Mechendo com meu mundo

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Eu procurava forças para levantar da cama não sentia disposição para ir à escola até porque é o lugar que eu menos gostava de estar. Levantei sem muita vontade e me arrastei até o banheiro, olhei-me no espelho eu nunca me agradei com minha aparência tinha longos cabelos negros e ondulados a pele um pouco pálida e olhos verdes. Saí da frente do espelho e fui para o banho, me sentia cansada, mas tentei ser rápida. Vesti a farda e passei um lápis de olho. Olhei a hora e estava atrasada! Corri para a cozinha e peguei uma pêra fui barrada por um dos braços da minha mãe. Com aquela mesma palidez igual a minha, de olhos azuis e cabelos curtos e lisos. Não era a toa que pensam que somos irmãs, éramos idênticas. A minha mãe era administradora de uma grande empresa, era somente eu e ela. Meu pai, bom infelizmente não o conheço. Minha mãe não curte falar sobre ele a única coisa que sei é que se separaram quando eram jovens e desde então perderam o contato.

- Você não vai se alimentar direito Nicole? Precisa comer minha filha, está emagrecendo. Você não precisa fazer dieta tem o corpo perfeito. - disse com um sorriso malicioso. E eu sabia o que ela queria dizer ela sempre quis que eu tivesse uma carreira como modelo, mas isso realmente não era pra mim. Eu me interessava por música, livros e talvez uma carreira como psicologia.

- Mãe já conversamos sobre isso. Eu preciso ir estou atrasada.

-Tá, cuidado minha pequena. Te amo filha. - respondeu com um sorriso meigo.

-Também amo você, até mais tarde. - lhe dei um beijo no rosto e fui até a porta. Sai de casa e peguei os fones de ouvido na mochila, vasculhei no celular a procura das minhas músicas prediletas e coloquei para tocar a banda que mais gostava Nightwish. O dia estava nublado e abafado. Fui para o ponto e me sentei esperando o próximo ônibus passar. Não demorou muito pra que ele chegasse, entrei e paguei a passagem. Fui em direção aos acentos que ficavam mais no fundo onde gostava de sentar, porém para a minha surpresa o lugar já estava ocupado e muito bem ocupado... Era um garoto muito lindo por sinal. Tinha os cabelos lisos até os ombros, olhos castanhos claros - nunca vi olhos como esses - disse pra mim em meio ao meu devaneio. Ele parecia muito relaxado com um fone enorme de Studio balançando a cabeça, batendo os pés e mexendo as mãos como se tocasse uma bateria imaginária, mas o que eu não percebi foi que estava em pé o encarando. Adiantei-me querendo sentar antes que caísse com o balançar do ônibus, caminhei devagar e cuidadosamente, pois o meu corpo tinha mania de desordenar minha coordenação motora quando ficava nervosa como estou agora, não sei dizer exatamente porque estava me sentindo assim. Cheguei ao assento e quando tirei a mochila das costas ele me olhou arqueando as sobrancelhas como quem acaba de se impressionar, olhos perfeitos me fitando daquele jeito o olhar dele era curioso e me deixava tonta naquele momento senti um tipo de química rolado entre nós depois de um tempo me olhando sorriu pra mim e eu gelei fiquei sem saber o que fazer retribui com um sorriso sem graça e sentei. Fiquei me perguntando sobre o que acontecera, mas preferi não dar muita importância ele poderia estar querendo ser simpático ou só zoar comigo. Quando o ônibus parou me levantei evitando olhar para qualquer lugar que não fosse a saída mesmo sem saber se ele ainda estava lá quando desci arrisquei olhar pra trás, e meu olhar encontrou o dele novamente dessa vez ele estendeu a mão dando tchau. Na escola, eu era o centro das atenções quando chegava não gostava muito, pois não me olhavam por ser bonita ou ser popular muito menos porque gostavam das minhas vestes era considerada como estranha por não me adequar ao padrão de menina normal, mas eu sempre fingi não dar importância embora me sentisse deslocada, porém tinha uma parte boa eu não precisava fazer parte do grupinho de garotas que se vangloriavam por ter pais que sempre bancavam tudo e faziam suas vontades só que era o último ano e eu podia me sentir um pouco aliviada por me livrar daquele hospício. Eu odiava aquela euforia e conversas sobre namoros e o que mais me irritava eram aqueles suspiros que aquelas garotas soltavam enquanto falavam de seus sentimentos eu achava aquilo tudo muito patético preferia me trancar em meu mundo, em meu esconderijo assim não correria riscos de me apaixonar ou de sofrer decepções mesmo sabendo que as coisas não funcionavam assim, você não manda em seus sentimentos eles mandam em você. Minha melhor amiga Samara estava sentada nas últimas carteiras da sala e me esperava como fazia todos os dias guardando o meu lugar ao lado dela. Sentei-me e estiquei as pernas.

