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trinta dias para a despedida.

Helena

── Ô Helena, se liga. — Gabriel resmungou enquanto eu jogava as cartas na frente dele, concentrada.

── Cala a boca, sua voz tá me irritando, tirando minha concentração e fazendo a energia positiva se tornar negativa. Egum! — Falei me concentrando nas cartas e ele suspirou.

── O que é e Egum?

── Teu pai de santo. — Respondi rápido. ── Sério, fica quieto aí.

Ele ficou em silêncio e eu peguei as cartas, sentindo um frio arrepio percorrer pela minha coluna enquanto eu entendia a mensagem delas. Por um lado eu estava bem feliz por ele, mas as possibilidades me deixavam um pouco pensativa.

── Gabriel, sua carreira vai ascender muito. — Falei baixo. ── Sério, o triplo do que está agora, só que... Você vai ter que abrir mão de coisas ou pessoas importantes para você. — Falei a última parte mais para mim do que para ele.

── Como assim, Lê? Abrir mão de coisas para ascender? Mas minha carreira já tá boa.

── Mas vai ficar melhor. — O encarei. ── Muito melhor, mas você vai ter que fazer uma decisão aqui... Vai ter que abandonar ou pessoas ou situações, coisas que te façam muito feliz para isso acontecer. A oportunidade vai chegar e você vai lembrar desse momento.

Ele se remexeu, desconfortável.

── Não gostei da sua macumba.

── Cala boca, energia ruim. — Resmunguei. ── Quero tirar sua vida amorosa mas tô com medo de aparecer algo que eu não queira ver.

── Tira ai.

Hesitei, mas fiz. Embaralhei e joguei as cartas, as organizando e torcendo a boca ao tentar entender os resultados. Prendi meu cabelo e respirei fundo, claramente decepcionada.

── Não é das melhores. Confusão, brigas e até um possível afastamento. Muita confusão! Não gostei disso. — Resmunguei e ele riu baixinho.

── Deixa eu tentar. — Ele falou pegando as cartas e eu franzi as sobrancelhas.

── Você nem sabe fazer isso.

── Xiu, Egum.

── Você nem sabe o que é um Egum.

── Você me chamou de Egum, então coisa boa não é. — se justificou jogando as cartas e pegando aleatoriamente algumas, me mostrou a carta do mago. ── Sabe o que diz aqui? Helena, é essa daqui. — Puxou duas cartas. ── Me ama para caralho, e nos se ama, e ninguém vai se meter no nosso amor, tendeu?

── Idiota. — Respondi rindo.

── Não consigo acreditar nessas coisas, mas de boa, se você acredita eu respeito. Até te deixo me usar de cobaia para ver o futuro.

── Gabriel, eu não prevejo o futuro.

── Você acabou de prever!

lentes no horizonte, gabriel medina. Onde histórias criam vida. Descubra agora