And everything is you

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Sempre que havia um certo gêmeo na sua vida, era motivo para estar visivelmente irritado. E naquela situação não foi diferente.

Seria melhor ter ficado para sempre no inferno. Pelo menos ali ele estaria confortável, distraindo todos os pensamentos que perturbavam seu novo estado. Mas não, seu querido irmão o puxou para o mundo humano novamente.

Ele poderia ter negado, acabado com aquilo sem maiores dificuldades, porém, Dante não era uma pessoa que desistia fácil, tampouco se importava se o seu irmão dissesse mil vezes não, pois ele diria mil vezes sim. E motivado pelos seus próprios sentimentos idealistas, Vergil estava rendido, sendo cercado pela comoção de um irmão eufórico.

As suas brincadeiras levavam a desafiar a própria paciência de Vergil. E por mais que o gêmeo mais velho tentasse não cair nas tolas provocações, ele odiava estar vulnerável à língua maldita de Dante e todo o seu veneno de palavras embaraçosas.

Naquela tarde as coisas não seriam diferentes. Os dois gêmeos se encontravam na sala, compartilhando um silêncio que Vergil gostava. Observava, de modo desdém, a paisagem cinza que a cidade ao fundo demonstrava. O tempo estava nublado, com nuvens cobrindo a maior parte do céu. O frescor era agradável, algo raro naquele verão. Mas nada se comparava ao calor intenso que seu corpo enfrentou nas profundidades mais baixas do inferno.

Dante estava jogado no sofá, cobrindo seu rosto com o chapéu favorito feito por Nico. Ele não se desgrudava daquela coisa, algumas vezes perturbando a paz de Vergil com seu estilo. Porém, sentia inquietação, de modo que precisava de algo para distrair sua mente. E foi aí que ele teve a brilhante ideia de encarar seu gêmeo com um sorriso presunçoso.

A vida era uma grande montanha russa, agraciando e desprezando o caçador lendário de momentos. Alguns os quais ele não estava preparado para uma conversa; já outros o enchiam de alegria genuína. E aquele caso era uma dessas situações, com Vergil Sparda, seu único irmão de volta.

Ele estava tão feliz com Vergil ao seu lado novamente. Daquela vez sem qualquer circunstância para separar os gêmeos, agindo como dois parentes. Finalmente sua família estava completamente reunida e Dante jamais deixaria que as coisas voltassem a desandar entre eles.

Se aproximou lentamente, se aconchegando em sentar do outro lado da mesa. Seu sorriso ainda era genuíno, o que não deixou de ser observado discretamente pelo semelhante.

Vergil estava segurando uma pequena xícara de café. Não era muito o seu tipo de bebida. Na verdade, nenhuma realmente era algo apreciado. Porém, algo nas últimas semanas mudou em relação ao seu gosto. Dante o perturbava tanto em experimentar coisas novas, que em uma das manhãs atípicas dos gêmeos, ele provou aquela mistura amarga. E para sua surpresa, não era algo ruim, tampouco dispensável. Ele passou a consumir nas suas leituras habituais ou em momentos de solidão.

Se a curiosidade mata o gato, então Dante era um pequeno animal, provido de muitas incertezas sobre algumas partes da vida do meu irmão. O novo assunto que ele pensou no momento que levantou sua bunda daquele sofá poderia levar a sua morte precocemente, mas ele queria tentar.

- Irmãozinho, pode me responder uma dúvida? - A voz de Dante saiu ansiosa, capturando os olhos azuis, antes evitando o contato visual. Sem nenhuma resposta a sua pergunta, ele continuou. - Como Nero surgiu?

Vergil se espantou com a pergunta repentina, franzindo suas sobrancelhas. - Como qualquer bebê, Dante. - Ele respondeu seco. - Por que isso agora?

Surgiu um novo sorriso no semblante cansado de Dante, deixando visível seu interesse no assunto. - É que isso é tão curioso. Meu caro irmão, pense comigo: você sempre foi motivado pelo tal poder, a ambição. Mas em algum momento houve um desvio disso, certo? Alguma mulher conseguiu te fazer pensar com a cabeça de baixo, e então, o Nero aconteceu.

Lay All Your Love On MeOnde histórias criam vida. Descubra agora