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"𝗧𝗵𝗲 𝗹𝗼𝗼𝗸 𝗼𝗳 𝗹𝗼𝘃𝗲 𝗧𝗵𝗲 𝗿𝘂𝘀𝗵 𝗼𝗳 𝗯𝗹𝗼𝗼𝗱 𝗧𝗵𝗲 𝘀𝗵𝗲'𝘀 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝗺𝗲 𝗧𝗵𝗲 𝗴𝗮𝗹𝗹𝗶𝗰 𝘀𝗵𝗿𝘂𝗴 𝗧𝗵𝗲 𝘀𝗵𝘂𝘁𝘁𝗲𝗿𝗯𝘂𝗴𝘀 𝗧𝗵𝗲 𝗖𝗮𝗺𝗲𝗿𝗮 𝗣𝗹𝘂𝗦"— 𝘕𝘰

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"𝗧𝗵𝗲 𝗹𝗼𝗼𝗸 𝗼𝗳 𝗹𝗼𝘃𝗲
𝗧𝗵𝗲 𝗿𝘂𝘀𝗵 𝗼𝗳 𝗯𝗹𝗼𝗼𝗱
𝗧𝗵𝗲 𝘀𝗵𝗲'𝘀 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝗺𝗲
𝗧𝗵𝗲 𝗴𝗮𝗹𝗹𝗶𝗰 𝘀𝗵𝗿𝘂𝗴
𝗧𝗵𝗲 𝘀𝗵𝘂𝘁𝘁𝗲𝗿𝗯𝘂𝗴𝘀
𝗧𝗵𝗲 𝗖𝗮𝗺𝗲𝗿𝗮 𝗣𝗹𝘂𝗦"
— 𝘕𝘰. 1 𝘱𝘢𝘳𝘵𝘺 𝘢𝘯𝘵𝘩𝘦𝘮 • 𝘢𝘳𝘤𝘵𝘪𝘤 𝘮𝘰𝘯𝘬𝘦𝘺𝘴

P᥆᥎: Vιt᥆r.

Era noite, e eu ainda estava jogando videogame. Nunca fui muito de dormir cedo, mas meu companheiro de quarto parecia o completo oposto; estava capotado em uma das camas que arrumaram pra gente. Ganhei mais uma partida – fácil –, então desliguei o console e larguei o controle na mesa.

Estava com sede. Peguei minha garrafa d'água, mas, pra minha sorte, tava vazia. Revirei os olhos. Naquele instante, lembrei das instruções da monitora no ônibus, o que é bem raro, já que normalmente nem presto atenção no que aquela... mulher diz. Mesmo assim, lembrei do bebedouro que tinha na recepção. Meio longe, mas fazer o quê?

Me ajeitei no suéter cinza, vesti uma calça de moletom que nem combinava muito, e fui direto pra lá. Ao chegar, me surpreendi; tinha alguns alunos por lá, todos parecendo meio cansados. Vi Léo e Alice conversando. Fiquei curioso sobre o papo deles, mas deixei pra lá – mais tarde, Léo me conta.

Continuei andando, mas logo vi Alexandra. Ela tava sentada, concentrada num livro, como sempre. Às vezes, esse jeito dela me irritava, essa mania de parecer que sabia tudo sobre tudo. Mas tinha que admitir, isso deixava ela mais bonita. Ela nem percebeu que eu tava ali, nem se mexeu.

— Hm-hum. — fiz aquele som com a garganta, só pra chamar a atenção.

Ela olhou pra mim, meio surpresa, marcando a página do livro antes de fechá-lo. Ela levantou, como se estivesse pronta pra sair.

— Eu já tava de saída. — disse, numa desculpa que nem ela mesma devia acreditar.

— Terminei com a Flávia. — saiu da minha boca do nada. Nem sei porque disse isso pra ela, mas eu queria que ela soubesse.

Ela me olhou e assentiu, sem muita reação.

— Eu sei. Sinto muito. — respondeu, meio hesitante.

— Não deveria sentir. — retruquei de imediato. Fiquei em silêncio, sem saber o que mais falar. Olhamos um nos olhos do outro, e eu percebi de novo que gostava dos olhos dela. Talvez fosse a parte que eu mais gostava.

