CAPÍTULO UM- A LUZ EM MEIO ESCURIDÃO

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Uma grande tempestade deixava as ruas de Dawnstreet escuras, o som da chuva batendo contra o asfalto e dos trovões ao longe preenchendo o ar. O barulho dos carros passando parecia distante, abafado pela força da chuva. Mesmo assim, um grupo de amigos decidiu se reunir em um belo restaurante da região.

Dylan estava mais quieto naquela noite. Sentado à mesa, ele olhava distraído pela janela, observando as gotas de chuva escorrerem pelo vidro. O som parecia mais forte do que o normal, como se o mundo ao seu redor estivesse amplificado de alguma forma.

— Dylan, você está muito sério hoje, não acha? — Mia perguntou, quebrando o silêncio, sua voz suave, mas carregada de curiosidade.

Dylan desviou o olhar da janela, dando um pequeno sorriso, mas havia algo em seus olhos que refletia uma inquietação. — Aí, Mia... Não sei, não estou me sentindo muito bem desde de manhã. É como se... houvesse um peso sobre mim. Algo que eu não consigo explicar.

— Um peso? — Lilian arqueou uma sobrancelha, guardando o celular no bolso e se inclinando para frente, interessada. — Você acha que pode estar doente ou algo assim?

— Não é bem isso... — Dylan deu de ombros, passando a mão pela nuca, como se tentasse encontrar as palavras certas. — Não é físico, entende? É como se... fosse algo dentro de mim. Como se eu estivesse conectado a algo, e ao mesmo tempo distante de tudo.

Mia franziu o cenho, olhando profundamente para Dylan. — Você tem certeza de que está tudo bem? Parece que tem algo te incomodando além disso.

Ele suspirou, apoiando os cotovelos na mesa e olhando para as mãos, que estavam entrelaçadas. O som ao seu redor — da chuva, das conversas no restaurante, até mesmo dos passos de pessoas do lado de fora — parecia estar ficando cada vez mais alto. Ele sentia cada pequeno ruído com uma intensidade que não era normal.

— Eu não sei como explicar, mas desde que acordei hoje de manhã, tudo parece... mais intenso. Como se os sons estivessem me cercando, pressionando. Às vezes é tão forte que minha cabeça lateja. — Ele fez uma pausa, os olhos vagando pela mesa. — Isso me faz pensar... já tiveram a sensação de que algo dentro de vocês está mudando, mas vocês não sabem o que é?

Mia e Lilian trocaram olhares breves. A tempestade lá fora rugia, mas, dentro do restaurante, um silêncio confortável pairava entre elas.

— Eu acho que sei o que você quer dizer — Mia começou, sua voz suave, mas com um toque de reflexão. — Às vezes parece que estamos à beira de algo... como se estivéssemos prestes a descobrir uma parte de nós que sempre esteve ali, mas que nunca soubemos como acessar.

— Exato. — Dylan assentiu lentamente. — É exatamente isso. Como se algo estivesse esperando para ser despertado. Eu só... não sei o que é. Mas sinto que não tenho controle.

Lilian, que geralmente brincava e evitava conversas sérias, estava quieta. Ela olhou para Dylan com uma expressão mais suave, quase preocupada. — Talvez seja só uma fase, Dylan. Pode ser estresse, sabe? A vida tem sido meio complicada para todos nós ultimamente.

— Talvez... — Dylan respondeu, mas sua voz estava distante. Ele olhou pela janela novamente, observando o reflexo das luzes da cidade se misturando com a chuva. Mas agora o som não era apenas algo que ele ouvia — ele sentia as vibrações da tempestade no fundo de sua mente, como se a batida constante das gotas estivesse sincronizada com seu próprio coração.

O silêncio caiu sobre eles de novo, mas dessa vez, Mia o quebrou com uma leve risada. — Olha, de qualquer forma, precisamos aproveitar nossa noite, certo? — Ela tentou puxar a conversa para algo mais leve. — Não é todo dia que saímos, mesmo com a tempestade lá fora.

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⏰ Última atualização: Oct 24 ⏰

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