O que não dizer

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Estou a almoçar com as minhas amigas, mas elas estão muito estranhas... Sempre a sorrir para mim como se soubessem de algo. E o Lucas... não sei o que aconteceu, mas ele não falou comigo... hoje... a manhã inteira. Não sei... algo de estranho.

Amigas, vocês sabem de algo? — pergunto um pouco chateada por aquele comportamento.

Nós... não... o mesmo que tu... — diz a Elisa, mas a forma como o diz denuncia-a. O que se passa com as pessoas hoje?

Sei... — digo, desconfiada.

Olhando em volta, avisto Lucas e o Robert em uma mesa ao fundo, rindo e conversando. O olhar de Lucas se encontra com o meu por um instante, e sinto um frio na barriga. Por que ele não veio me falar?

O Lucas e o Robert não vieram estudar connosco, sabem o que aconteceu? — pergunto, tentando arrancar alguma informação das minhas amigas.

Não, porque haveríamos? — diz a Stela, desviando o olhar, como se estivesse a esconder algo.

Tá — digo, um pouco frustrada. Algo definitivamente não está certo.

Ah... temos que ir para o shopping... são quase 5... — diz a Elisa, mudando de assunto abruptamente.

Ah, pois é... — quase grita a Stela, empolgada.

Porque sim... quero comprar roupa... isso... roupa. — diz a Carey, com um brilho nos olhos.

Sim... sim... vamos! — concorda a Stela, como se isso fosse a solução para tudo.

Tá né — respondo, mas a minha mente ainda está focada em Lucas.

Depois de um dia agitado de compras, finalmente chego a casa. O clima lá dentro parece calmo, mas meu coração está acelerado. Enquanto me dirijo à cozinha, vejo Lucas encostado à bancada, conversando animadamente com meu irmão.

Assim que me vê, ele para por um momento, e um sorriso surge em seu rosto. Mas eu não consigo sorrir de volta. A frustração toma conta de mim.

Por que você não falou comigo hoje? — pergunto, sem conseguir esconder a chateação na voz.

Oi, Maria! Eu... — ele começa, mas eu interrompo.

Eu vi você no colégio, rindo com o Robert. Você não veio falar comigo, como se nada estivesse acontecendo. — digo, deixando a irritação transparecer.

Desculpa, eu estava distraído. Foi um dia esquisito... — ele tenta se justificar, mas não consigo ouvir.

Esquisito? Isso é tudo o que você tem a dizer? — respondo, sentindo o nó na garganta.

Nesse momento, meu irmão se intromete, levantando as mãos em um gesto pacificador. Ei, relaxa, Maria. Ele não fez por mal. Está tudo bem?

Lucas olha para mim, seus olhos sinceros buscando entender minha frustração. Sinto uma onda de emoções misturadas.

Eu só... esperava que você me dissesse algo, Lucas... — digo, tentando me acalmar.

Maria, — ele diz, com um tom sério — quero que você saiba que me importo com você. Muito mesmo. E por isso, eu...

Ele respira fundo, e o silêncio se instala entre nós, o coração batendo rápido.

Eu quero te perguntar uma coisa... — continua, olhando nos meus olhos.

O que é? — questiono, a curiosidade misturando-se com a apreensão.

Você gostaria  de ser minha namorada? — ele pergunta, o sorriso agora mais nervoso, mas cheio de esperança.

Um turbilhão de emoções me invade. A frustração desaparece, dando lugar a uma onda de felicidade. Olho para o meu irmão, que sorri de volta, e então volto meu olhar para Lucas.

Sim! — respondo, incapaz de esconder o sorriso no meu rosto. Sim, eu adoraria!

A tensão se dissolve e, por um momento, tudo parece perfeito. O passado parece esquecido, e o futuro se ilumina diante de nós.