18.

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Thiago voltou mais cedo.

Ele bateu a porta atrás de si, e Diego teve tempo de ver o sorriso sumindo do rosto do preto que estava em pé, ainda perto da porta, antes de se desvencilhar de Amaury, e ouvir as palavras do outro. 

“Oi, Diego.”

O ruivo nunca o tinha escutado tão sério, o visto com um olhar tão… decepcionado, seria a palavra?

“Oi, Thi. Você voltou cedo.”

O homem apenas assentiu, calado. Seu olhar não estava mais em Diego e, sim, em Amaury, que agora estava de pé em frente ao sofá, com os braços cruzados, e tentando controlar a expressão no rosto. 

“Amaury, você pode nos dar licença?”

Thiago falou, ainda sem olhar para Diego, com a voz firme. 

“Como é?”

Amaury pareceu desafiado, erguendo as sobrancelhas e sem descruzar os braços. 

“Preciso falar com Diego, com meu… noivo.”

Diego viu Amaury fazer a menção de dar um passo à frente e se adiantou, esticando a mão para pará-lo.

“Dá licença para gente, Maury.” 

O preto o olhou afetado, e Thiago revirou os olhos, bufando. Diego encarou, quase suplicante, Amaury, que entendeu. Com um respirar fundo, deu a volta no sofá, não se importando em buscar sua camisa no quarto, e caminhou até a porta, mas não sem antes parar e olhar de Thiago para Diego. 

“Qualquer coisa me chama.”

Disse, antes de sair. 

“Ele acha que vou fazer algo com você?”

Perguntou Thiago. 

“Ele só é superprotetor.”

Argumentou, Diego. 

“Ele age como se você fosse propriedade dele, como um cachorro mijando no poste.”

Thiago ainda não havia saído do lugar, se encontrava perto da porta, com uma distância considerável entre os dois. Tudo isso poderia ser muito simbólico, se parar para pensar. 

Diego balançou a cabeça ao ouvir, dando a volta no sofá e se encostando nas costas deste, ainda sem cortar a distância dos dois. 

“Não é bem isso, você está exagerando.”

“Exagerando?”

Thiago deu uma risada irônica, sem humor, deixando sua chateação evidente. Era como se todas as outras vezes que deixou passar as interações entre Diego e Amaury o batessem com força, não conseguindo mais se controlar. 

“Viu como ele agiu agora? E, sabe, Diego, seria muito bom você não ficar buscando argumentos para defender o Amaury de mim.” 

O peso do olhar do noivo era tremendo em cima do ruivo. Ele sentia como se as orbes escuras falassem mais do que a boca, e a decepção e mágoa eram coisas que pareciam cortar a pele de Diego. 

Por fim, o ruivo assentiu. Passou a mão pelo rosto, sabendo que o momento havia chegado, e depois disso, era inevitável o que viria. 

Assim pensou. 

“Precisamos conversar, Thiago.”

“Preciso que você venha comigo.”

Falaram ao mesmo tempo. O rosto negro não mudou de expressão, mas o branco estava com o cenho franzido em confusão. 

don't say yes to him Onde histórias criam vida. Descubra agora