Capítulo 25 - Sexta-feira 13

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Alex estava encolhido debaixo da prateleira, o corpo todo tremendo, os braços abraçando os joelhos e a respiração tão baixa que quase parava de respirar, como se temesse que até o mais sutil som pudesse denunciá-lo. Seus olhos fixos nos pés da criatura, que caminhavam lentamente em frente ao seu esconderijo. Os pés eram longos, deformados, com unhas negras e curvas, e a pele parecia uma mistura de couro e carne podre, manchada de algo que lembrava lama. A cada passo, o chão rangia levemente, um som seco, arranhando o piso de linóleo como o atrito de algo áspero e pegajoso.

A tensão era sufocante. Alex sentia seu coração martelar tão forte que tinha medo de que a criatura pudesse ouvi-lo. O suor escorria pela sua testa, misturando-se às lágrimas que ele lutava para conter. Seus músculos estavam rígidos, a vontade de gritar presa na garganta. Ele mal piscava, observando os pés esqueléticos passarem devagar, o som macabro das garras raspando o chão como uma foice.

De repente, os pés pararam. A criatura ficou imóvel, e Alex quase sentiu o cheiro daquilo. Ela estava farejando. Ele prendeu a respiração, se encolhendo o máximo possível para o fundo da prateleira, tentando não fazer barulho, como se isso fosse o suficiente para tornar-se invisível. Seus cotovelos roçaram contra o metal da prateleira, fazendo um som baixo, mas audível, que ecoou como uma sentença de morte no silêncio opressor do mercado.

O coração de Alex parou. Ele fechou os olhos por um segundo, esperando o pior. Ouviu o som da criatura se contorcendo, encolhendo-se, como se estivesse se preparando para olhar por entre as prateleiras. O tempo parecia desacelerar. Ele conseguia ouvir sua respiração descompassada, e o suor começava a escorrer mais rápido pela sua nuca. Sentiu o cheiro podre e úmido da criatura se aproximando, uma sensação de horror absoluto tomando conta dele. O monstro estava cada vez mais perto. Ele esperava o pior, imaginando a mão asquerosa prestes a agarrá-lo.

E então, de repente, um som mais alto ecoou do outro lado do mercado, metal colidindo com o chão. A criatura parou de se mover. Alex, ainda paralisado, ouviu o farfalhar das pernas longas se afastando. A criatura se ergueu lentamente e começou a se mover na direção do novo barulho. Os passos, antes lentos e calculados, agora se tornaram mais rápidos e firmes, à medida que ela se afastava, deixando Alex isolado em sua prisão de tensão e medo.

O som dos passos desapareceu, mas Alex continuou imóvel, sem ousar se mexer, o corpo ainda trêmulo, o coração martelando como um tambor dentro do peito. Ele respirou fundo, o alívio misturado com o pavor ainda presente.


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Ann estava espiando pelos fundos do mercado, com os olhos fixos na criatura que avançava rapidamente em sua direção. O monstro, com seus passos longos e sinistros, vinha pelos corredores com uma agilidade assustadora. Ela se agachou rapidamente, segurando o fôlego por um momento. Seus pés mal tocavam o chão enquanto ela se movia silenciosamente, se esgueirando pelas sombras, tentando se manter fora do campo de visão da criatura.

Cautelosa, ela gatinhou até chegar a Bobby, que estava sentado atrás de um expositor, aguardando por ela. Suas respirações estavam pesadas, mas controladas, e o silêncio entre eles era denso. Bobby ergueu os olhos para ela, tentando manter a calma diante do caos.

— Deu certo, a criatura se afastou do Alex — sussurrou Ann, com o rosto um pouco aliviado — Eu preciso ir buscá-lo.

Bobby assentiu, sabendo que a prioridade era manter Alex em segurança, mas logo seu olhar desviou para o outro lado do mercado. Ele avistou a porta da despensa, parcialmente visível entre as prateleiras, e dois zumbis mais lentos estavam bloqueando o único caminho de saída do Dogson.

Zombie World: A Origem (Versão Estendida) - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora