015- provocação

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Laura Freitas.

Encontrar o Gerson a caminho do elevador já está se tornando rotina, quase todo dia agora eu o vejo contra minha vontade. Mas hoje ele estava meio estranho, logo percebi pelo seu comportamento diferente das outras vezes que me ver, ele não esboçou o seu sorrisinho de lado de sempre, nem veio com papinho pra cima de mim. Simplesmente entrou na caixa de mental, deu apenas um "boa noite" abafado, e sem olhar no meu rosto, e permaneceu de semblante fechado, com a cabeça baixa.

- ei - o chamei, mas ele nem se mexeu

Reparei que tinha fones de bluetooth nos seus dois ouvidos, oque deve estar o impedindo de me escutar.

- Gerson - toquei seu braço. Ele levantou o olhar na minha direção

Sinalizei com a mão pra ele tirar o fone do ouvido, e assim o mesmo fez, tirando o colocando no bolso do seu short.

- que foi? - perguntou num tom sem paciência

- oque foi? Por que você está assim?

- sério que tu vai perguntar isso, Laura!? - soltou um riso debochado - não viu a porra do jogo? - perguntou de forma ignorante

- se estou te perguntando é porque não vi, né - cruzei os braços, já ficando sem paciência pela sua forma de me responder

Ele sabe que não acompanho nada sobre futebol, eu nem estava sabendo que tinha jogo hoje, como eu iria adivinhar que era por isso o seu humor?

- então agora já sabe o porque estou assim

- eu nem sabia que estava tendo jogo, cara - revirei os olhos - eu estava perguntando em preocupação contigo - falei sem paciência

- agora tu quer dar que se preocupa comigo!? Ah para, né Laura

A dois dias atrás eu tive um momento com ele no meu restaurante, um momento onde ele talvez tivesse conseguido me provar que realmente mudou e que merecia uma segunda chance. Mas agora está me lembrando o antigo Gerson, que sempre que ficava puto com algo, ficava ignorante com as pessoas ao seu redor que não tinham nada haver.

Acho que me enganei em cogitar na ideia que ele estava mudado.

O elevador finalmente chegou no nosso andar, e a caixa de metal se abriu, saí rapidamente na frente, sem olhar mais na direção do meia rubro negro.

- ou - senti sua mão no meu braço

- já entendi que você está puto - pegue a chave da minha bolsa, enfiando no buraco da maçaneta

- pera aí, Laura - senti suas mãos firmes na minha cintura, me virando de frente pra ele. Permaneci séria, esperando o mesmo continuar a falar - foi mal, eu não queria ser ignorante contigo com um bagulho que tu não tem nada haver

- mas foi

- desculpa, é que tu sabe como perder mexe comigo - fiquei quieta, com o olhar fixo ao seu

As mão do meia saíram da minha cintura, e vieram até as laterais do meu rosto, iniciando um carinho na minha bochecha.

- posso dormir na sua casa hoje? Por favor, esse jogo mexeu muito comigo, tu sabe como eu fico, vai ser foda pra conseguir dormir

Passado Presente - GersonOnde histórias criam vida. Descubra agora