29 | Marina

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Comecei a pensar na noite assim que desliguei o telefone com o Gabriel. Não tinha certeza de como tudo iria acontecer, mas, no fundo, estava animada. Algo tão simples como uma festa familiar parecia uma ótima oportunidade de desviar minha mente de toda a tensão que rondava a casa.

Quando Rosane chegou em casa, avisei que sairia com o Gabriel, ela ficou radiante, quase como se tivesse sido convidada para a festa.

— Ah, que bom que você vai sair, Nina! Vai se distrair um pouco. Ele é tão legal, vocês vão se dar super bem — disse ela, com um sorriso que iluminou o rosto.

Eu ri da animação dela. Sabia que Gabriel não era exatamente o que ela esperava para mim, mas, mesmo assim, a ideia de me ver saindo com alguém a deixava visivelmente aliviada. Talvez ela pensasse que isso era uma oportunidade de eu me animar, ainda que o plano fosse apenas fingir que éramos um casal por algumas horas.

— Relaxa, Rô. É só uma festinha em família. Nada demais — disse, tentando manter o tom casual.

— Eu sei, mas tô feliz por você sair. Aproveita!

Subi para o quarto com um sorriso no rosto. Por mais que fosse uma situação improvisada, eu sabia que seria bom sair um pouco. Eu gostava de ter tempo para me arrumar com calma, então por volta das 17:30h finalizei meu tempo de estudo e comecei a separar minhas coisas.

O problema foi que, às 19:15h, eu ainda estava indecisa sobre o que vestir. O tempo parecia ter voado, e eu continuava em frente ao espelho, trocando as roupas que tinha trazido na mala. Não era como se eu tivesse muitas opções. Eu tinha trazido poucas peças, afinal, a ideia era ficar só por alguns dias, não tinha como imaginar que ficaria dois meses.

— Droga... — murmurei, encarando o espelho.

Eu vestia uma calça jeans que, embora confortável, não parecia ser a escolha certa. Suspirei, frustrada com minha falta de opções.

Antes que eu pudesse resolver o dilema da roupa, ouvi uma batida suave na porta. Rosane apareceu logo em seguida, com um sorriso no rosto.

— Posso entrar? — ela perguntou, já meio inclinada para dentro.

— Claro, entra — respondi, me virando para ela.

Foi então que notei que ela não estava sozinha. Bárbara estava atrás dela, carregando uma sacola de grife que, com certeza, não tinha nada a ver com meu guarda-roupa habitual. As duas entraram no quarto, e Bárbara abriu um sorriso gentil, segurando a sacola de forma casual.

— Trouxe um presente pra você — Bárbara disse, com aquele tom de voz leve, mas sincero.

Meus olhos se arregalaram um pouco. Presentes não eram algo que eu estava acostumada a receber, especialmente de alguém que não fazia parte da minha vida até pouco tempo atrás.

— Ah, não precisava... — murmurei, já me sentindo sem jeito.

— Imagina! — Bárbara respondeu, ainda sorrindo. — Achei que você fosse gostar. É só um agrado.

Rosane, ao meu lado, parecia animada com a situação. Era claro que ela estava feliz por ver Bárbara se esforçando para se enturmar com a família, e, por mais que a situação fosse inesperada, eu também apreciava o gesto.

Bárbara abriu a sacola e tirou de dentro um vestido preto, simples, mas visivelmente caro. Era daqueles que, só de olhar, você sabia que tinha sido feito com tecido de qualidade. O corte era perfeito, algo que eu jamais escolheria para mim mesma, mas que, ao mesmo tempo, parecia ser exatamente o que eu precisava.

— Uau... — murmurei, sem conseguir disfarçar a surpresa. — Ele é lindo!

— Fico feliz que tenha gostado — Bárbara disse, me entregando o vestido com um sorriso de satisfação.

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