Prólogo

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Era uma noite como tantas outras em Atena, uma cidade onde as artes respiravam nas sombras e a história se misturava ao sussurro do vento. As ruas estavam envoltas em uma névoa densa, e a luz fraca das lâmpadas de pinceladas parecia vacilar diante de uma escuridão que engolia tudo ao seu redor.

Dentro da Biblioteca das Almas Perdidas, os ecos das páginas antigas sussurravam segredos que só os escritores mais corajosos ousavam decifrar. Havia algo de peculiar naquela noite, algo que parecia mexer com o próprio tecido da realidade. Uma figura solitária, com um manto negro arrastando-se pelo chão de mármore gasto, aproximava-se de um livro empoeirado, esquecido em um canto. A figura, um homem marcado por cicatrizes e tatuagens de símbolos antigos, tinha olhos que pareciam abismos.

Era Damon, o outrora grande artista que se tornara uma lenda sombria, uma presença temida por todos os clãs. Suas mãos firmes se estenderam para o livro, conhecido apenas como o Liber Obscurus, um tomo proibido de magia escrita. Damon abriu suas páginas com reverência e desprezo ao mesmo tempo, como se ali repousasse a verdade e a maldição da arte.

"Os sete instrumentos," ele murmurou, enquanto os símbolos nas páginas pulsavam em um tom carmesim. "A chave para o controle absoluto... e para minha imortalidade."

Damon havia sacrificado tudo pela perfeição, perdido o que mais amava e se entregado às artes das trevas. Agora, sua única obsessão era reunir os sete instrumentos lendários, artefatos que carregavam o poder absoluto das artes. Diziam que aquele que os possuísse controlaria não apenas as manifestações artísticas, mas também as almas daqueles que ousaram criar.

Enquanto Damon sussurrava antigos feitiços, as sombras ao seu redor dançavam de maneira quase ritualística. Os corvos, sempre testemunhas silenciosas de seus feitos, crocitavam no alto das torres. No fundo da sala, um som suave de cordas desafinadas ecoava, como um violino clamando por ser tocado uma última vez.

"Em breve, o mundo conhecerá a verdadeira arte," Damon murmurou, com um sorriso sombrio. "E ninguém será poupado de sua beleza ou de sua destruição."

Em outro canto de Atena, distante do terror que se formava na biblioteca, um jovem chamado Claus Laerth Da Vinci sentia o peso do destino em seus ombros. Sentado diante de seu caderno de anotações, ele mal conseguia escrever uma única linha. Suas mãos tremiam, não pelo medo de falhar, mas pela certeza de que sua escrita seria a única arma capaz de deter a ascensão das trevas.

O vento uivava lá fora, como se a própria cidade estivesse ciente do que estava por vir. O confronto não seria apenas de poder, mas de propósitos. E os sete instrumentos das sombras esperavam por aquele que ousasse tocar suas cordas, pintar com seus pincéis e dançar com seus passos sombrios.

As artes nunca foram apenas criações; elas sempre foram armas. E a batalha para dominá-las estava prestes a começar.

Claus e os 7 Instrumentos Das Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora