Capítulo Único

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PARK JIMIN

Nunca fui o tipo de pessoa que gosta da proximidade de outros seres humanos perante meu corpo. Um abraço nunca podia passar de cinco segundos, um beijo nem mesmo aconteceu. Sentia algo estranho de chegar perto de outras pessoas, passei a adolescência inteira fugindo até dos toques de meu melhor amigo, Jeon Jungkook.

Com o passar do tempo e a chegada dos meus vinte anos percebi que o que eu sentia não era nojo do contato com outras pessoas, e sim medo de por algum motivo me apegar e acabar sofrendo. A única pessoa que eu sempre tive foi Jungkook, principalmente por termos crescido morando juntos. Meus pais sofreram um acidente logo que eu nasci, sendo assim fui morar com meus padrinhos, que eram melhores amigos de meu pai e minha mãe, e também são, por coincidência, os pais do meu melhor amigo.

Eu cresci sendo uma criança e adolescente tida como fria, ninguém jamais entendia meus motivos para querer espaço. Principalmente ele. Jungkook adorava usar de seu deboche para me incomodar, dizendo que era ridículo eu chegar aos vinte e três anos sem nunca ter beijado alguém. Ele também não entendia o meu lado. Ninguém nunca entendia.

Não queria me apaixonar para sofrer; não queria me apegar para depois perder a pessoa. Ele nunca conseguiria entender isso, e eu não o julgo. Mas quando em um dia ele chegou a duvidar que eu o amasse, senti vontade de dar-lhe um abraço. Entretanto, meu corpo travou e eu dei um passo para trás, dizendo apenas que as palavras eram dele e não minhas. Nunca disse que o amava, tampouco disse que não amava.

A verdade é que eu o amo sim, seria ridículo de minha parte se não nutrisse qualquer tipo de sentimento por Jungkook, porém tem grandes chances de não ser da forma que ele pensa e por isso me abstive de dizer-lhe a verdade. Se o que eu sentia não fosse um amor pela nossa amizade de mais de vinte anos, então eu estava apaixonado. E sabia que não era recíproco.

Na realidade, tudo isso é mesmo medo. Tenho medo dos meus próprios sentimentos e do que eles são capazes de fazer comigo. Ser atormentado pelos próprios pensamentos não é a mais incrível das sensações.

Ainda assim eu mantinha em minha mente a esperança de que teria coragem de dizer a ele toda a verdade, ainda esperava conseguir explicar esse medo todo de me aproximar fisicamente da mesma forma que éramos próximos emocionalmente.

— Vamos sair no sábado? Vai ter festa na casa do Tae. — Ciúme é uma palavra que aprendi o significado quando conheci esse ser humano de vinte e um anos.

As pessoas precisam entender duas coisas:

Primeira: Jungkook é meu melhor amigo.

Segunda: Se ele é meu, ninguém deve se aproximar.

Mas esse tal de Taehyung me respeita, por acaso? Não, ninguém liga para o estranho Park Jimin aqui. E eu simplesmente odeio esse garoto, porque sinto que ele sente algo a mais por Jungkook, e se sente, aí sim vou perder o meu amigo de vez. Claro que eu não posso culpá-lo, afinal nem mesmo teria coragem de agarrar seu braço para impedi-lo de ir embora, quem dirá mostrar em forma de palavras que não queria o perder para um qualquer. Estou em sua vida praticamente desde que nasci, deveria ser sua prioridade, por mais egoísta que isso possa ser.

— Não. — Respondi frio, quando ainda queria completar aquela frase dizendo que eu não gostava do "Tae".

Só porque ele é mais alto que eu, merece mais atenção? Sim, eu já pensei até nisso. Louco é pouco para definir minha falta de sanidade mental.

— Por que não? Você só fica em casa, depois fica me ignorando caso eu saia sozinho. — Sabia que era verdade, mas não daria o braço a torcer.

— Porque não. — A simplicidade em minha resposta não era convincente. E eu sabia disso.

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