-Oiii, bom dia! - disse como se tentasse me acordar de um transe.

-Oi Sam, desculpa. - respondi dando um sorriso torto pra ela.

-Ta tudo bem? Você não parece bem.

-Está tudo bem. - começamos a conversar e ela me dizia sobre algum show de rock que aconteceria no final de semana. Não prestei muita atenção, aquele garoto não saia da minha cabeça por mais que me esforçasse. Eu concordava com a cabeça quando percebia que ela precisava de uma resposta. A professora de biologia entrou na sala passando assunto atrás de assunto e nos dando várias apostilas. Aquele olhar ia e vinha me atormentando durante toda a aula, não consegui me concentrar. Sam me cutucava a cada dez minutos pra que eu prestasse atenção na aula e fizesse anotações sobre o que a professora dizia. Saímos da sala para o intervalo e fomos andando pelo corredor até chegarmos numa área onde ficavam vários bancos.

-Nick? - falou ela.

-Oi.

-Você ouviu o que eu falei?

-Não repete, por favor. - disse sem demonstrar muito interesse no que viria.

-Caramba. - respondeu me olhando como se não entendesse o que estava se passando comigo. -Eu estava dizendo sobre o Mateus ele me chamou pra assistir um filme na casa dele. Disse que vai levar um amigo, vamos? - disse ela e colocando uma cara de pidona.

Olhei pra ela como se não acreditasse no que estava me pedindo, nunca gostei de encontros arranjados e ela sabia muito bem disso. Mas que droga pensei comigo ela sempre conseguia me convencer a fazer coisas assim.

- Ah qual é Sam você sabe que não gosto dessas coisas?

Vamos você precisa se distrair conhecer pessoas. Amiga na boa eu não vou te deixar trancafiada nesse mundo já faz tanto tempo desde o Vinicius precisa superar isso. - ela colocou as mãos na boca mostrando que não queria dizer aquilo. - Desculpa juro que não falei por querer.

Odiava concordar ela estava certa não gostava de falar sobre o Vinicius é normal não gostar de falar de uma pessoa que te sacaneou e te traiu, mas eu lutava para excluir aquele passado embora ainda fosse difícil lidar com aquilo. Aquele garoto apareceu do nada na minha vida nos conhecemos no cinema e trocamos numero de telefone e durante nove meses ficamos juntos. Perdi tempo sem perceber nove meses jogados fora presa num relacionamento que não me levaria a lugar nenhum.

-Tudo bem esquece. Que dia e hora?

-Sério? - falou como se não acreditasse que aquelas palavras saíram da minha boca.

-Sim diz logo antes que eu mude de idéia. - respondi rindo.

-Ok, vamos à tarde na sexta. Nos veremos naquele mercado perto da minha rua. Iremos pra casa do Mateus, ele mora num bairro perto do meu.

-Ta, o intervalo já vai acabar. Vamos voltar pra sala. - As últimas aulas foram piores do que as primeiras, os assuntos parecia não ter fim. Quando o sinal tocou me alegrei por breves segundos até pensar no longo trajeto até em casa. Passei a tarde toda em meus trabalhos e atividades da escola. Mas eu lutava contra os meus pensamentos aquele garoto me confundia mesmo sem ter o que confundir me perguntava se o veria de novo e sinceramente eu esperava que sim, precisava entender o que ele fizera comigo. Eu não podia contar pra Sam o que eu diria a ela? Não haveria nada de interessante pra saber. A semana passou muito rápido quando eu implorava pra que demorasse o máximo de tempo. A Sam amava fazer isso comigo tentar encontrar um namorado através dos garotos que ela conhecia. E geralmente não dava em nada, prometi a mim mesma que essa seria a última vez que a deixava me colocar nessas situações quando eu não queria ninguém ou quando ainda não estava pronta pra ter alguém depois de dois anos ainda não me sentia totalmente preparada para isso. Estava na sala sentada no sofá quando meu celular vibrou do meu lado, era uma mensagem da Samara.

"Amiga estou te esperando daqui à uma hora e meia. Beijos"

Nota da autora: Gente Olá, se vc leu muito obrigada, se gostou deixa seu comentário e da uma estrelinha (:
O próximo capítulo sai dps de 10 comentários
Beijos

Minha Doce EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora