MATILDE EM APUROS

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As faces de caveira pareciam-se rostos de palhaços debochados, rindo enquanto se aproximavam dos defensores.

Matilde continuou atirando, e a cada disparo, fazia cair um morto-vivo.

Já Leon sacou sua espada e começou a golpear enraivecido, partindo ao meio qualquer monstro que se aproximasse de sua amiga.

Tiffo ficou atrás dos dois, o cajado brilhando em cores distintas a cada segundo. Lançou raios azuis, vermelhos e verdes, explodindo os ossos animados mais ameaçadores. Em dado momento, gritou:

— Brinquedos travessos e abandonados, libertem sua ira e venham em meu auxílio!

O orbe reluziu num clarão repentino, e de repente, ao redor de Tiffo, apareceram cinco bonecos de madeira.

Eles carregavam porretes consigo, e puseram-se a proteger seu mestre, dando cacetadas a torto e a direito.

Seus membros eram articulados por encaixes de parafusos frouxos, que lhes permitiam girar o tronco em círculos enquanto quebravam os esqueletos com os porretes.

Assim lutaram os três aventureiros, até que os esqueletos fossem reduzidos a um número pequeno.

Aterrorizados com a força de seus inimigos, as criaturas bateram em retirada, mas não sem que, antes, um deles disparasse uma pequena faca na direção de Matilde.

A moça caiu de joelhos, as túnicas encharcadas de sangue na área da barriga. Ela gemeu de dor, deixando o rifle escapar dos dedos.

— Maldito! — gritou Leon, apanhando uma pedra do chão e a arremessando no esqueleto que acertara Matilde. Errou por pouco, quebrando a vidraça duma moradia, e o esqueleto fugiu para as sombras, rindo feito uma hiena.

— Droga! — exclamou Tiffo, fazendo os brinquedos desaparecerem em nuvens de fumaça. — Você consegue me ouvir, Matilde? — Aproximou-se da mulher caída, a observando com o rosto preocupado.

— C-consigo — disse ela, a face deitada no chão frio e duro, cada vez mais pálida.

— Faça alguma coisa, Tiffo! — berrou Leon, desesperado. Passava os dedos pelo rosto da jovem, como se isso fosse curá-la.

— Eu vou tentar — disse Tiffo, chegando um pouco para trás e levantando o cajado. Falou em palavras ininteligíveis para Leon, fazendo o ar esquentar ao seu redor.

— Quando eu mandar — disse o mago —, retire a faca da barriga dela.

Leon engoliu em seco e assentiu, pegando o cabo da arma que saía do ventre da mulher.

— Estou pronto — murmurou Leon. — Quando você disser...

Tiffo fechou os olhos por breves instantes, segurando o cajado com as duas mãos. De repente, o céu acima de Matilde brilhou em amarelo, uma luz forte e concentrada, a qual abriu um oco na neblina densa.

Tiffo começou a tremer, o rosto de poeira se agitando. Então, ele gritou:

— Agora!

Leon puxou a faca no mesmo instante, e o sangue saiu aos borbotões. A moça sequer teve tempo de sentir dor, pois um raio dourado brotou da nuvem amarela, caindo direto no ferimento.

Matilde sentiu uma sensação gelada na região; arregalou os olhos e desmaiou, a cabeça tombando amolecida no solo de pedra.


OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICAOnde histórias criam vida. Descubra agora