Laura
Quando entrei no carro dele, um BMW luxuoso, arrependimento me bateu como o golpe de um lutador de boxe experiente, bem no meu estômago. As palavras de Adriana gritaram em meus ouvidos sobre ter cuidado com homens muito bonitos e charmosos, pois segundo ela, era assim que os psicopatas conquistavam suas vítimas e elas acabavam estupradas e em uma cova rasa em algum lugar perto do orfanato de onde nós duas saímos.
Ei sei, ela exagerada pra caramba e, bem, eu não acreditava nisso cem porcento, é claro que sempre tive uma pulga atrás da orelha com relação a esse homem lindo de morrer dando em cima de mim. Mesmo que eu não fosse de se jogar fora.
Eu não sou feia e depois dos meus quinze anos eu sempre atrai olhares de homens bonitos. Mesmo pequena eu tenho curvas que se destacam e que chamam a atenção, faço tratamentos estéticos, não invasivos, para manter minha pele limpa e macia. Malho como uma condenada para ter saúde e não posso ser hipócrita e dizer que é só por isso, malho para ficar gostosa também. Eu amo os olhares sobre mim, independente da sexualidade, amo receber elogios sobre mim, meu corpo, mas amo principalmente elogios sobre minha inteligência.
Ter sido abandonada em um orfanato me fez querer ser incluida, ser vista, ser querida, principalmente porque, devido a minha aparência mal cuidada e devido às péssimas condições em que vivia, além de ser uma criança que vivia doente, eu nunca era escolhida pelos pais que buscavam um filho para preencher suas vidas vazias.
Eu sei que não deveria ter tais pensamentos e atitudes que parecem fúteis, que eu deveria superar essa merda toda de rejeição e abandono e viver minha vida sem pensar no passado. Eu até tento, mas toda vez que vejo uma mãe com seu filho, ou um casal com filhos passeando juntos e felizes, a dor da rejeição que sofri durante todos aqueles anos me atinge em cheio e me quebram em mil pedacinhos.
E quando soube da minha possível infertilidade eu me desesperei ao entender que, provavelmente, estaria sozinha pelo resto da minha vida. Que se não corresse atrás não teria alguém com meu sangue para cuidar ou dar o amor que eu não recebi.
Eu sei que há outras formas de ser mãe, eu mesma fui uma garota que passei a juventude esperando que alguma mulher se apaixonasse por mim e quisesse ser minha mãe, mas eu tenho esse sonho de ser mãe da forma natural, eu queria passar por tudo o que uma gravidez tem a oferecer, até mesmo os enjoos, eu queria parir meu filho, vê-lo nascendo e beijar sua cabeça melequenta.
Eu também sei que parece uma ideia egoísta, trazer uma criança ao mundo só para suprir meu medo de ficar sozinha. Uma criança que não vai ter um pai, ou um ambiente familiar completo, mas não é assim que eu penso, eu vou ser suficiente, vou dar o amor que não tive, vou mostrar que posso ser a pessoa que nunca rejeita, que nunca abandona, a pessoa que fica...
- Porque esta tão calada? Se arrependeu por ter aceito meu convite? - a voz grave e relaxada me puxou da névoa de pensamentos que me atormentavam.
- Eu não me arrependo das minhas decisões. - sorri para ele que me olhou de lado e sorriu - pelo que vi até agora você é o tipo de homem que alguma garota por ai gostaria de conquistar e exibir como um troféu! - aponto o carro e ele dá uma risada.
- Eu posso muito bem ser uma fraude! - ele levou a mão a minha coxa e apertou levemente, me causando um calor delicioso subindo para meu ventre - posso ter pego o carro de um amigo emprestado, ou do meu chefe, e estar falido nesse momento, fingindo ser alguém que não sou só para ter uma garota gostosa em baixo de mim! - ele sorriu enviesado enquanto desviava para a direita em uma rua tranquila. - mas você não corre esse risco de ser enganada, ja que só veio pelo sexo.
- So espero que não seja uma fraude na cama também! - lhe dou um sorriso e ele dá uma risada alta.
- Chegamos! - ele anuncia e para em frente à uma pousada charmosa. Simples, mas que parece bem aconchegante.
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Meu Pequeno Milagre
RomanceHistória +18. Baixa reserva ovariana. Esse foi o diagnóstico que recebebi essa manhã em um exame ginecológico de rotina. Eu sou uma mulher, aparentemente saudável, com apenas 25 anos de idade, uma carreira promissora, uma vida de luxo e prazeres que...