I am bad girl

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Angiie era uma solista. Ela cantava músicas de rock, geralmente covers, mas também tinha suas próprias canções originais. Não era famosa a nível nacional, mas ganhava bem cantando para quem já tinha o estrelato. Com isso, conseguia manter uma banda de apoio e levar uma vida relativamente boa, da qual gostava muito. As festas que frequentava, cheias de pessoas realmente famosas, eram intensas, com risadas altas e conversas superficiais, mas, às vezes, no meio da multidão, sentia que os aplausos ecoavam vazios, como se faltasse algo. Ainda assim, ela às vezes desejava estar naquele lado e ter aquele tipo de fama, mas sua vida não era ruim do jeito que estava.

Nas festas, Angiie acabava, às vezes, engatando um affair com alguém famoso ou influente no meio, mas isso nunca durava. Ela amava mais a adrenalina de ser desejada do que sentir amor de fato. Havia uma atração quase viciante em ser o centro das atenções, em sentir os olhares a seguirem pela sala, mas, quando os flertes se transformavam em mensagens insistentes e declarações de afeto, ela perdia o interesse. Ficar com pessoas que tivessem o nível de obsessão que ela gostava de provocar era difícil, pois rapidamente ultrapassavam a linha entre o desejo e a carência. Por isso, seus relacionamentos raramente duravam mais de um mês.

Já havia saído com rockstars que escreveram baladas melancólicas para ela e com pintores que criaram verdadeiras obras de arte tendo-a como musa. Teve um cantor que a acordava às duas da manhã com mensagens esperando que ela estivesse disponível. Um pintor capturou seu rosto em uma tela enorme, mas logo começou a cobrar dela uma exclusividade que ele próprio não oferecia. Mas, de alguma forma, o interesse sempre morria, pois os relacionamentos começavam pelos motivos errados—vaidade, desejo de validação, impulso.

Angiie se mantinha firme, orgulhosa da sua liberdade, mas às vezes, sozinha em seu apartamento após uma noite de aplausos e sorrisos, ela se perguntava como seria encontrar alguém que não precisasse ser impressionado. Logo afastava o pensamento, rindo de si mesma por achar que precisava de algo além da emoção momentânea. Às vezes, alguns idiotas insinuavam que a cantora estava sozinha por falta de opção, e ela começava a sair com alguém apenas para esfregar na cara dessas pessoas que estavam erradas. Era uma forma de mostrar que ela podia ter o que quisesse—quando quisesse.

Mas, no fundo, ela sabia que estava sempre em busca de algo que ainda não havia encontrado.

Na volta de uma festa na casa de uma figura conhecida do meio artístico em Nova York, Angiie decidiu voltar sozinha para casa. A madrugada estava fria, mas ela gostava da sensação do vento gelado batendo em seu rosto, um contraste revigorante após o calor abafado das conversas e da música alta da festa. As ruas estavam silenciosas, com apenas o som de seus saltos ecoando nas calçadas vazias. Mas, ao se aproximar do seu apartamento, algo a fez diminuir o passo. A sensação de estar sendo observada rastejou pela sua pele, como um arrepio indesejado. Por um instante, pensou que era só a ressaca emocional de mais uma noite cercada por rostos que mal conhecia.

No entanto, quando virou uma esquina, ouviu passos que não eram os seus—um som ritmado e persistente que a seguia na escuridão. Angiie parou, o coração acelerando enquanto olhava de relance por cima do ombro, tentando distinguir uma figura na penumbra. E então percebeu: alguém estava realmente seguindo-a.

Ela nunca aceitava ser intimidada—não de ninguém, exceto, talvez, de sua mãe. Mesmo quando seu pai tentava se impor, ela sempre revidava. Com os sentidos em alerta, ela enfiou a mão na bolsa à procura de algo que pudesse usar como arma, determinada a enfrentar qualquer ameaça.

