O percurso durou dias; eles avançaram pela Floresta Mágica logo atrás de Wagner, numa fila indiana meio torta, passando por vegetações das mais distintas: áreas em que as árvores tinham folhas totalmente vermelhas, e planícies sem um único relevo. Por mais diferentes que fossem esses locais, os três defensores não podiam deixar de reparar na beleza da Floresta Mágica; uma beleza que teria fim caso Kristanus fosse bem-sucedido em seus planos malignos.
Depois de mais ou menos uma semana de viagem árdua, o solo finalmente começou a mudar. Apertando bem os olhos, Tiffo notou vários pontos ressecados na relva abaixo de seus pés, indicando que se aproximavam de áreas tomadas por algo ruim.
Leon e Matilde também repararam que o ambiente se tornava cada vez mais cheio de uma neblina densa e esbranquiçada.
— Estamos quase lá — disse Wagner numa tarde, analisando o mapa novamente. — Só mais alguns quilômetros.
Depois desse aviso do homem-lagartixa, os defensores pararam para se alimentar pela última vez antes de notarem a Vila Demoníaca no horizonte, por detrás da vegetação morta e medonha.
Era um lugar cercado por muralhas de ossos, e se atentando bem para aqueles muros, os aventureiros notaram que eles eram constituídos de esqueletos humanos amontoados uns em cima dos outros.
Tiffo sentiu o peito gelar, parando junto dos amigos, pois Wagner sinalizou que o fizessem.
— Foi um prazer, camaradas — disse a lagartixa, virando-se para eles com o rosto assustado. — Mas daqui eu não passo. É melhor ficarem com o mapa. Vai ajudá-los a encontrarem a espada lá dentro. — Ele engoliu em seco e entregou o pedaço de papel à Matilde, que o pegou e guardou no bolso. — Adeus!
Os três defensores o agradeceram e despediram-se dele com gestos apressados. Em seguida, o homem-lagartixa começou a fazer o caminho de volta, logo desaparecendo no meio das árvores, mas não sem antes dizer:
— Boa sorte.
Agora, Leon, Tiffo e Matilde estavam sozinhos, encarando com as faces pálidas os muros da Vila Demoníaca.
Escutaram algo parecido com um rosnado, que reverberou por alguns segundos e depois se dissolveu no ar. Matilde engoliu em seco, tomando a dianteira do caminho que conduzia ao portão da vila.
— A gente vai mesmo precisar de sorte — murmurou ela, começando a andar a passos vacilantes.
— Ô se vamos — disse Leon, que junto de Tiffo, seguiu a companheira.
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OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICA
FantasiaPara proteger o Cristal Vital, Tiffo, Matilde e Leon têm que dar o seu melhor!