Então, ela quebra o silêncio, dizendo:

— Você vai jogar amanhã?

— Sim, eu vou. — Concordo de imediato, talvez rápido demais.

— Vão estar torcendo por você. — Ela diz, e, por algum motivo, isso me deixa com um gosto meio amargo. Eu não queria só que "as pessoas" torcessem por mim. Queria que ela torcesse por mim.

— Você vai estar lá? — pergunto, e sinto uma pressão no peito, como se cada vez fosse mais difícil esconder o que eu tô sentindo. Esse sentimento me confunde, porque não tenho certeza de onde veio, só sei que tá ali, firme, incomodando.

— Talvez... Minha melhor amiga também vai estar jogando. — Ela responde, de um jeito casual que acaba comigo por dentro. Sinto uma pontada de decepção, mas não sei o que dizer. Essa amiga dela é nova, chegou há pouco tempo, parece gente boa. Mas mesmo assim...

— Certo, qualquer coisa passa lá, o time vai estar esperando. — faço um esforço pra parecer descontraído, mas o que eu realmente queria dizer era: eu vou estar esperando.

Ela só assente com a cabeça, e aí tento manter a conversa, talvez pra prolongar esse momento.

— O que você tá lendo? — pergunto, mesmo sabendo que não gosto de ler.

— Jogos Vorazes. — Ela responde, virando o livro pra me mostrar a capa.

— Parece bom... Quer dizer, nunca li. Não acho que ler seja pra mim. — confesso, meio rindo de mim mesmo.

— Por isso tira nota baixa. — Alexandra solta, e logo em seguida cobre a boca com a mão, como se não tivesse planejado dizer isso.

Eu dou uma risada baixa, entendendo que era brincadeira, mas me faz querer insistir mais.

— É, acertou. — admito. — Não sei nem como começar. Talvez você devesse me ajudar.

— Talvez eu possa... Vou pensar nisso. — Ela diz, e parece realmente considerar.

— Pensa com carinho então. Não me importaria de ler se fosse com você.

Vejo suas bochechas corarem, e ela coloca o cabelo atrás da orelha, meio sem jeito.

— Eu preciso ir beber água. Te vejo amanhã? — me despeço, sentindo que a conversa poderia durar ainda mais.

— Até. — ela responde com um aceno, e, enquanto vejo ela se afastar, fico com a sensação de que esse "até" guarda uma promessa que talvez ela nem perceba.

🤍

Sigo em direção ao meu quarto, segurando o copo d'água. A conversa com Alexandra ainda passando na minha cabeça. Às vezes, eu achava que não devia ter dito nada sobre a Flávia, mas, ao mesmo tempo, queria que ela soubesse. Estranho, né?

No corredor, cruzo com o Léo, que ainda tava acordado, mas não chamei ele. O sono já começava a bater, e só queria deitar e desligar por um tempo. Abri a porta devagar pra não acordar meu companheiro de quarto e, finalmente, me joguei na cama.

A noite tava silenciosa. Fiquei encarando o teto, tentando dormir, mas as palavras da Alexandra e aquele olhar dela, meio que me perseguiam. Eu gostava do jeito que ela parecia me entender, mesmo sem dizer muito. Isso era raro. Com a Flávia, era sempre conversa e mais conversa e umas ficadas , mas com Alexandra... era diferente. Ela me entendia no silêncio, e isso me deixava meio perdido, sem saber o que fazer ou dizer.

Fechei os olhos, tentando focar em outra coisa. Pensei nas partidas que joguei antes, no próximo jogo que ia começar no dia seguinte, mas a imagem dela voltava sempre. Os olhos dela,  como se tudo ao redor fosse simples pra ela. Eu gostava disso.

— preciso dormir — pensei, virando pro lado. A ideia de que amanhã eu poderia jogar me acalmou um pouco. Finalmente, o sono veio e, devagar, adormeci, com aquela imagem dela na cabeça.

Amor e Amizade à moda Rio - Alexandra Amorim & Alice AntunesOnde histórias criam vida. Descubra agora