Capítulo 21

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Luke caminhava em direção ao calabouço do castelo.

As paredes eram frias, de pedra áspera, e o cheiro de mofo impregnava o ar pesado. O teto era baixo, forçando-me a inclinar a cabeça levemente, enquanto a umidade escorria pelas rachaduras, pingando lentamente no chão de terra batida. Cada passo ecoava, abafado, como se o próprio lugar quisesse engolir qualquer ruído. Era escuro, exceto pelas tochas esparsas, cujas chamas tremulavam e lançavam sombras que pareciam se mover por conta própria. Meus pés afundavam levemente na lama formada ao longo dos anos.

O silêncio no ambiente era denso. Não era apenas a ausência de som, mas uma presença sufocante. O cheiro metálico de sangue, misturado com algo indefinível — talvez desespero — pairava no ar, impregnado nas paredes. À medida que avançávamos, sentia o frio se infiltrar na pele, mas era diferente do vento lá fora. Era um frio que vinha de dentro, como se o próprio calabouço estivesse me consumindo.

As correntes penduradas nas paredes balançavam de leve, como se ainda guardassem a lembrança dos corpos que uma vez estiveram presos a elas, criminosos aguardando sua sentença. Tentei evitar olhar para as celas, mas era impossível. Algo me chamava. Vi manchas escuras no chão e nas paredes, antigas e secas. Ouvi, ou pensei ter ouvido, sussurros. Não sabia se eram reais ou se minha mente estava brincando comigo. Cada passo era mais difícil; o ar ficava mais denso, e o medo, presente em alguns ali, era palpável.

O trecho difícil do caminho ficou para trás, e paramos diante de portões de metal resistentes ao fogo.

— Ele está lá — Luke apontou para frente, além dos portões, para a escuridão onde o brilho das tochas não conseguiam chegar. — Ele nos sente.

— Como você o alimenta e cuida dele? — Connor perguntou.

— Capturamos cervos e ovelhas e jogamos para ele...

— "Capturamos" é gente demais. EU capturo cervos e ovelhas — um dos irmãos de Luke apareceu, provavelmente saindo de alguma brecha do calabouço. — Depois, Luke e Levi seguram o portão enquanto jogo a comida, e então corremos juntos antes que nosso querido dragão-rei decida nos fazer de sobremesa.

— Por isso um mestre nunca revela seus segredos; é constrangedor — comentou Kiara, rindo.

Os duendes de capa preta e pele verde a observaram atentamente.

— Lucero é um dragão feroz, princesa. Não somos Daltons para montá-lo, e mesmo que fôssemos, duvido muito que ele deixasse qualquer um montá-lo além de Diego ou da Grã Rainha — disse Levi, o irmão mais novo de Luke. Dos três, era o mais sério.

Olhei para Kiara, que ainda sorria com inocência. Sorri para ela.

Levi a observava.

— Você não parece ter onze anos. Sua alma transmite uma energia secular — comentou o duende.

Olhei para Adrian, que mantinha os olhos fixos em Levi.

— Outra vez com isso, Levi? Já está ficando tão insuportável quanto a obsessão de Luke em saber sobre o...

— Vamos ao que interessa — Luke interrompeu as palavras de Leandro, seu irmão do meio.

— A briga entre irmãos estava divertida — disse Elina, sorrindo junto com Connor e Safira.

Flora estava calada, pensativa.

Eu apenas observava todos e guardava minhas próprias conclusões para refletir mais tarde, com a mente descansada.

— Abram os portões — ordenei, fazendo todos se calarem.

Adrian olhou para mim.

— A última vez que Lucero teve contato com alguém foi há dois séculos, mãe. Pode ser perigoso, até para você — Kiara segurou minha mão.

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