A VOZ ANGELICAL DE THALIA RESSOA PELO BAR INTEIRO, quase abafando os gritos bêbados, Vi esfrega as mãos pelo cabelo preto manchado, sentindo as pontas dos dedos penteando seu couro cabeludo, enquanto o cheiro de álcool, o qual Vi não sabe se vem de seu copo meio cheio ou de sua pele meio grudenta pelo suor seco da luta mais cedo.
Ela queria gritar, talvez bater seus pés, e encarar os malditos olhos de sua infância inteira, cantando sobre o palco pequeno. Vi estava um pouco menos perdida na última semana, não que seja muita coisa, dessa vez Vi sabia identificar quando o seu estomago começava a revirar e ela iria vomitar, sempre sabia disso por que Thalia cantava sobre um amor passado que ela odeia, mas sente falta, Vi sabe que quando chega essa música, algo dentro dela se remexe até jogar o copo para o lado, esperar meia hora para se embriagar.
Vi estava um pouco menos perdida por que sabia que Thalia estaria ali, e de alguma forma foi reconfortante, quase como um contrato silencioso, Vi sabia que ela estaria lá, cantando para ela como em sua infância, curando as feridas em seus punhos e a fazendo abraçar o copo de cerveja barata, Thalia poderia saber que é ela e concordar com os termos certo?
Talvez não, ela sabe como está diferente daquela época, quando tinha vida no olhar e determinação de duas melhores.
Agora...
Agora Vi se esquece do poço fundo em seu peito toda noite nesse maldito bar.
E droga, Thalia parecia bem, sorrindo e cantando como sonhava quando tinham os seus quinze anos, Vi ainda se lembra de como seus olhos brilhavam quando roubaram uma cobertura em Piltover e Thalia viu o violão em um canto no quarto, e desde então se tornou insuportável com aquele pedaço de música.
Violet ri, pensando como queria quebra-lo na época, e hoje, daria tudo para encara-la sobre a brisa leve do fim de tarde, tocando aquele objeto de forma graciosa a quase uma hora, e então quando parava, divagava de como suas letras ainda não estavam boas o suficiente, rasas demais.
❞Para de ser dramática, estão... profundas, seja la o que isso significa❞
Vi ri de si mesma do passado, hoje ela entende o que Thalia queria dizer, a escutando cantar como é um inferno ter um amor casual que se mistura com a amizade de cama, suas letras sobre o futuro parecem idiotas.
Talvez fossem.
Não que ela ligue.
Seus olhos se abrem desfocados, olhando a forma do bar a sua frente, a parede cheia de garrafas, um resmungo saindo de seus lábios, Vi não sabia se era a dor na costela do soco mais cedo, ou a sua mente turva demais para processar os estímulos externos, vida é uma droga afinal. A cabeça se ergue pesadamente, girando até se virar na direção do palco, Thalia estava diferente, assim como em toda noite desde começou a trabalhar aqui, algumas noites seus cachos dourados banhados pela luz colorida estão presos em penteados mirabolantes, o deixando mais armado, coques bagunçados combinando com suas maquiagens coloridas do vermelho vivo, se intensificando com o vinho e marsala, marcando seus olhos verdes.
Sempre deslumbrantes demais, quase chegando a doer.
A luz rosa banha sua pele e os cachos dourados meio presos, fazendo Vi batucar a mesa e suspirar, bebendo ainda mais do seu copo. Thalia finaliza o show, o que deve significar que é entorno de uma da manhã, Vi deveria ir para casa, nas não exatamente preocupada com isso, Thalia vai para casa, ou seja lá aonde vai quando termina, mas ela some, evaporando assim como aconteceu a sete anos.
Droga, ela não evaporou, foi Violet.
Thalia ficou para morrer no chão sangrando, e Vi achou que estava morta mesmo, parecia morta, seja lá o que aconteceu que a deixou viva, talvez ela queira saber.
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𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝐷𝑜𝑟 ─ᴀʀᴄᴀɴᴇ─
Fanfic❞Os malditos olhos de Thalia, que marcaram sua alma e seu corpo, e agora, Vi se via viciada como uma droga na imensidão deles❞ ༗ Às vezes, o amor é lindo, como botões de rosas em seu desabrochar, pe...