Sob o Mesmo Teto: Entre Segredos e Desejos

Capítulo 4: O Limiar do Incontrolável

Os dias se passaram de maneira arrastada para Nunew. Cada encontro com Zee, cada troca de olhares e cada conversa parecia carregada de um peso que ele não conseguia mais ignorar. Era como se o ar ao redor deles estivesse eletrificado, e qualquer pequena interação fosse o suficiente para acender faíscas que, mais cedo ou mais tarde, iriam incendiar tudo ao redor.

Nunew tinha uma rotina rígida. Ele chegava ao escritório cedo, revisava os compromissos do dia, organizava as demandas de Zee e certificava-se de que tudo estivesse impecável. No entanto, a cada vez que entrava na sala de seu chefe, seu coração batia mais rápido. A tensão entre eles parecia crescer a cada dia, e os encontros que antes eram puramente profissionais estavam se tornando cada vez mais pessoais, ainda que nenhum dos dois tivesse coragem de admitir isso abertamente.

Em uma dessas manhãs, quando Nunew entrou na sala de Zee com o café habitual, ele encontrou o chefe sentado à mesa, massageando as têmporas com uma expressão visivelmente cansada. O chefe, sempre impecável e rígido, agora parecia mais humano, mais vulnerável, o que fez algo dentro de Nunew se mexer.

— Seu café, senhor — disse Nunew, depositando a xícara na mesa com cuidado.

Zee ergueu os olhos lentamente e, ao encontrar o olhar de Nunew, deixou escapar um suspiro. Ele parecia exausto, e por um instante, Nunew sentiu vontade de perguntar se estava tudo bem, mas se conteve. Zee não era o tipo de pessoa que compartilhava seus problemas pessoais, e Nunew sabia que era melhor não se envolver demais.

— Obrigado — disse Zee, a voz mais suave do que o habitual.

O silêncio que se seguiu foi diferente. Era carregado de algo que ambos sabiam estar ali, mas ainda não tinham coragem de enfrentar. Nunew observava o chefe por alguns segundos, tentando decifrar os pensamentos que poderiam estar se passando por trás daquela expressão cansada. E, por um breve momento, seus olhares se encontraram e se mantiveram.

Havia algo nos olhos de Zee que o desarmava completamente. Uma mistura de dureza e vulnerabilidade que fazia com que Nunew se sentisse atraído de maneira irresistível. Ele sabia que aquilo era errado. Zee era seu chefe, e a relação deles deveria se limitar ao profissional, mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar o desejo crescente que se avolumava dentro de si.

Sem se dar conta, Nunew deixou que seu olhar se demorasse mais do que deveria nos lábios de Zee, que estavam ligeiramente entreabertos, como se ele estivesse prestes a dizer algo, mas ainda ponderasse as palavras. O ar na sala parecia cada vez mais denso, e por um instante, Nunew teve a sensação de que algo estava prestes a acontecer. Algo que mudaria tudo.

— Nunew... — A voz de Zee cortou o silêncio, baixa e hesitante.

Nunew prendeu a respiração. O som de seu nome, pronunciado com tanta suavidade por Zee, o fez estremecer. Havia algo naquela voz, naquela maneira particular como Zee o chamava, que fez com que todas as barreiras que ele havia erguido começassem a desmoronar.

— Sim, senhor? — respondeu Nunew, tentando manter a compostura, embora sentisse que o controle estava escapando de suas mãos.

Zee o encarou por mais alguns segundos, e parecia que uma batalha silenciosa estava sendo travada dentro dele. Era como se, por um lado, ele quisesse manter a distância profissional, mas por outro, algo mais profundo o puxava para Nunew. A mão de Zee se moveu ligeiramente, quase como se ele estivesse prestes a estender o braço e tocar Nunew, mas então, ele recuou, apertando os dedos em um punho fechado sobre a mesa.

— Eu... — começou Zee, mas as palavras pareceram falhar antes de saírem.

O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor. Nunew sentia o coração bater tão forte que temia que Zee pudesse ouvir. Ele sabia que estava à beira de um precipício, que um único movimento poderia mudar tudo entre eles. E, antes que pudesse pensar nas consequências, ele se adiantou um passo, fechando a distância entre eles de maneira sútil.