A escuridão parecia cada vez mais intensa à medida em que avançavam pelo túnel... O ar tinha cheiro de terra molhada e lodo.
Depois de momentos angustiantes no escuro, Tiffo finalmente acendeu o cajado com uma luz forte e azulada, olhando para a entrada lá atrás.
— Ele parece ter desistido — falou o mago.
— Espero que você esteja certo — disse Leon, ajeitando Matilde nos ombros. — Para onde devemos seguir agora?
Tiffo abriu o mapa diante dos olhos e falou:
— Em frente.
Respirando fundo, os dois tornaram a percorrer o túnel, sem imaginar o que o monstro horrível que os tinha perseguido tramava.
Assim que a criatura viu a porta destruída, um sorriso se abriu em seus imensos beiços. Esfregando as mãos, o ser decidiu dar a volta e passar por um caminho muito mais rápido e eficiente, que dava direto no pedestal da Espada. A passos largos, lá foi ele, pronto para reencontrar os defensores em breve. Contornou a parede de ervas daninhas e desapareceu na vegetação.
Tiffo e Leon caminharam até que o túnel de repente se transformasse numa imensa sala retangular. Assim que chegaram ali, observaram as tochas que ardiam nas paredes, revelando um arco de pedra que continuava num longo corredor. Era tão extenso que eles não conseguiam ver o seu final.
Ficaram os dois parados por breves segundos, chocados com a mudança repentina de cenário.
Foi quando Matilde gemeu nos ombros de Leon. O jovem espantou-se, colocando-a cuidadosamente no chão.
A moça cambaleou um pouco antes de dizer:
— O... onde estamos? — Esfregou os olhos, e teria caído se Leon não a segurasse pelos braços para estabilizá-la.
— Num túnel — disse Tiffo. — Pelo menos, estávamos em um... Agora já não sei que lugar é esse...
— Você está bem, Matilde? — indagou Leon, soltando-a e lhe devolvendo o rifle que trazia no cinto.
A moça pegou a arma com as duas mãos, respondendo positivamente com a cabeça.
Então, os três se alinharam e puseram-se a andar pela sala, observando cada parede apreensivos, como se delas fossem brotar todo tipo de monstros das sombras.
A única coisa que ouviam era o tremular das chamas das tochas, suave e monótono...
Então, Matilde arregalou os olhos, apontando com o dedo indicador duro para as figuras que estavam no corredor à frente.
Tiffo e Leon olharam na direção indicada, sufocando gritos de pavor.
Era um grupo de homenzinhos que vinha pela passagem. Tinham os corpos baixos e carrancudos, uma pele alaranjada, grossa, e vestiam-se em vestes de couro de animais cabeludos.
Assim que notaram os defensores, as criaturas ficaram tensas, sacando clavas que traziam nas cinturas e apontando para aquela pequena comitiva de estranhos.
— Olá — disse Leon, tentando parecer amigável, mas sentindo o corpo chacoalhar por dentro. — Nós... nós não queremos problemas...
— Exatamente — disse Matilde, com a voz fraca e medrosa. — Só estamos de passagem por aqui.
— Somos amigos — falou Tiffo, dando um passo vagaroso na direção deles.
Assim que fez isso, os homenzinhos soltaram exclamações de espanto, apontando para o orbe brilhante no cajado do mago.
— Fiquem tranquilos — disse Tiffo, engolindo em seco e imediatamente apagando a luz da esfera. — É só o meu caja...
Ele não conseguiu terminar a frase, pois assim que o brilho do orbe cessou, os sujeitos berraram, como se tivessem acabado de visualizar algo maligno e deturpado.
— Calma, calma! — berrou Matilde.
As palavras da moça não surtiram efeito. Quando os três perceberam, foram cercados pelo grupo de nanicos, que rosnavam e vibravam seus porretes.
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OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICA
FantasyPara proteger o Cristal Vital, Tiffo, Matilde e Leon têm que dar o seu melhor!