𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐕𝐈𝐈

5 1 2
                                    

Só para avisar; Nina é a menina loira que apareceu nos capítulos anteriores. Eu ia arrumar um jeito de fazer ela se apresentar normalmente mas quando me dei conta, já tinha escrevido tudo e fiquei com preguiça de arrumar só por causa dela🕊

▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄

Kaiser estava na unidade médica, como sempre. Ele deu algumas instruções a um cavaleiro que havia se ferido e então foi até uma mulher loira.

— Nina, estou me retirando agora. Se precisar de algo, é só me chamar.

— Tudo bem — respondeu ela, levantando-se de uma cadeira e entregando alguns papéis e uma caneta a Kaiser. — Pode terminar de preencher isso para mim? Falta pouca coisa, eu prometo. — Ela sorriu amplamente, e Kaiser pegou os itens, sentando-se na cadeira onde Nina estava.

Nina virou-se com um sorriso sem graça e foi atender alguns pacientes. Já fazia algum tempo que as atividades dos espectros tinham diminuído, e eles apareciam em menor quantidade. Isso também reduziu o número de cavaleiros feridos, deixando o trabalho dos médicos menos urgente e preocupante.

Enquanto Kaiser preenchia os formulários, sua mente vagava, distante da realidade. Ele pensava em tudo, exceto em sua situação atual. Foi então que um cavaleiro gravemente ferido chegou, atraindo a atenção de vários médicos. Kaiser se levantou e foi até onde estava o movimento.

Seus olhos se arregalaram ao reconhecer o ferido: Manigold de Câncer, o Cavaleiro de Ouro, seu velho amigo, ou pelo menos, alguém que costumava ser.

O coração de Kaiser disparou e o pânico tomou conta dele.

— Rápido! Alguém pegue os remédios que estão na mesa! — gritou ele, enquanto deitava o azulado na cama mais próxima e rasgava sua camisa para examinar os ferimentos. Um médico se aproximou com uma caixa de medicamentos, que Kaiser começou a usar imediatamente, sem hesitar, para tentar ajudar o amigo.

— Eu posso aju... — Nina tentou se aproximar para ajudar, mas, assim que estendeu a mão para tocar Manigold, Kaiser a afastou rapidamente, batendo de leve em sua mão.

— Não precisa. Eu cuido disso. Podem sair todos. — A loira olhou para Kaiser com descrença, mas o obedeceu, assim como os outros médicos que estavam ao redor.

Kaiser continuou a tratar Manigold, suas mãos tremendo levemente, mas ele se esforçava para se concentrar. Quando finalmente terminou de enfaixar o tronco do amigo e limpar todas as feridas, o sol já havia se posto, e apenas as estrelas brilhavam no céu. Todos os outros médicos já haviam se retirado para seus quartos, e Kaiser era o único que permanecia ali.

Ele passou a mão pela testa, limpando o suor, observando o corpo musculoso de Manigold, que o tornava pesado. Com um suspiro, Kaiser olhou para o amigo desacordado e se virou para ir embora. No entanto, antes que pudesse se afastar, uma mão forte segurou seu braço e o puxou para trás, fazendo-o cair de joelhos ao lado da cama.

Manigold se levantou, sentando-se na cama, seus olhos fixos nos de Kaiser.

— Finalmente consegui fazer você sair da sua toca — disse o azulado, com uma expressão séria.

— Você... você não deveria fazer esforço, está ferido.

— Estou bem, não se preocupe. Só me deixei sujar com sangue para chamar sua atenção. — Kaiser arregalou os olhos, e seu rosto rapidamente se transformou em raiva ao se levantar.

— Você fez toda aquela cena, correndo o risco de uma hemorragia, só para chamar minha atenção? Está maluco!?

— Era isso ou você ia fugir de mim de novo... Estou novinho em folha, então não brigue comigo...

— Só não te mato agora porque... — Kaiser apertou os punhos com força e suspirou, tentando se controlar. — Porque você conseguiu falar comigo. Feliz agora?

— Não seja tão duro. Você me obrigou a usar esse método! Faz anos que você não fala direito comigo!

— Você podia ter vindo normalmente... Eu teria aceitado melhor!

— Mentira! Você fingiria estar ocupado e me ignoraria!

Kaiser respirou fundo, sabendo que Manigold estava certo. Sempre arranjava uma desculpa para o amigo ir embora, sem que ele ocupasse muito do seu tempo. Afinal, Kaiser não queria atrapalhar as obrigações de Manigold.

— Tudo bem... O que você quer agora?

— Quero explicações! Por que está fugindo de mim?

— Eu não queria ser um peso para você. Agora você é um cavaleiro de ouro e tem outras preocupações. Não deve se preocupar apenas comigo.

— Que ideia péssima! Isso só me fez me preocupar ainda mais. Eu sou um cavaleiro, sim, mas você ainda é meu amigo, e nada vai mudar isso. — Manigold o olhou tristemente, segurando a mão de Kaiser. — Você me prometeu, e quebrou essa promessa.

— Eu sei... Me desculpa por isso. Vou tentar ser mais presente agora... Se você prometer parar com essa maluquice de se ferir só para chamar minha atenção. — Manigold sorriu e soltou a mão de Kaiser, ajeitando-se na cama.

— Era isso que eu queria ouvir. Agora vou precisar de cuidados especiais. — O azulado sorriu de forma convencida, e Kaiser franziu o cenho.

— Você disse que estava bem, então amanhã de manhã vai voltar para sua casa.

— Mudei de ideia. Estou super ferido, e só você pode me ajudar. — Kaiser ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

— Você é um aproveitador... Vou te bater quando você se recuperar.

Manigold riu baixinho, sentindo-se em paz, pois, finalmente, havia se reconciliado com seu amigo.

𝐂𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚𝐜̧𝐚𝐝𝐨𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora