O BAILE

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Outubro de 2024,

A música vibrava pelas paredes da mansão, misturando-se ao burburinho de vozes, risadas e o estalar dos saltos contra o piso de mármore. A festa de Halloween que tomava conta da casa era uma das mais disputadas do ano, reunindo pessoas de todas as partes da cidade — artistas, modelos, diretores, e quem mais conseguisse um convite para a ocasião.

Diego, um modelo de 27 anos, entrava pela grande porta principal. Ele usava uma fantasia de vampiro elegante, com uma capa preta que quase arrastava pelo chão, o cabelo ruivo penteado para trás,  fixado com gel. Ele tinha uma expressão confiante, mas havia algo naquela noite que o deixava um pouco mais nervoso do que o normal. Talvez fosse o fato de ser novo na cidade e estar cercado por tantas figuras famosas, ou talvez fosse porque ele soubera que ali estava UM dos famosos que ele mais admirava.

Amaury, um renomado ator de 39 anos, era o centro das atenções onde quer que fosse. Sua presença marcante — com seus 1,80 metros de altura, pele negra brilhando sob as luzes da festa, e um sorriso que poderia derreter corações — fazia com que todos ao redor se sentissem pequenos. Naquela noite, ele vestia uma fantasia de gladiador, que realçava ainda mais sua postura imponente e seu físico atlético. Havia algo fascinante na maneira como ele conversava com as pessoas, mantendo um ar de humildade, apesar de seu sucesso.

Diego já o tinha visto várias vezes em filmes e entrevistas. Amaury era mais que apenas um ator; era um símbolo de sucesso e perseverança, alguém que Diego admirava desde sempre. Mas naquela noite, algo seria diferente. Eles não seriam apenas um fã e uma celebridade em uma festa. O destino tinha outros planos.

Depois de alguns drinks e conversas casuais com outros convidados, Amaury decidiu explorar o jardim iluminado por lanternas, procurando um lugar mais tranquilo. O som das folhas secas sendo pisadas sob seus pés fazia um contraste com o caos da música ao longe. Foi então que ele viu Diego. O modelo estava sozinho, sentado em um banco de pedra, observando o movimento da festa de longe, como se precisasse de um momento para si.

Amaury hesitou, mas, decidido a não deixar a oportunidade passar, aproximou-se.

- Fugindo da multidão também? - Amaury disse, tentando soar despreocupado.

Diego olhou para ele e sorriu, um sorriso que parecia reconhecer aquele mesmo desejo de escape.

- Às vezes é bom se esconder, nem que seja por alguns minutos. - respondeu o ruivo se afastanto um pouco para o lado, dando espaço para que Amaury pudesse se sentar.

Amaury sentou-se ao lado dele, sentindo o coração bater mais rápido.

- Eu sou Diego... vampiro temporário - Brincou, gesticulando para sua fantasia.

Amaury riu.

- Amaury. Gladiador, como pode ver. -  Houve uma pausa confortável, e o preto continuou - Você é novo por aqui, não é? Não me lembro de ter te visto em outras festas.

- Sim, cheguei faz pouco tempo. Ainda estou me acostumando a esse mundo... e às festas como essa.

Eles continuaram conversando, a princípio sobre trivialidades — o clima, o quanto a fantasia de Amaury era pesada, e o modo como Diego parecia desconfortável na sua capa. Mas logo a conversa fluiu para algo mais profundo. Diego compartilhou suas inseguranças como modelo em uma nova cidade, e Amaury falou sobre as pressões de manter uma imagem impecável na indústria cinematográfica.

Amaury, sempre acostumado a ser visto como a figura inatingível, sentiu uma conexão inesperada com Diego. O jovem modelo era direto, engraçado e, acima de tudo, genuíno. Ele não estava tentando impressioná-lo, nem se intimidava por sua fama. Isso era algo refrescante.

- É engraçado, né? - disse o preto, olhando para o céu estrelado. - Às vezes você se sente completamente sozinho, mesmo cercado de gente.

Diego concordou, com um olhar pensativo. - Sim, sei bem como é. Mas, de vez em quando, você encontra alguém que faz tudo isso valer a pena. -  Ele olhou para Amaury, seus olhos refletindo uma sinceridade profunda.

Amaury percebeu a intensidade no olhar de Diego, e, por um momento, o tempo pareceu parar. Ali, naquele jardim isolado, o mundo exterior desapareceu. Era só eles dois, sentados no meio de uma festa, mas em sua própria bolha de silêncio e entendimento.

Sem pensar muito, Amaury estendeu a mão, e Diego a pegou, seus dedos se entrelaçando com naturalidade. Não havia pressa, nem necessidade de palavras grandiosas. Apenas um gesto simples que dizia tudo o que ambos sentiam, mesmo que tivessem acabado de se conhecer.

- Eu não sou muito de acreditar em destino - disse Amaury, sorrindo. - Mas algo me diz que essa noite tinha que acontecer.

O ruivo sorriu de volta, apertando suavemente a mão de Amaury.

- Talvez o destino goste de surpresas.

A música da festa continuava ao fundo, mas para eles, a noite já estava completa. O Halloween, geralmente um símbolo de disfarces e máscaras, se tornara o momento em que ambos haviam se mostrado como realmente eram — e, de algum modo, encontrado o que tanto buscavam.

Fim?

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