Mas quando a figura se aproximou o suficiente para que ela visse seu rosto, o sangue de Angiie gelou. Não era o medo de ser machucada fisicamente que a fez hesitar; era um tipo diferente de pavor, mais íntimo e sufocante. Diante dela estava Gabe, seu ex-namorado, aquele que não aceitava o término. Ele nunca a agredira fisicamente, mas sua insistência em permanecer próximo era sufocante, como uma sombra que não a deixava em paz. A simples presença dele fazia seu estômago revirar, e a constante pressão dele em tentar estar por perto roubava seu sono e corroía sua paz de espírito.

Angiie sentiu o pânico crescer. "Por que ele não desiste?" A angústia de vê-lo ali, no meio da noite, a deixou paralisada por um instante. Ele não era uma ameaça violenta, mas sua persistência em invadir o espaço que ela lutava para manter a deixava sem ar, como se o ar ao redor tivesse ficado mais denso.

Sem pensar, Angiie correu em desespero, sem olhar para trás. A presença de Gabe era insuportável, como se cada respiração se tornasse mais pesada sempre que ele se aproximava. O rapaz a perseguia, e a urgência nos passos dele ecoava nas ruas vazias da madrugada, fazendo seu coração disparar.

"Preciso chegar em casa," ela pensou, desesperada. Mas como poderia abrir a porta se não parasse para procurar as chaves? Em um movimento rápido e impulsivo, tirou os saltos e os largou no chão. Descalça, seus pés batiam com força contra o asfalto frio enquanto corria, sentindo o vento chicotear seu rosto e seus músculos arderem pelo esforço.

Então, sua fuga teve um fim abrupto. Em meio ao desespero, colidiu com algo sólido. O impacto a jogou para trás, e ela cambaleou, perdendo o fôlego por um instante. Quando olhou para cima, viu um braço forte, coberto de tatuagens que se destacavam sob a luz pálida da noite. O homem não parecia um perigo. Ele franziu a testa, surpreso, mas rapidamente levantou as mãos em um gesto de desculpas.

— Me desculpe, eu não vi você vindo — disse ele, a voz baixa e surpreendentemente gentil.

Angiie ficou parada, ainda ofegante e apavorada, olhando para o estranho que parecia ser a única coisa que a separava da perseguição insistente de Gabe. "Talvez seja minha única chance de escapar." O pânico a impediu de pensar duas vezes.

Assim que Gabe se aproximou, ela gritou em desespero. O rapaz à sua frente leu rapidamente a situação e disse para o outro se afastar. Mas Gabe não ouviu. Avançou em direção ao novo homem, tentando intimidá-lo. No entanto, o que parecia ser uma briga desigual logo se transformou em uma demonstração de força. O estranho, com movimentos rápidos e precisos, imobilizou Gabe, que lutava inutilmente.

Em segundos, o ex-namorado foi forçado a recuar, com a expressão de raiva se transformando em frustração enquanto se afastava, murmurando palavras de raiva e impotência. Angiie sentiu um alívio profundo, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto o medo se dissipava lentamente.

— Obrigada — ela murmurou, ainda tremendo, enquanto se levantava. O estranho acenou com a cabeça, preocupado.

— Você está bem? Posso te acompanhar até em casa — ofereceu ele, com um tom suave e protetor.

Ela hesitou, mas a solidão e o medo da noite a levaram a aceitar. Em silêncio, ele a acompanhou até seu apartamento, e somente quando a viu entrar e fechar a porta, com segurança, ele se afastou. Angiie ficou parada por um momento, respirando fundo, enquanto a adrenalina diminuía e ela finalmente percebeu que, em meio ao caos, havia alguém que estava disposto a protegê-la.

Naquele instante, enquanto observava o estranho se afastar, Angiie se deu conta de que, apesar de todas as suas aventuras e romances fugazes, a verdadeira força vinha de encontrar aliados inesperados nas horas mais sombrias.

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