Sob o Mesmo Teto: Entre Segredos e Desejos

Capítulo 18: A Força da Verdade

Os dias após o confronto com André haviam sido relativamente calmos, mas a tensão no escritório ainda era palpável. Nunew e Zee sentiam que, mesmo que a situação tivesse se acalmado momentaneamente, o problema com André ainda pairava sobre eles como uma sombra. Nunew estava exausto emocionalmente, e embora soubesse que ele e Zee tinham conseguido se firmar como uma equipe forte, havia um sentimento de incerteza no ar.

Zee, por outro lado, mantinha sua postura firme e profissional. Ele sabia que a maneira como lidassem com essa situação seria decisiva para o futuro deles, não apenas no relacionamento, mas também em suas carreiras. Apesar do estresse, ele conseguia manter um equilíbrio que tranquilizava Nunew. Sempre que os dois se encontravam em momentos mais privados no escritório, Zee fazia questão de lembrar Nunew de que, juntos, poderiam enfrentar qualquer coisa.

Naquela sexta-feira, enquanto todos se preparavam para o final de semana, André convocou uma reunião de última hora. Nenhuma justificativa clara foi dada, mas o clima de mistério logo tomou conta da equipe. Quando todos se reuniram na sala de reuniões, André estava sentado à cabeceira da mesa, com um semblante que misturava seriedade e uma satisfação quase cruel. Zee e Nunew chegaram juntos, trocando um olhar de apreensão.

— Obrigado a todos por comparecerem com tão pouca antecedência. Eu sei que estamos todos ocupados, mas há algo que precisa ser discutido imediatamente — começou André, seu tom formal demais, quase cerimonial.

Nunew sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele sabia que André estava preparando algo. O silêncio na sala era quase opressor, todos os olhares voltados para André, que continuou a falar, suas palavras cuidadosamente escolhidas.

— Temos enfrentado desafios como equipe, mas também como uma organização que preza por padrões elevados de ética e profissionalismo. Há, no entanto, preocupações sendo levantadas sobre potenciais conflitos de interesse que podem estar comprometendo esses padrões — disse ele, seus olhos deslizando brevemente para Nunew e Zee.

Nunew apertou os punhos debaixo da mesa. Era isso. André estava prestes a usar sua posição para atacar o relacionamento deles abertamente, disfarçando como uma questão de ética.

— Acho que todos aqui sabem do que estou falando — continuou André, seu tom ficando mais incisivo. — Quando as linhas entre o pessoal e o profissional começam a se misturar, corremos o risco de comprometer o trabalho que fazemos. Eu mesmo, como parte da diretoria, tenho a responsabilidade de garantir que tudo esteja em conformidade com nossos princípios.

Zee se inclinou levemente para frente, mantendo a calma exterior, mas Nunew pôde ver a tensão em seus olhos. Ele estava prestes a intervir, mas André não deu chance.

— Há uma situação em particular que eu acredito que precisa ser discutida abertamente, em nome da transparência. O relacionamento entre um superior direto e um membro da equipe pode, de fato, colocar todos nós em uma posição complicada. A influência que um chefe pode ter sobre o funcionário com quem está envolvido é algo que devemos considerar seriamente. Não estou dizendo que houve um erro até agora, mas o risco está presente, e precisamos abordar isso antes que algo mais sério ocorra — disse André, olhando diretamente para Zee.

O silêncio que seguiu foi sufocante. Nunew sentiu a tensão no ar aumentar, mas antes que ele pudesse dizer algo, Zee falou.

— André, com todo respeito, essa questão já foi discutida inúmeras vezes. Nosso relacionamento não interfere no trabalho, e acredito que isso ficou claro para todos. Se você tem preocupações específicas sobre o desempenho da equipe ou sobre qualquer decisão tomada, estou mais do que disposto a ouvi-las. Mas trazer o relacionamento entre mim e Nunew à tona de novo, sem qualquer evidência concreta de que isso afeta o nosso trabalho, parece mais uma tentativa de criar problemas onde não há — disse Zee, sua voz calma, mas com um tom de desafio evidente.