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Crystal
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— Meus amores, eu sei que meu jardim está maravilhoso, mas vamos entrar? – minha mãe disse pela janela

— Já estamos indo querida

Antes de me virar para a direção da minha mãe, limpei meu rosto com a palma das mãos, me forçando a dar um sorriso — Já vamos mãe

— Não demorem, preciso que me falem o que querem para o jantar – disse, sumindo da janela

Encarei o chão, respirando fundo tentando parar com o choro antes de entrar, o problema era que as lágrimas pareciam ter vontade própria, eu simplesmente não conseguia contê-las. Não parava de pensar se a teoria do meu pai estava certa, se aconteceu alguma coisa que fez Kyra ter dito aquelas coisas para mim… foi essa a forma que achou para me afastar? Mas porque? O que pode estar acontecendo de tão grave para que ela fizesse isso?

Sentia o olhar do meu pai em mim, sabia que ele estava preocupado comigo. Acho que estou sendo o motivo das preocupações de todos ultimamente… e saber disso não está me ajudando muito. Sinto um carinho em meu cabelo, levantei o olhar para meu pai.

— Vai ficar tudo bem, minha filha – assenti enquanto ele limpou minhas lágrimas com o polegar. — Vamos entrar? Sua mãe daqui a pouco grita pela gente de novo – diz, dando um pequeno sorriso

— Vamos! – respondi, tentando encontrar forças no sorriso do meu pai. Caminhamos juntos em direção à casa, e a cada passo, eu sentia o peso das emoções se dissipando um pouco mais.

Ao entrar, vi Miguel que dormia tranquilamente no sofá. Tadinho deve está exausto da viagem, vou até ele e faço um carinho em seu cabelo, ele resmunga um pouco mais não acorda, isso me faz sorrir, vendo sua tranquilidade me vi desejando isso também. Ele parecia tão em paz, alheio a qualquer preocupação, diferente de mim.

Meus pensamentos, no entanto, estavam longe de se acalmar. Quando falam que devemos seguir o nosso coração, não dizem como é difícil, ir contra a razão.
A batalha  entre o coração e a razão continuava feroz dentro de mim. Meu coração queria que eu tentasse, implorando que eu buscasse uma explicação, enquanto a razão me lembrava das palavras duras que ouvi, me aconselhando a manter distância.

Era difícil não me deixar atormentar com tantos “e se” que vinham como um furacão.

“E se essa sensação de que ela mentiu for apenas uma fase de negação?”
“E se eu fui apenas uma novidade para ela, mesmo?”
“E se eu a procurasse? O que ela diria?”

— Não acredito que esse menino ainda não foi tomar banho – minha mãe exclamou, interrompendo meus pensamentos. Olhei para Miguel, ainda dormindo no sofá, e sorri levemente.

— Eu vou acordá-lo, mãe — respondi, me aproximando dele novamente. Toquei seu ombro suavemente. — Pinguinho, acorda. Você precisa tomar banho antes do jantar.

Ele resmungou, abrindo os olhos lentamente. — Mas já, Crys? — perguntou, com a voz sonolenta. — Ainda quero dormir

— Sim, já. Vamos lá, levanta — insisti, o ajudando a se levantar do sofá. Ele se espreguiçou e, ainda meio grogue, começou a ir na direção do banheiro. — Tem que tomar um banho mesmo, já tá com um cheirinho vindo até aqui – brinquei balançando as mãos na frente do nariz, Miguel fez uma careta, mas seguiu seu caminho até o banho.

(Nem) Todos os Clichês São IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora