Luke caminhava em direção ao calabouço do castelo.As paredes eram frias, de pedra áspera, e o cheiro de mofo impregnava o ar pesado. O teto era baixo, forçando-me a inclinar a cabeça levemente, enquanto a umidade escorria pelas rachaduras, pingando lentamente no chão de terra batida. Cada passo ecoava, abafado, como se o próprio lugar quisesse engolir qualquer ruído. Era escuro, exceto pelas tochas esparsas, cujas chamas tremulavam e lançavam sombras que pareciam se mover por conta própria. Meus pés afundavam levemente na lama formada ao longo dos anos.
O silêncio no ambiente era denso. Não era apenas a ausência de som, mas uma presença sufocante. O cheiro metálico de sangue, misturado com algo indefinível — talvez desespero — pairava no ar, impregnado nas paredes. À medida que avançávamos, sentia o frio se infiltrar na pele, mas era diferente do vento lá fora. Era um frio que vinha de dentro, como se o próprio calabouço estivesse me consumindo.
As correntes penduradas nas paredes balançavam de leve, como se ainda guardassem a lembrança dos corpos que uma vez estiveram presos a elas, criminosos aguardando sua sentença. Tentei evitar olhar para as celas, mas era impossível. Algo me chamava. Vi manchas escuras no chão e nas paredes, antigas e secas. Ouvi, ou pensei ter ouvido, sussurros. Não sabia se eram reais ou se minha mente estava brincando comigo. Cada passo era mais difícil; o ar ficava mais denso, e o medo, presente em alguns ali, era palpável.
O trecho difícil do caminho ficou para trás, e paramos diante de portões de metal resistentes ao fogo.
— Ele está lá — Luke apontou para frente, além dos portões, para a escuridão onde o brilho das tochas não conseguiam chegar. — Ele nos sente.
— Como você o alimenta e cuida dele? — Connor perguntou.
— Capturamos cervos e ovelhas e jogamos para ele...
— "Capturamos" é gente demais. EU capturo cervos e ovelhas — um dos irmãos de Luke apareceu, provavelmente saindo de alguma brecha do calabouço. — Depois, Luke e Levi seguram o portão enquanto jogo a comida, e então corremos juntos antes que nosso querido dragão-rei decida nos fazer de sobremesa.
— Por isso um mestre nunca revela seus segredos; é constrangedor — comentou Kiara, rindo.
Os duendes de capa preta e pele verde a observaram atentamente.
— Lucero é um dragão feroz, princesa. Não somos Daltons para montá-lo, e mesmo que fôssemos, duvido muito que ele deixasse qualquer um montá-lo além de Diego ou da Grã Rainha — disse Levi, o irmão mais novo de Luke. Dos três, era o mais sério.
Olhei para Kiara, que ainda sorria com inocência. Sorri para ela.
Levi a observava.
— Você não parece ter onze anos. Sua alma transmite uma energia secular — comentou o duende.
Olhei para Adrian, que mantinha os olhos fixos em Levi.
— Outra vez com isso, Levi? Já está ficando tão insuportável quanto a obsessão de Luke em saber sobre o...
— Vamos ao que interessa — Luke interrompeu as palavras de Leandro, seu irmão do meio.
— A briga entre irmãos estava divertida — disse Elina, sorrindo junto com Connor e Safira.
Flora estava calada, pensativa.
Eu apenas observava todos e guardava minhas próprias conclusões para refletir mais tarde, com a mente descansada.
— Abram os portões — ordenei, fazendo todos se calarem.
Adrian olhou para mim.
— A última vez que Lucero teve contato com alguém foi há dois séculos, mãe. Pode ser perigoso, até para você — Kiara segurou minha mão.
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Entre Lobos e Dragões| Em Andamento
Hombres LoboEm um mundo dividido por seis reinos dentro do vasto território de Alcântara, cada um distinto por suas florestas coloridas e climas peculiares, uma antiga profecia começa a se cumprir. Adrian Lancaster, rei dos lobisomens da Casa Lancaster, e Liand...