Maven Dawson
Quatro anos atrásA gritaria encheu o lugar e Elen foi para o banco do passageiro antes que alguém visse ela dirigindo.
Se eu soubesse que teria a Quinn dirigindo no meu colo hoje, teria agradecido o Will desde o começo por isso. Agora não consigo dizer exatamente o que me deixou de pernas bambas, se foi a adrenalina ou se foi tê-la em cima de mim, assistindo-a dirigir na pista, acelerando não só o carro, como também aquelas batidas em meu peito.
Os gritos eram eufóricos ao ponto de doer os ouvidos, mas pude ver aqueles que perderam apostas parecerem bem desapontados.
Quando saí do carro, a multidão gritou ainda mais e Will se aproximou de mim, envolvendo um braço em meu pescoço.
- Elliot vai ficar puto por isso. - Por um lado, eu entendia ele, por outro, não ligava - Soube que ele apostou muita grana, dizendo que iria ganhar de você fácil. Acho que ele vai perder muito dinheiro depois disso, mas agora é torcer pra ele não ser rancoroso. - Riu.
De fato, Elliot estava bem bravo. Ele saiu do carro batendo a porta fortemente, pisando os pés até mim, como uma feição nem um pouco boa. Se um dia eu pensei que ele fosse chato e arrogante, agora eu tinha certeza.
- Você me paga, Maven - Seu dedo, trépido de raiva, foi até meu peito. - Nem que leve anos.
Seu olhar desviou para o meu carro, de onde Eleanor acabara de sair, e uma carranca surgiu em seu rosto ao ver a garota. Sem dizer nada, ele foi embora, ainda de cara emburrada, emanando raiva em seu bater de pés.
Ignorando tal situação, virei-me para Will novamente, que parecia estar divertido com a raiva do Graves.
Não é bem legal perder uma corrida, já me aconteceu antes e posso afirmar isso. Mas, nossa, não imaginei que Elliot era um péssimo perdedor e que ficaria tão bravo assim por conta de um dinheiro que a família dele tinha de sobra. Ele era bem parecido com o meu irmão, soberbo e sem noção
Will riu, me estendeu um cigarro e eu aceitei, acendendo ele com aquele mesmo isqueiro do meu bolso.
Ganhar de um bom perdedor já é legal, mas é melhor ainda a sensação de ter atingido alguém tão facilmente assim. Essa é a verdadeira graça da competição.
Posso não ser um bom perdedor, até porque não sou de perder, mas sou um vencedor ainda pior. Elliot teve sorte, ou eu teria me gabado muito.
Assim que soprei a fumaça para o céu, senti um abraço por trás. Quando me virei, vi Aylin com um sorrisinho nos lábios.
- Ganhou mais uma, como sempre. - Me entregou um bolo de dinheiro. - Não sei porque não estou surpresa.
- Sou bom no que faço. - Realmente, sou um péssimo vencedor.
Aylin olhou ao redor, seus olhos pousando em Elen, que conversava com uma amiga.
Não esboçou nenhuma reação, parecia apenas analisar a ruiva de cima a baixo. Depois de alguns segundos encarando Elen, Aylin se virou novamente para mim.
- Gosta mesmo dela? - seu questionamento soou mais como uma acusação.
A partir de sua pergunta, comecei a duvidar dos meus sentimentos. Talvez eu gostasse dela, mas, lá no fundo, sentia que não era apenas isso. Aquela vontade enorme de estar perto dela, de tocá-la e de apenas vê-la existir, não era algo que se sente quando se apenas gosta de alguém.
Eu me sentia praticamente um íman assim que via aqueles malditos olhos verdes; eles eram como um enorme mar verde que eu queria e precisava mergulhar. A cada dia que passava, eu sabia muito bem que eu estava me afogando ainda mais neles, mas mesmo assim, não me preocupava.
Os dedos de Aylin estalaram em frente aos meus olhos e eu voltei para a realidade.
- Vou considerar isso como num sim. - Ela sorriu e voltou a me abraçar.
Cheirei o cabelo dela e algo como banana doce encheu meu nariz.
Esse cheiro me fez lembrar de um dia, quando éramos crianças, em que ela comprou produtos para cabelo com cheiro de banana e me obrigou a usar também. Gastamos tudo em um dia e aquele cheiro durou semanas.
A minha amizade com Aylin me salvou em vários momentos. Ela sempre deu seu melhor para me deixar feliz e eu sou muito grato por isso.
Houve uma época, logo após a morte da minha mãe, que eu fiquei muito deprimido. Não ia à escola, ficava mal justamente por não conseguir ir à escola, me culpava pela morte da minha mãe e vivia no quarto, chorando até dormir. Naquele momento, eu queria ter minha mãe ali comigo. Foi então que Aylin cansou de me ver daquele jeito e brigou comigo, e foi uma briga muito necessária. Desabafei tudo que guardava dentro de mim há muito tempo e ela me apoiou, ouvindo cada palavra e choro que vinham direto do meu âmago, da parte mais profunda de mim que tive coragem de abrir para ela.
- Eu tô apaixonado, Al. - Sussurrei contra sua cabeça, meu braço envolvendo seu pescoço.
Ouvi uma risadinha abafada saindo de seus lábios que estava contra meu peito.
- Eu percebi.
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Fire Game
RomanceEleanor Quinn Ele voltou, e, se antes ele já era ruim, agora ele é pior. Mas eu não vou fugir como antes, nem vou permitir que ele me veja vulnerável de novo. Você gosta de brincar com chamas e eu quase morri por isso, Maven. Eu não sou a mesma garo...