Rio é uma garçonete entediada que, nas horas vagas, atua como hacker por diversão. Quando um de seus ataques a liga a um assassinato, ela decide fazer uma proposta ousada para a polícia: ajudaria a resolver o caso e outros crimes cibernéticos, mas e...
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nunca tinha visto alguém prestes a se matar. Nas cenas de crime em que eu costumava chegar, as vítimas já estavam mortas. Soltei a coleira do Sr. Scratchy e o saco com lanche e vinho e corri até a mulher. Puxei sua blusa com força, fazendo―a cair de costas no chão, com um baque surdo.
― Isso doeu ― murmurou a mulher, claramente irritada. Agora, com o rosto visível, eu percebi. Era a garota da lanchonete onde eu almoçava todo dia.
― Eu não sabia que você morava aqui ― falei, confusa.
― Eu não moro ― ela respondeu, ajeitando o cabelo com uma expressão irritada. O Sr. Scratchy, sempre simpático, estava agora pulando em volta dela, fascinado. Eu observei melhor. Ela era até bonitinha.
― Não fale assim comigo, garotinha. Eu estava tentando te salvar ― rebati, sentindo o calor da frustração subir. Ela me olhou com uma expressão que não sabia se era deboche ou indiferença. ― Eu não sei como está sua vida, mas morrer não é a solução.
― Quem disse que eu estava tentando me matar? ― ela retrucou, sentando―se em um banco próximo, enquanto acariciava o Sr. Scratchy, que agora parecia completamente à vontade.
― Parecia que você ia se jogar ― gaguejei um pouco, tentando manter a postura de policial.
― Nem tudo é o que parece, sabia? E como assim "garotinha"? Quantos anos acha que eu tenho? ― disse ela, em tom desafiador.
― Sei lá... uns 16, 17 talvez? ― chutei, baseando―me em sua aparência jovem. Ela certamente não tinha mais do que 19.
― Errou feio, mas vou aceitar isso como um elogio ― ela riu, zombando de mim. ― Eu só estava ouvindo música e gosto de ficar em parapeitos. A vista daqui é incrível ― disse, tirando os fones de ouvido e me mostrando como se fosse algo normal.
― Eu sei que a vista é linda, mas isso é perigoso ― avisei, tentando parecer firme.
― Eu gosto do perigo ― ela comentou. Por um instante, pareceu um flerte, mas logo descartei essa ideia. Era só minha mente me pregando peças.
― Cada maluco que aparece... ― murmurei, passando a mão no rosto, tentando processar o que estava acontecendo.
― Maluca não, pensamentos fora da caixa ― corrigiu ela, com um sorriso provocador.
― E eu preferiria não ter tomado um susto hoje ― suspirei, sentando―me no banco em frente a ela e entregando o comedouro congelado para o Sr. Scratchy, na esperança de acalmá―lo.