não é apenas uma amiga, Yoko. Você é como uma jóia pra mim  , e quero o melhor para você e para essa criança.

Yoko olhou para Faye, seus olhos brilhando com uma mistura de emoção e gratidão.

— Obrigada. Eu realmente não sei o que faria sem você.

As duas ficaram em silêncio por um momento, desfrutando da companhia uma da outra. O peso do mundo parecia um pouco mais leve, e pela primeira vez, Yoko começou a vislumbrar a possibilidade de um futuro ao lado de Faye. Mesmo com todas as incertezas que viriam, havia um conforto na amizade que compartilhavam.

Enquanto isso, Faye sentia que estava se abrindo para algo que nunca tinha imaginado: um papel na vida de alguém que ia muito além do que ela havia planejado. E, mesmo que houvesse medos e incertezas, o futuro começava a parecer um pouco mais claro.

A amizade delas estava se fortalecendo, criando uma rede de apoio que nenhuma delas poderia ter previsto. E com isso, o caminho a seguir se tornava um pouco mais fácil.

Entre Cores e SilênciosOnde histórias criam vida. Descubra agora