Capítulo Único

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Você não nota, hyung. Algumas vezes penso que pouco se importa, sabe? Toda que vez que digo os meus sentimentos você os ignora. Não se responde "eu te amo" com somente "te amo", mas você não se importa com isso do jeito que eu faço.

Quando você chega na minha casa já me beijando faz parecer que o carinho que eu te dou não é tão satisfatório quanto enfiar sua língua em minha boca. E isso machuca tanto, Jimin. Tem vezes que eu nem mesmo queria beijar, só queria ficar agarrado em você, trocando carinho e conversando qualquer banalidade que nos viesse em mente.

Eu gosto tanto de você que poderia conversar sobre unicórnios que não me importaria de verdade.

Mas você parece nunca se importar com as coisas do jeito que eu faço.

Porque quem liga para os pequenos detalhes sou eu. Para você, são justamente apenas detalhes.

Eu gosto quando você segura a minha mão com firmeza, mas me machuca o fato de que isso só acontece dentro de casa.

Amo muito quando vamos ao cinema, você compra besteiras para dividirmos e fica bem pertinho de mim dentro da sala, mas nós nunca nos beijamos igual aos outros casais, e você só pega a minha mão quando vê que tudo está escuro e todos estão concentrados no filme.

Quando eu vou na sua casa eu sou só o amigo. Mas será que seus pais ao menos sonham o quanto eu te prendo contra a parede com força e te beijo até tirar seu fôlego? Será que eles imaginam o próprio filho mordendo o travesseiro para não gemer alto cada vez que te toco? Será que pensam que quando acordamos tarde no dia seguinte é porque passamos a noite nos amando em cima da sua cama?

Claro que não. Eles pensam que somos só amigos.

E para você é justamente o que somos, não é? Amigos coloridos. Amigos com benefícios. Amigos que se beijam. Amigos que estão rolando nos lençóis um do outro quase toda noite.

Mas amigos que não tem reciprocidade em muita coisa. E, bom, nem mesmo vou entrar em detalhes disso.

— Você parece preocupado. — Você sussurrou com o tom doce que me derrubava e destruía diariamente, trazendo-me nostalgia pela lembrança de que você sempre causou essas sensações em mim. — Quer me contar, bebê?

Amava te ouvir chamar-me de tal forma, conquanto agora me parecia apenas uma fuga de todos os assuntos que queria tratar com você. Assuntos, esses, que você dizia preferir não pensar, porém que me destruíam todos os dias.

— De que adianta? Entra por um dos seus ouvidos e sai pelo outro e você só culpa a minha ansiedade e insegurança. — Disse sem soar friamente. Mas deveria ter sido mais rude, sendo você o maior causador desses sentimentos em mim. — Prefiro economizar saliva.

— Você pode gastar me beijando. — Quando meus olhos se perderam no seu sorriso um suspiro frustrado rompeu o breve silêncio que habitava meu quarto. De fato, você não se importava tanto assim.

— Por que não percebe que isso me magoa? Você foge dos assuntos e me deixa ainda mais frustrado. — Sentei-me sobre o colchão, em seguida pegando minha boxer e a botando de volta. — Quer saber? Eu perdi o sono... vou olhar uma série.

— Vou estar te esperando. — Engraçado, que eu cheguei a pensar que você me impediria de ir.

Talvez eu devesse me acostumar a me decepcionar com a forma que você jamais aprendeu a me entender. E parecia que quanto mais conhecíamos um ao outro, menos você compreendia sobre o meu Transtorno de Ansiedade e as crises que vinham com ele, ou sobre minhas trocas de humor e as crises de choro.

Quando a insegurança me atacava você usava sexo como a defesa de que seu desejo mostrava o quanto eu não precisava ser inseguro. Se você soubesse que minha insegurança se trata muito mais de algo psicológico do que físico, como já tentei dizer tantas vezes, você pudesse ver que sexo muitas vezes acaba piorando o que eu sinto.

Casual Affair | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora