Nosso Segredo Sombrio | Dark Romance/Romance erótico

Capítulo 12

"As mentiras mais difíceis de enfrentar são aquelas que contamos a nós mesmos." — Rick Warren

Damian era o tipo de homem que personificava o que o mundo moderno chamaria de perfeição bruta, mas havia algo além da carne esculpida e dos olhos profundos. Ele carregava no corpo a selvageria indomada, gravada em cada centímetro de pele. Seus músculos, desenhados com a precisão de um escultor, sugeriam uma força inata, mas o que realmente atraía a atenção eram as tatuagens que adereçavam seu ombro e braço. Cada linha da tinta parecia contar uma história, mas de um modo que não oferecia respostas, apenas mais perguntas — como um enigma tatuado sobre a pele que ele nunca permitia que alguém decifrasse por completo.

A cidade de Flerks, onde Damian morava, era um reflexo perfeito de sua alma: cinzenta, chuvosa, eterna em sua melancolia. Era um lugar onde a luz do sol era quase uma lenda, substituída pelas goteiras incessantes que manchavam as janelas de vidro das casas modernas. Damian morava no centro, em uma construção fria e minimalista, tão afiada quanto a sua personalidade. As linhas da casa refletiam uma perfeição angular, um design que, embora impecável, carregava o vazio de algo que fora projetado sem amor. Parecia mais um mausoléu de emoções mortas do que um lar.

Dentro dessa casa, a escuridão imperava como uma sombra impenetrável. O som das gotas de chuva batendo contra as paredes de vidro era uma lembrança da solidão em que Damian vivia, uma solidão escolhida e abraçada com a convicção de um mártir. Ele não temia a solidão; na verdade, ele a cultivava. Cada momento de silêncio era uma oportunidade para refletir sobre os fantasmas que o assombravam, as decisões que tomara e os destinos que afetara.

Ele era um amante do caos disfarçado de ordem. O tipo de homem que passava os dedos pelo cabelo úmido e desgrenhado, após cada confronto, apenas para lembrá-lo de que ainda estava vivo, de que o sangue ainda pulsava em suas veias. No entanto, a cada respiração profunda, parecia que algo escapava de seu controle, algo primordial e incontrolável, algo que ameaçava engoli-lo por inteiro. Quando os olhos de Damian fitavam o horizonte nublado de Flerks, havia uma aura de alguém que compreendia a dualidade da beleza e da decadência. Assim como as tatuagens sobre sua pele, ele carregava histórias não ditas, segredos profundamente enterrados, desejos jamais confessados. Ele era como um protagonista de uma peça de Shakespeare, envolto em charme e tragédia. Cada palavra que pronunciava, cada olhar que lançava, era calculado e ao mesmo tempo natural, como se ele soubesse do efeito que causava, mas escolhesse não se importar.

E assim ele permanecia, uma força bruta em um mundo sombrio, solitário em sua perfeição e absolutamente consciente do veneno que carregava nas profundezas da alma. Uma alma que, como Flerks, chovia constantemente, mas nunca transbordava. Mas existia alguém que o fazia lutar contra essa tenebrosidade. Damian não era um homem de palavras grandiosas, mas com Isadora, tudo mudava. Ela era a única pessoa que o fazia se sentir vulnerável, como se o peso do mundo não precisasse mais estar sobre seus ombros. No sofá da casa dele, eles estavam deitados, a televisão murmurando uma série qualquer. Os braços dele estavam envoltos ao redor dela, a mão passando gentilmente por seus cabelos afogueados, e a outra desenhando círculos lentos nas costas dela.

Isadora aninhava-se em seu peito, completamente à vontade, os olhos semicerrados pela sensação do carinho. Ele baixou o olhar para ela e sorriu, algo raro em Damian, mas com Isadora, seu sorriso parecia surgir de maneira natural.

— Você tá confortável? — ele perguntou, a voz baixa e rouca, quase um sussurro para não quebrar a calmaria que reinava entre eles.

— Com você? Sempre... — respondeu Isadora, rindo baixinho. — Você não cansa de me mimar assim, não?