A PORTA TRANCADA

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— Ela vai acordar? — disse Leon, levantando a cabeça de Matilde carinhosamente. Ele já havia guardado o rifle da amiga no próprio cinto.

A moça tinha os olhos fechados, e a respiração lenta no peito.

— Sim — disse Tiffo, ofegante, chegando perto de Leon. — Mas vai demorar um pouco... Esse feitiço é complicado, mas acho que consegui fazê-lo direito.

BUM! BUM! — Enquanto ele falava, estrondos de passos soaram ao longe, pela rua principal atrás deles.

— Tem alguma coisa se aproximando! — disse o mago. — Precisamos sair daqui. Leve-a, Leon, vamos para a praça do Cristal.

Leon assentiu sem pestanejar, e em seguida, colocou o corpo da jovem sobre as costas; ela continuou a dormir profundamente.

BUM! BUM! — Agora, os sons estavam ainda mais próximos.

Assustados, Leon e Tiffo correram para a praça central, logo se vendo envoltos por ervas daninhas e árvores que haviam brotado através do solo de pedra.

Tiffo pegou o mapa do bolso de Matilde, olhou-o e começou a guiar Leon pela vegetação.

Eles não sabiam o que os perseguia, mas tinham certeza de que quanto mais rápido pegassem a espada, mais cedo sairiam daquele lugar imundo e cheio de monstros.

Depois de um tempo caminhando velozmente pela praça, Tiffo estancou na frente de uma porta. Várias trepadeiras se enroscavam pela superfície do objeto, numa parede orgânica e bagunçada, e mal se podia ver sua maçaneta.

BUM! BUM!

Leon engoliu em seco, olhando para trás com o rosto pálido.

Tiffo aproximou-se da porta e girou a maçaneta, mas ela não se deslocou no batente.

— Não é possível! — exclamou. — Essa droga não abre!

— Tente algum feitiço, algo assim! — gritou Leon. — Ele está chegando!

BUM! BUM! — Várias árvores vergaram-se lá adiante da floresta, derrubadas pelo corpo maciço da criatura.

Tiffo apontou o cajado para a passagem trancada, jogando nela uma série de raios coloridos em sequência. Nada aconteceu.

Os dois se entreolharam, completamente tomados de pavor.

— Saia da frente! — disse Leon, tomando a iniciativa.

Tiffo moveu-se para o lado, e Leon chutou a porta. Numa primeira tentativa, o objeto continuou imóvel, fixo à parede de ervas daninhas.

BUM! BUM! — Tiffo já podia ver os dois olhos negros da criatura, aparecendo no meio da vegetação.

Leon respirou fundo, e juntando energia, esmurrou a porta com o pé novamente.

CRÁS! — As tábuas racharam, abrindo um buraco de um metro em sua superfície.

— Anda, Tiffo! — berrou Leon, e ligeiros, os dois se enfiaram na passagem, perdendo-se num túnel escuro.

OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICAOnde histórias criam vida. Descubra agora